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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Trezentas e sessenta e cinco voltas.

Parafusos que apertam e depois desapertam, moendo roscas e cabeças de rodarem tontas. Chaves de acertar tudo, desgastam emoções e noções e na hora de acertar partem para um novo parafuso de trezentas e sessenta e cinco voltas.
Cinquenta e cinco numa fila desigual de madeira, de pedra ou de ferro. Alguns quase partiram, desgastados, tontos de tantas voltas que parecem sem sentido e nas voltas o encontram e parecem enterrar fundo a vontade de as dar, permanecer, acontecer, ser.
De parafusos partidos foi um ano cheio que ainda não acabou.
Em cada esforço partem, em cada noção acabam e as voltas que enrolo e logo se desenrolam parecem sempre as que nunca dei, as que alguém me ofereceu numa borla do carrossel.








quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O travar dos momentos.

O mistério de um  copo de areia,
de uma folha branca ligeiramente coberta
de uma fina camada de poeira.

A solução de procurar mistérios no vazio do tempo,
preenchendo o vazio de mistérios e de tempo,
entendendo que as coisas são de sentir,
e as soluções são
e só são
o resultado final.

Percorrer pelos sentidos que entendem
e nunca pelo entender
que se perde constante no haver passos
que não se podem.

Nos limites de cada um, nos limites de todos
acatar dos natais de todos os dias
os dias e os desnaturados de sempre
todos os dias e necessários sempre.

Ando acelerado, devia manter-me calado
ansioso e calado
devia correr num ofegar silencioso
reservado e cansado.

Precipícios de não ser engolido
fazem-se curtos, passos curtos digeridos
da intransigência de momentos
que permitiu os saltos e os desnecessários
nesta coerência de ser incoerente
como rumo de encher vazios de tempo e de mistérios
de monstros e armários
por baixo e por cima da cama.

Não há nada igual
nem o cinzento de cobrir quase tudo
nem o negro como vagas de uma luz
dentro
passeando cabeças, viagens de estar quieto
paisagens de as ver dentro
correndo como febre que arrefece os sentidos todos
entendidos
todos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Hibernar

Outono das cores novas
em que o verde ainda é verde
mas parece cansado,
folhas que caem vermelhas e amarelas,
folhas castanhas caídas e o verde ainda
como manchas de vida,
aqui e acolá,
persistente
enquanto folha por folha
tudo parece acabar nos esqueletos tortuosos
e despidos
como promessas feias
de tempos melhores.

hoje parece que entendo do terço, o repetir constante e o acabar constante, arrastado, monocórdico como fé que se varre dos cantos e a eles de novo regressa, no repetir que enxuga, no repetir que cauteriza, no repetir que prolonga os sons e as vidas como ecos

As cores de acabar, as cores de começar
todas são do branco pedaços
e nenhuma é branca
e todas são diferentes
como manchas, manchas de ser
de por e de erguer.
Momentos, tempos que passam
nesta pressa de olhar sentado
a paisagem dos meses
apeadeiros curtos insignificantes
de serem o percurso todo
de Natal a natal.











quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Datas que se marcam

Assim ou assando variando ou andando,
nascendo e morrendo
de que cor se fazem as cores do que parece,
do,
do que acontece e depois fica eterno,
no pedaço de eternidade de cada um,
de cada elo mais elo que se quebra de continuar.

Uma palavra e ao lado outra,
um sentido e o outro,
as coisas brincam às escondidas de se mostrarem
e não serem entendidas,
tudo é tão simples
que os filtros do entendimento
entopem
e variam,
incapazes da linha direita
do inicio e do fim,
ruminantes de erva que não há.

Religiões pelos cantos
todos
certezas ao alcance das mãos
e dos pés
noções fundamentais de só alguns entenderem
congelam infernos do fogo de ser
negro do tempo que passa
em camadas de ilusões
de vida e de beleza
de instantes como camadas.

As tintas de ser em camadas finas
pesam a lata inteira
e o ver e o sentir o feio e o belo
o de todos
na visão estreita de cada um.

Traços marcam antes e marcam depois
e o contar de dias é um passeio imposto que se faz vida
e agrada em cada momento
de a sentir antes
antes na espera de antes
enquanto duram os momentos de espera
de ser tudo antes
antes
e tudo é bom mesmo quando parece mau
neste pulsar de estar vivo.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Guardar

É um comer de instantes, todos maravilhosos, nem sempre fáceis de digerir e é por isso que se vomita, deitando fora para poder engolir os momentos e a sucessão deles, o cair, o erguer, o antes e o depois.
Farrapos de recordações, rasgam e remendam bocados, regressos esquecidos e pensar de novo, retornando ao tempo de saber tudo e sabendo tão pouco ainda e sempre .
A verdade de cada instante, absoluta, perde a razão e o ser no instante seguinte. De olhos fechados, de olhos abertos e o que vejo é o que sinto no funil de cada instante. Fechados ou abertos num recreio de sensações trocadas, em cada nascer, em cada partir, em cada retorno curto de o pensar.
Foi um ano de muitas mortes, muito recordar, do que guardei, do que sou de vivos e de mortos, de andar ainda com eles a meu lado, repetindo sorrisos e zangas, palavras e silêncio como gotas tão diferentes de haver sempre uma harmonia, no diluir das diferenças.
Morreu a 6 uma senhora linda, contadora de estórias e de vidas, ao ritmo da tesoura que parava, da vassoura que se aquietava para lhe ouvir o riso fácil, um riso menos vibrante desde a morte do marido mas um riso ainda assim cheio de vida. Agora morreu e o que ganhei de a conhecer em nada se perdeu.
As verdades, as certezas são de cada instante o que se ganha e logo perde. Bases ocas assentes no vazio, no acaso que agarra os sentimentos todos e os faz correr ainda           
da vida e da morte
de tantos
se faz correr
a vaidade de quem vive ainda.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Araújo e Rosinha

As voltas que são dadas para se voltar à mesma volta,
de nunca ser a mesma,
nas voltas e mais voltas que se dão,
enrolando do rabo a cabeça e o sol de ir no de voltar,
folha a folha no engrossar das voltas,
que a cabeça derrama no acumular de voltas.

Circuitos de testar,
testar sempre as soluções de estourar sempre,
mais volta menos volta,
de ver e de ouvir os ecos de fora,
entendendo deles os de dentro,
ecos como cartas que calham,
sorte da sorte de um azar que ainda não veio.

Ontem olhei longamente a dádiva de ser boa, dar numa oferta descomprometida, dar numa volta longa que nunca se perde, as voltas todas de uma vida de sacrificios. Ontem olhei da minha sogra o pai dela, subindo e descendo colinas, tocando os sinos de dar paz aos vivos e descanso aos mortos, de olhos piscos, assobiando baixinho o sossego como comida que nem todos podem. 
Ontem todos pareciam ter as qualidades dos pais, os mortos não guardam defeitos, a Jacinta a ver de todos a parte boa que quase todos desconhecem, o Luís na constante preocupação de fazer bem e de sentir que todos estão bem. Todos pareciam no dia dos pais, pedaços deles que na mesa se impunham vivos, os melhores pedaços, os anos, as recordações neles depositadas que viviam ainda.

Mas ela, ela é magnifica e ontem no entrelaçar de voltas que dão voltas, olhando, olhando dei voltas e mais voltas e nunca me senti perdido, nem desorientado, naquele ruido todo senti o sossego todo por instantes.         

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Bolor sagrado

De cada olhar uma visão diferente e depois o circundar,
linhas que dividem o espaço interior,
do exterior,
do espaço de haver coisas
e de pensar nelas como recreio de o poder fazer.

De quantas migalhas se faz a boa disposição?
Calha sem aviso este embaciar das lentes
constantes de estar,
do riso de ser.

Cedências como migalhas de um pão inteiro,
esfarelado num caminho de segundos migalhas,
sempre inteiras e perdidas no regresso impossível
ao sol e à chuva já dados neste borrifo de estrelas.

Veredas e migalhas,
verdades inteiras esfareladas em cada juízo,
em cada opinião,
em cada razão de a ter
de a não ter,
em cada canto varrido de sonhos e de visões que se apanham de parecerem únicos,
no canto de os ter como poeira de estrelas.

A morte que alimenta o ódio
e a faz banal como migalhas que não saciam
percorre o vento e a sombra do Sol toda
esfarelada pelos cantos todos, recantos e confins
perdidos, ignorados e logo recordados
em cada mais um, mais um
canto mudo.

Migalhas remanescentes de um holocausto dos dias todos
erguem-se no meio, no inicio e no fim
do Oriente, do Ocidente
a Norte e a Sul das vontades todas
e das faltas.

Como migalhas ficam as razões todas
pelas toalhas que ninguém sacode
sagradas
embrulhadas nas migalhas
sagradas
de um bolor antigo
de pão esquecido.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Faixas.

Ansiedade como gotas que empoçam
molhando
e não correndo.
Desejos encalhados de serem sonhos
ou de terem o peso de serem reais.

O que fazer quando sinto a razão
das razões todas
neste espaço de nenhuma razão?

Aguardo a perversão das ideias
todas
as que são boas e eu não sei, as más que eu suponho
e também não sei.

Aguardo juízo na faixa de Gaza
crianças vivas no teatro de as mostrar mortas.
Aguardo a vontade de erguer na vontade de deitar.
Aguardo o que é belo no fenecer
o abrir de cada flor no desfolhar de cada uma.
Aguardo sons neste silêncio que não pedi
e tanto quero quando não o tenho.
Aguardo pedaços e inteiros, interiores e exteriores
soluções que o tempo dissolve
num correr que empoça e depois corre
molhando e secando sem juízo
faixas e vidas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O Abrir. O Fechar. O Repetir.

Repetir livros como segundos repetidos, portas fechadas de as poder abrir e nunca são iguais
as portas
nem o que delas se avista.
Abrir ainda repetir ainda, peças que se colocam como palavras de Lego,
mutantes unidades de um conjunto que todos podem erguer e funciona sempre, inspirado e expirado, no erguer e no desmanchar de cada palavra, de cada peça, de cada momento desfolhado.
Quadro negro de o preencher com o giz de o fazer mais negro e depois apagar e recomeçar
o inicio negro de o pintar branco.

Imagens cansadas de sonhos cansados, persistem horas a fio desfolhadas pelos momentos essenciais, quase perdidos neste persistente deformar de tudo, por nada, por baixo de nada.

Hoje tenho seguramente dois séculos, no hoje de manhã ainda só tinha cinquenta e quatro anos de os coleccionar, bizarros nos objectos e nas paixões de os ter nas mãos, como frémitos idos em cada selo em cada moeda em cada livro em cada noção, passageiros  que por mim passam nesta viagem de túneis que deformam e de Sol que deforma, sempre na forma do momento desfolhado em cada vida, em cada ideia ou pretensão dela.
As palavras
esculpem ideias ou cospem nelas
pintam doçura ou enegrecem tudo
aguardam respostas a perguntas nunca feitas
enquanto a resposta das perguntas todas
vive
nos que vivem
instantes
intervalos vazios de luzes acesas
representadas.








sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O sentido todo é estar vivo

......................

de Leonard Cohen " Hallelujah" ouvido repetidas vezes, noutras vozes que se elevam donas de um momento. De um amontoado de segundos se fazem segundos diferentes e a quem pertencem? Aos que cantam, aos que ouvem, ao silêncio de ouvir
incapaz do cantar que ondula as linhas direitas, que permite diferentes os que são iguais?
Piscinas de tempo ao sabor dos nadadores que nelas se afogam, no fundo, à superfície, afogam-se e logo se desafogam momentos, nadados no gozo, na oração e na ventura de segredos e de ritos, cantados e sentidos e verdadeiros de o serem sempre de momentos o sentir deles o momento deles, o sentir infinito deles.............

Ser

sendo
e os sentidos rumam todos
rompem
e remam todos
com destino
arrumados

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

? ?

Robert Enke e o irremediável, Luís e o que resta vegetativo e lindo de ser tanto ou talvez tudo neste curto sentir das imagens e do que vejo, neste curto alongar do que é curto, mesmo quando se alonga de ser curto e ser tudo.
As mãos guardam como certo o perder de todos os dias, alongam-se as certezas que se perdem curtas em cada passo dado, oferecido ao que ainda resta, de universos curtos, resumidos mas inteiros, em cada fecho de cada inicio, em cada volta de regresso ao regresso das voltas todas.
De cada ponte a vertigem de a saber sem fim, nunca é meu, de cada ponte, o fim que se atravessa no silêncio dos passos todos, indistintos de serem todos, silenciosos de serem o silencio de não haver silêncio.
Agulhas em cascata picam a palha toda e a cabeça esvazia sensações incapazes de a sentir.
Na palha que passa e nas cinzas que voam rebrilham por instantes agulhas de as ter sentido.
De as ter tentado.
De as ter tido.
De as ter.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Universos

O calar das vozes, o sossego entre, o sossego depois, o sossego durante de o poder ouvir instante a instante, os instantes que se alinham desiguais como colecções dispersas  pelas estantes dos momentos como rectas que ondulam as lombadas e as pancadas,
os momentos e os tempos e as vontades ondulantes
de um universo que cai
e se ergue
para que eu o possa fazer
também
enquanto as estrelas só para mim brilham
de parecerem o que sinto
de nem as ver
ou sentir.
Pequenos pontos que brilham as noções e o caos.
Arrastei letras no desejo de não as perder, arrastei Aa e arrastei Nn e Mm Ee  
possivelmente como ideias
de as não querer perder, perdidas que estão, arrastadas que são sempre, neste divagar constante que se apressa no vazar e se enche de nunca o fazer.
Pequenos pontos que brilham no fechar dos olhos.
Percutir teclas e enganos que se prolongam e se fecham como círculos, esferas de engolir, gotas de as beber uma por uma, nas cores, nos sentidos e noções, de um copo que as enche, do meio que vaza, do meio que enche.
Pequenos pontos que brilham nos espelhos
que naturalmente se partem num caos, de cacos e noções
varridos como pontos grandes partidos
em cada espelho de pequenos pontos
reflexo brilhante.
Universo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O riso de estar vivo

Rir como viver, variando as risadas e os sons que se prolongam de haver ecos como risadas prolongadas.
Respirar como viver
ar quente
ar frio e o condensar das ideias
prolongadas
todas.
Correr ou levantar, cair ou erguer, o comprimento dos saltos já nem deixa marcas, na que o vento varre, na que o mar lambe, num riso seco e logo molhado de areias.
Prolongadas sensações, apagadas e retomadas num quadro sempre negro, que as risca e as apaga, na esponja sempre húmida do que nela se apaga.
Rir sério, dentro, rir do ser e do querer com seriedade, rir do riso que imita o choro, rir do choro que imita o riso, rir inícios e os fins e os meios, os caminhos e as vontades, rir o tempo que tarda e o que se retarda, rir como respirar ou respirar para poder rir
o choro de cada segundo
e o riso de cada um
e o silêncio dentro
do riso.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poesia

O pior é rir do que não pode ser ido e foi, rido, perdido no novelo das pontas e das penas dos que ficam, um pouco mais neste riso de permanecer, um pouco mais neste peso de recordar.
O que está limpo alguém o limpou, o que não está o fogo do tempo devora rindo e o gelo conserva os titanics todos, fora do seu tempo, acabando todos, numa conserva fora do tempo, de tudo e de todos.
Brotam da terra as palavras vazias de serem de todos, o encher de cada uma, brotam como gotas e rios que correm, de nunca serem iguais, as gotas e os rios que correm sem descanso para o mar, amor de nascer e correr.
Não compreendo o que vejo, o que leio, sinto, só sinto, entender seria ser o que não sou.
Pina foi mas Pina ficou e o silêncio e o vazio, por palavras, para sempre ficou preenchido.












sábado, 20 de outubro de 2012

19 de Outubro

Três anos de ter o Luís em casa, sobrevivente, connosco. Assinei o meu primeiro contrato de edição. A Chiado Editora vai publicar os meus primeiros livros, três num só. A crise de valores, lá fora, quase a esqueci, os meus valores em crise, cá dentro, quase os esqueci e depois o Pina morreu e tudo vai continuar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Avarias vazias

Sentir sem pressa o vagar de momentos, sem pressa alongar deles, páginas e paginas de não entender.
O sentir dos momentos, o passar deles, o sentir dos sentimentos e o passar deles de não entender, sem pressa
.
Variam os dias e as noites parecem encerrar estrelas, que algumas vezes soltam, permitindo lonjuras que a cabeça parte, avarias que percorrem o mundo e os mundos.
O infinito circunscrito
a um espaço tão restrito, encerrado nas mãos, apoiado nelas, vazio de sentir cheio,
cheio de sentir o vazio,
o que rompe irrompe sem aviso.

As palavras esticam vontades e passam, elas e as vontades, numa peneira de estar vivo e passar tudo.
Parecem encravar, algumas vezes, de um aperto que engrossa o tempo e nele se retém, pasmam mas passam.

Dizer com as palavras de hoje, o que senti Ontem, ontem mas nunca amanhã.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

BRANCO

Respostas como patamares de perguntas, de degraus, de ainda subir, degrau a degrau, patamar a patamar, no infinito que me contém, no eterno de ser meu enquanto dura, neste gaguejar das palavras, perdidas sempre, na aventura de tentar explicar  esta ventura de olhar zangado, ou bem disposto o mesmo Sol que nem sempre aquece os dias, ou arrefece as noites,
o tempo,
as presenças,
os segundos que voam e as diferenças que se quedam lentas.

O blog tem cor
em excesso
para este branco de hoje

o branco surge adentro e afora da cabeça que vaza sargaços enredados
o branco de estar em branco
o branco vazio de caber tudo
o branco silêncio que encerra
o branco em cada patamar
o branco em cada pausa esquecida
o branco das cores todas
todas
e da luz.

A cabeça sempre verde
das sementes que não semeei
rumina securas que secam
de verdade ou de mentira cada gota de vida.

Um colar de pedras brancas
reboladas pelos dedos
ganham as cores da ilusão
dos momentos
vagabundos sossegos
enredados, rebolados
semeados.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Passosdados

Agora que o Fado se vende bem e não é só Amalia, lá por fora ouve-se, cá dentro sente-se excessivo, neste vergar de costas, nestes factos consumados, todos os dias, de os querer limpos e não poder, tanta é a porcaria que se faz em nome de um Povo.
Ouço a mesma canção em tantas versões e todas parecem bonitas, todas parecem verdadeiras mas todas são canções, ilusões de cair e de novo erguer, para de novo poder cair.
A vida é tão curta quando é tentada direita e de cada queda se sente o esplendor, dela, da queda e da vida, no frémito de um erguer ainda.
O bem de todos , bem distribuído, é só, o de alguns.
Passos que são dados, remendos de um passado tão recente, consciente no esbanjar, consciente no agora aguentar. O discurso TSU é uma canção de ouvir e cair, Portas a bater e de novo erguer, ao som de uma nova canção, previsão e queda.
De que raça serão estes animais politicos, estes e os outros, passados e presentes e descartados de culpa sempre.
No fim é sempre a mesma lengalenga, quem parte e reparte e não escolhe para si a melhor parte ou é burro ou não tem arte.



Socrates governava, asneirava e como hoje não havia consenso, o bem comum de uma justiça sem varas e sem tino, o desgoverno da madrinha e do padrinho.


12 Aparências, banais, coincidências

47
No Japão em turnos de cinquenta
Homens entregam as suas vidas a uma luta
para o bem de todos
que nunca será o deles
tão certa é a morte que os aguarda
e contudo aceitam na coragem de a conhecerem.

Aqui, por orgulho, não se cede uma virgula
ao que não cede uma letra ou um numero
porque o bem comum é só
o de alguns compadrios e favores por pagar
e desde os saudosistas de Estaline
que sonham com a democracia da Coreia do Norte
aos que defendem as ditaduras do Mundo Islâmico
um lago sem fundo de intenções afogadas
boas e más se afundam na vergonha
de não haver mais vergonha.

Unir esforços e a eles entregar o valor
dos valores todos, o sacrifício do que mais importa
numa dádiva sem retorno.

Unir os conflitos e arredar os interesses particulares
esquecer as devoções pelo ocidente, pelo oriente
e congregar esforços no que somos
pelo que somos
num sacrifício de todos, pelo bem de todos.

O remédio é só um mas todos retardam dos dedos
a garganta e a solução inevitável
de quem gastou e agora tem que pagar
de quem comeu e agora tem que vomitar
inevitavelmente.

Não entendo esta falta de entendimento
esta recusa de um consenso
quando há vidas que se entregam
e aqui
tudo parece ser um jogo de interesses
de dinheiro e prestigio
enquanto se berra
um patriotismo
pelo qual
nada
se quer sacrificar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

coisas mortas, ainda vivas

Recolher impressões de coisas mortas e das vivas e do que passa e do que acontece e sentir repleto de vazio, este encher de respirar. Olhar sabendo único, sempre, maleita a maleita, este discurso maravilhoso e vazio de conteúdo, este vazio vivamente vazio, como se a vida, toda, fosse um repleto discurso, de dizer tudo não dizendo nada, de ser tudo não sendo nada.
Supremo rebuscar de noções, sempre certas entre o inspirar e o expirar, entre o fingir permanente, de um viver curto e esta ilusão dos momentos, longos e curtos, de haver uma escala, uma régua graduada dos instantes, todos, na cabeça que os conta sempre certos, de o serem,
de não serem nunca, na cabeça que está sempre certa,
de nunca o ser nunca, nem estar no degrau que sobe certo,
de ser o mesmo que desce certo.
De coisas vivas, de coisas mortas se faz ainda, o que me faz, coisas eternas, de um prolongamento, de as fazer ainda, eternas.
O que une a nudez de sentir?
Traçam os cabos que se remendam e de novo são traçados, riscos longos, quebrados e remendados na brancura de estar tudo, de ser tudo sempre, sempre na brancura das possibilidades todas, vivas e mortas num resumo curto que se multiplica infinito.
Rotundas de sensações, de andar nelas, enroladas no mesmo passo, de sair ou continuar.
Crise.
A Itália dos governos derrubados, do Berlusconi marado, encontrou Mario Monti e nós?
Sebastião morto, impérios que nunca houve, neste viver um dia de cada vez, deixando âncoras marcas, fios que quebram e retomam, o dia da noite, o recordar momentos riscados no vazio branco, de os ter tido e assim os tentar de novo.
Círculos e crise...............


15 Medidas

5
Moody’s
e o Mundo roda ou rola
ao sabor do que flutua
e se afunda enrolado
na maré do que apetece
e por muitas vezes que falhe
acerta sempre na ruína de muitos
e no lucro de alguns
sempre numa base de números
vivos ou mortos
tudo é uma questão de números.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Miudezas

Tenho a cabeça cheia das coisas mais simples, das insignificâncias, das necessidades como camadas, que se acumulam, pintadas de folhas e valores, quentes de respirar ainda, num equilíbrio, de um balanço constante, de estar vivo, como nadar até cansar, como viver até morrer.
Saudar a vida, estilhaçando copos, de costas voltadas, sem zanga, em cada estilhaçar imperfeito, de brilhos idos, que se acumulam, brilhos desunidos de serem de um caminho, as marcas e o caminho.
Miudezas como sorrisos e a falta deles, no silêncio, dos sons prolongados, só na cabeça.
Variações e fuga, das palavras e do som de cada letra, desmanchar como gado, o peso de cada palavra, de cada som. Absorver da praia inteira, o som, de cada grão, de areia.
Repetir, repetir a miudeza de cada som que pertence, abstrair sentidos e noções, de cada peso, de cada som que se repete e se faz leve, perdido das conotações que por ele, nele, se afundam entranhadas no tempo, ou com tempo obsessivo.
Pedaços desmanchados que não voltam a ser o todo e pesam só, tudo, miudeza a miudeza. Sons como badalos de um fim de tarde ou de fim tarde.
Tirar de cada palavra o peso que acumulou, poeiras e besteiras e tempo e gente, que acontece, que desaparece.
Pensamentos como luzes que se apagam, de se terem acendido, nos motivos todos, apagados.

Ahmadinejad e o HOLOCAUSTO que não houve, as barbies proibidas e o peso das lapides, lapidadas, executadas na leveza de haver nuvens roubadas, no Pais dos sonhos todos, dos contos ditados e ditadores.
Aqui a crise, permite esquecer a Síria e os eleitos, democraticamente, roubaram ou desviaram, arranjaram ou desmancharam, com a sabedoria de haver sempre, por pagar, uma conta de muitas contas, que irão ser pagas, por quem não comeu, nem cheirou.

O peso das palavras.


14 Dependências




7
De cada miudeza esmiuçar
o que a fez
o que dela se uniu
transpondo tempo e vontades
dando-lhe a grandeza
de permanecer.

De cada dedo sentir a mão toda
de cada olhar as visões guardadas
para que as trevas se possam romper
na altura certa das certezas pequeninas
que juntas permitem o respirar
de valer a pena.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Renovar

Pensamentos redondos de um tempo que já não lhes pertence, quebram e desgastam arestas. 
Dos fragmentos dispersos se fazem novos, que crescem, enrolados na água, dispersos ao vento, que os desgasta, arredondando novos pensamentos velhos, praias de areia nova, grutas de vazio escorrido, círculos quebrados e retomados, normais no antes, no depois, normais na distância que esbate as diferenças mais salientes, durante.
O que diz isto e a seguir aquilo, de sentido, de noções, que valham a noção simples de estar vivo? Aonde começam e acabam as sensações, as mais simples, de respirar, de digerir, de ter um coração que bate engolindo tudo?
O que digo, o que penso e o que faço afogam-se num só segundo, de o sentir, vivo.
Visitei a minha mãe e olhei dela, o que sou, o que somos, de momentos fechados, nesta teimosia de continuar. Persiste na religião, na salvação que por ela aguarda e se eu fosse uma folha quadriculada, o fundo seria o esbatido de uma cor, só dela, misturando e desaparecendo em cada cor que lhe sucedeu, encerrada, ou espalhada nas quadrículas, de presenças, de ausências, de permanentes, de agora, momentos encerrados que se renovam, acabando.
Duas senhoras a visitaram e eu corri como água, que correndo se limpa, da ferrugem dos canos, do estagnar das pausas de" um café", do pensar como  sensação de estar vivo, na insónia e ao longo do dia, no perfeito e infinito, imperfeito e finito.
De quantas fés se faz a minha? Quantos textos lavrei, perfeitos, de os ter destruido, quantas conversas de nunca terem fim se fizeram bases e tijolos, deste edificio, inacabado?
As certezas todas derretem ao Sol. As verdades todas, o tempo as come. A fé de vida, de estar, é um passeio curto, único, passageiro.
De 1997 a minha noção de verdade.


3 Sem pausas nem arrependimentos.

                                    10
Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei.

Não há montanhas que me ergam
ao nível do infinito
ao nível do universo
não há porto do qual eu possa olhar
o que só pressinto e apalpo.

Engano-me
porque de tudo só vejo pedaços esparsos
nos pedacinhos de tudo que em todos vivem
do corpo que em tudo existe só vejo a ilusão
dos pedaços desligados e sem forma
um a um enfaixados na verdade de todos
na mentira de todos condensados
e sempre vivos na verdade de tudo.

Não existe mentira na verdade deste sonho
tudo existe e se faz verdade na mentira toda
que em tudo existe e se faz a verdade toda.

Não tenho do Graal a busca que não posso
não tenho de Deus a verdade que não posso
mas sinto que em mim bate o que não consigo
que em mim existe a verdade que não posso
enquanto aguardo a escada que não existe
e a porta está fechada e nem a chuva me molha
no degrau que eu posso e a nada me leva.

Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei

Tenho das ideias a certeza de serem nada
sem os idiotas que as façam funcionar.
tenho do que penso o tempo que me acompanha
e é quando penso que o sinto mais meu.
ideias são o que não falta ao vento
arrastadas no tempo que as leva
de resto me amanho no que vivo e não sinto meu
e quando penso me iludo
me arrasto e me desgasto e nem penso.

Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pedras que ficam

Aonde se arranjam as certezas, as definitivas, as que arredam as duvidas e caminham num passo certo, de não haver desvios?
Uns óculos de Penafiel e já agora um chapéu de palha para o Sem Duvidas Breivik, para os crentes e descrentes intolerantes, fixados num só caminho, numa só Roma, deles, só deles.
Kenedy assumiu-se Berlinense. Não podia ser cidadão do Mundo? Negro, judeu, amarelo ou eslavo, crente ou descrente das religiões todas e de nenhuma, embora o espaço seja quase o mesmo, em cada mente encerrado, criando verdades de trazer guardadas e pelo raio que as parta se espalham, criando raízes na verdade da terra e ramos e folhas na verdade do Sol que roubam.
Pensar num vazio de lago sem fim, pensar como pedras que ressaltam velozes, pequenas marcas e depois afundam, para que a melhor se possa perder, longe, ressaltada mais vezes, num préemio inconsequente, de perder, de esquecer, de cada pedra o perder de todas.


9 Analogias de tudo e de nada


7
Na fuga de um vazio estranho
que me sentia aleijado
por não ter a fé
que todos pareciam ter
eu corri, eu lutei, de olhos abertos
de olhos fechados
por uma crença que me fosse possível.

Meditei e apalpei o que sou,
o que somos
e o que senti de vida,
senti como verdade.

Acordei para uma fé que em todos pulsa
verdadeira  
embrulhada nas mentiras que a rodeiam
mas verdadeira
em todos os inícios, em todos os fins
mesmo quando parece um fardo
o filme que nos desenrola.

Remexo em tudo
tentando não entender nada
para que a busca seja sempre absoluta
em cada passo que se afirma
como primeiro dos que ainda faltam 
como ultimo dos já tropeçados
e que agora preenche o espaço de todos
no vazio todo
numa aprendizagem do infinito ignorante.

Nas vidas permitidas a verdade afirma-se
absoluta
e a vida também, nos prazos marcados
nos limites estreitos, que permitem o sonho
e o encerrar de todos.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

exemplos

Tenho um novelo na cabeça, repleto de pontas unidas, pego numa e logo noutra e todas vão dar ao mesmo sentido, de fim, por vias tão diferentes, quase sempre curtas e enrodilhadas, de serem linhas, sensações repetidas, quase ao infinito, de inícios, durantes e fins.
Ouço repetido, num compasso de crise, vontades de um regresso a 26 de Dezembro de 1867. Ordenar, disciplinar e dar exemplos, cortar pela raiz o mal, que a todos pertence, que é de todos, pelos cantos de todos, pelos cantos todos.
Regresso aos dezoito anos, ao juízo de valores, ao tentar sentir as pontas enrodilhadas pelos cantos escuros, pelas razões mais irracionais, que se erguem racionais, nos momentos sempre errados, de estarem sempre certos na estante cheia, de poeira, de livros e de mortos.
Matar o que está errado, nesta permanente imperfeição, neste enrodilhado de certezas como pó, neste aperfeiçoar de um erro sublime em cada vida que nasce. Nunca soube o que é fé, sempre me disseram para acreditar, abrir o coração ao raio, ao vento, ao trovão já eu o fiz e foi vida, só vida em todas as formas, desperdiçada sempre, que eu encontrei em todos os cantos, na rodilha do tempo sempre igual, enquanto parece diferente, o tudo e o nada, de pontas diferentes, desenroladas ao jeito de cada ponta que é sempre diferente.
Encontrei na net uma lista de mulheres alemãs executadas, uma lista curta, dos exemplos mais marcantes, negros de bruxas queimadas, negros do terror Nazi. Três nomes me ficaram guardados na cabeça, melodiosos, Irma Grese, Sophie Scholl e Maria Mandel. Conheço um dos nomes, com o irmão, desde os dezoito anos, na hora dos Napoleões e Romel, terem ganho os mortos todos, de cada  glorioso esvoaçar. Os outros dois são mais recentes, pontos mais negros do que o pano negro de servilismo e morte a que pertenceram.
Das três, duas foram despachadas com a mesma idade, uma foi heroína e das três há os nomes numa lista.
O poder da morte, nas mãos do que já nasce errado e depois fazem-se listas e todas se enchem de razão e todas são válidas para crentes e descrentes.
A fé não se explica, sente-se, balbucia razões tão fundas, novelos tão vastos, que as pontas partem enredadas, de fé, de cada um. Só acredito em vida, na vida de todos, mesmo quando tenho vontade, de ver mortos tantos canalhas, pessoas normais adulteradas, pelo tempo, pelas circunstâncias, ou por ínfimas diferenças, no faiscar das ideias, que raramente o são.
Hoje encontrei uma pessoa disposta a ser juiz, acusador e executor. Não me deu vontade de rir e não vale a pena demover ideias, como balões cheios, que ocupam o espaço todo, delas. Fui acusado de não gostar de touradas, um defeito enorme e foi assim que eu consegui rir, da cabeça cheia de novelos emaranhados, tolices e consciência de sentir a vida, como poesia e o perder de ambas, constante.
Jugoslavias e Somalias e o Mundo inteiro.
          
A chuva e a morte, não vale a pena pedi-las, podem tardar mas todos se molham e todos morrem.


18 Coerência

Pena de morte e os sinais de crise
nas cabeças
que a pedem mais,
como solução de quem e de ninguém.
As acções vivas valem pouco
quase nada
e a vida toda de valer tão pouco
é tudo, sempre tudo
no resumo de a perder.








quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pessoas normais

Olho e ouço, no rosto de pessoas normais, os sinais e as palavras de revolta, a impotência do que passa como inevitável.
Depois há soluções radicais, justiça que se atira ao vento, esperando que caia, só, o que é mau.
Matam-se os maus e disciplina mas o vento atinge todos e quando se abre um caminho é de todos, o caminho, que se abre e os normais não são linhas direitas de comportamento, oscilam como partes de um corpo vivo que estremece e oscila, no embalo de cada crise, no terem sido normais, todos os canalhas e todas as vitimas, sucedidas ou por suceder, nascidos e mortos.
Normal a justiça célere que executa e não permite recursos, normal os isaltinos que prescrevem, ou os papeis que se afundam como submarinos.
O melhor de uma ditadura, o melhor da Democracia, numa Utopia sem cepo nem machado.
Normais as purgas todas, soviéticas ou chinesas, alemãs ou americanas, as justiças todas como um enorme corpo, país a país, estado a estado, lei a lei, juiz a juiz e condenado a condenado de terem sido permitidos, no silêncio que consente.
Hans e Sophie Scholl, Stalin e Hitler e as correntes que arrastam infinitas e violentas, ou mansas e tão breves, o passar do tempo, o arrastar dos sedimentos, das cores das crises, desta maleita sem fim, de ser gota, num oceano, por diluir.
Encher de areia, frascos de segundos que se partem e todos são diferentes, areia grão a grão, escorrendo, uma a uma, diferente em cada montículo, que o tempo espalha, varrendo e arrastando entre vidros finos, no perdurar de qualidades e defeitos, longos, em cada frasco por partir, em cada pedaço igual por cair.
Holocausto, Holodomor erguem-se como picos à insanidade, de milhões de pessoas normais, ideologias e poder e muitos Breivyk obedientes.......

8 Precursos dos percursos

13
Um copo cheio de areia
é o que pareço ser
pesquisando o que sou
nos greirinhos finos
de um desgaste que não é meu.

Remexo procurando um padrão
nas cores e nas formas 
da areia fina
que a mais leve brisa me desarruma
arrumando de outra forma
as cores e as formas que sem pressa
num desgaste que nem é meu
vão desaparecendo nos cantos
e nos recantos
perdidos do sol
devagarinho

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Brahms

Ler e ouvir e net e interior, o que fica de um requiem, de o ter, todos os dias em casa.
Português e vivo, escolhas feitas de acasos que se acumulam, rasgam momentos de ouvir mortos, de ouvir vivos, rasgam acasos de o ter ainda vivo, junto à memória, dos acasos , das escolhas, que se juntam na hora de tomar decisões, que parecem inatas e nunca o são, ou serão sempre?
Ouço Brahms de parecer que respiro, esqueço e regresso aos mesmos trechos, de os respirar, esquecer e recordar, de os ouvir de novo, numa mistura de" Reed Anderson " de" Bach Strauss " e de tantos outros, escritos e ouvidos, nesta incoerência de querer a opinião de um Mundo, aos pedaços repartida e esquecida, para poder e ter opinião, vendo e ouvindo, no gozo dos sentidos, que partem como cordas esticadas na melodia dos silêncios.
A vibração do silêncio, o querer pensar vazios, de não pensar. Luzes ao fundo, descanso de momentos e sonhos que se fazem concretos, de não haver mãos que os agarrem. Giraud morreu em Março, só agora o soube, a beleza, o conteúdo, as aventuras que me permitiu viver, os sonhos, os mundos paralelos permanecem acessíveis à compreensão de cada um, ao acaso e aos momentos, de os ganhar sempre, preenchidos, de ser sempre de quem o vive, o tempo de o ter sempre infinito enquanto dura.


10 LUIS

2
Tenho um enorme buraco fundo
de ser,
ser,
ser e não saber
o que me bate fundo
no vazio de ser
o que acontece
o que permanece
o que me aguenta,
de me aguentar.

O tempo não parou
na hora de o ter feito
e agora me arrasta entre tudo e nada
sem jeito
e sem ele.

domingo, 29 de julho de 2012

Marcas

No madeiro de Robinson ficaram as marcas do tempo, nos traços de dias, de semanas e anos, numa ilha, nem sempre deserta. No deserto da cabeça, resguardam-se as marcas do que foi mais fundo, o resto parece areia, Sol e chuva e vento, erosão de cores em cada ilusão, atenuar das marcas de cada desilusão.


8 Precursos dos percursos


9
Das pedras desfeitas
ao tempo e com tempo
sobeja esta areia
que de tanto bater com a cabeça cheia
me enche agora a cabeça
de pedras ou de areia
de areia ou de pedras.
Já nem sei, a memória encurtou
e a cabeça que pede descanso
dele foge sem saber para onde vai
enquanto vai
enquanto vai
vai.

sábado, 28 de julho de 2012

O passar da corrente

Existir é um vazio, que se preenche existindo e são tantos os nomes, do que me enche, como são os copos e canecas de encher, de existir.
Quentes ou frios, de manhã à tarde e à noite.
Preencher espaços, vazios que estilhaçam copos e canecas, de sentir e continuar, a linha que se prolonga, de um inicio, ponto a ponto prolongada, no frio e no quente, no amargo e no doce.
Correntes que prendem as mãos e as venturas, necessárias sempre, fundamentais no recordar de tudo, como quem pesa e mede e conserva o vazio, de o sentir todo em tudo, de sentir nada em tudo e assim se assiste, existe como nomes soltos, vivos, noções encarceradas, riscos infinitos no estreitar de uma folha branca, no vazar doce do vazio que me enche o copo.
Palavras como gotas de sede, avançam ou recuam? Enchem ou vazam? A sede de as ter, de as perder ou a sede de a perder?
Um novo dia, uma nova fantasia, ocupa o espaço sempre nu, de um circulo que se encerra, olhando fora e dentro a linha tremida, que teima o fim no inicio que recomeça.
Pensar sem palavras, soltar palavras sem pensar, unir fios tão diferentes, desamarrar enredos no vazar e no encher dos dias corridos, dos sentimentos que mudam, gaguejando tolices tão importantes que o tempo passou, secando ou molhando vontades, perdidas e logo recuperadas, em cada olhar de já o ter tido, neste desenrolar da corrente que se afunda, fundeando espaços em cada âncora que no fundo
estremece.


14 Dependências

3
Resmas e resmas
de pensamentos brancos
se derramam na magia do sono
como cobertas
na magia do despertar
como pássaros e sol
de nenhum lado
para poderem
de todos
ser a luz branca
que ilumina as sombras todas
de todos os lados.

domingo, 22 de julho de 2012

Breyvik e o entender, que não entendo.

Pensamentos negros como cortinas cerradas, brancas, acumuladas de uma luz que roubam, negra de um roubo que nem se sente, acumulado, como toneladas feitas de gramas, que se varrem leves e pesam prolongadas pelos cantos.
Pensamentos negros de o serem, só, negros e viverem como orações, repetidas no rasgar de cortinas, de serem velhas, só no rasgar, no sentir que as faz o que não eram,ainda.
Poeiras que se acumulam, murmúrios que estilhaçam janelas, de ver e de ouvir, razões de as haver sempre, poeiras que se acumulam.
Trovejam negros raios, traços faiscantes de ser sempre negro o início e o que finda, numa razão que estrebucha os fins todos nos inicios todos, negra de não ser branca como poderia ser branca de não ser simplesmente negra.
O que nasce vive, cai e vive, decai e ainda vive no ribombar longinquo, das razões todas, cerradas e encerradas em cada queda.
Breyvik um ano de chacina e a defesa dos direitos dele, é a defesa dos direitos de todos, dos que repudiam e dos que o aceitam.
Matar é matar, morrer é sempre morrer e no País das liberdades todas, das oportunidades todas, um novo arsenal, legal e individual matou ilegalmente, numa guerra de um mundo todo, com o Mundo, pelos cantos todos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

De nada se faz tudo

Escrevo mais quando esfrego uma vassoura, passeando escadas entre manchas e riscos repetidos, melhorando de cada mancha, de cada risco, que persistem, o local, o sitio de cada um, arredados do restolho de todos os dias.

Fumos que nunca se agarram, cores que nem o tempo esbate e depois uma brisa leve como portas abertas a tudo leva, tudo leva já fumado e já sem cor.

Pausas de um tempo, de o haver todo, sentindo, não sentindo todo, o tempo curto de cada paragem, diluído e longo no escorrer dos dedos que se abrem e fecham, como ponteiros que rodam, a paragem de cada instante, o recomeço de cada nada, no erguer de tudo, o tempo todo.

Sentir os sentidos que sopram pequenas chamas, velas que se apagam, no escorrer dos instantes, no correr dos momentos e das pausas e dos sem elas, encerados e apagados.

sábado, 7 de julho de 2012

Obrigado Joalsilva.

Flutuam os pensamentos, na terra que lhes permite correr, um pouco acima da poeira que os envolve, nublando preconceitos, ideias e caminhos, velhos de poeiras novas, novos de poeiras velhas. Flutuam amargos, madeiros como jangadas de transpor, sentidos e caminhos, poeiras que se vão e ainda regressam, ainda mais firmes, como dormir para regressar e sentir sempre a coerência de estar vivo, no estar.
Uma medalha nova, o quebrar do tempo em cada comentário e depois partir de novo, na descoberta do visível, de ser visto por fora e ter o dentro, as costuras que não explicam e o que sobra enrolado, desenrolado por espaços e poeiras, tocadas no silêncio de serem sempre diferentes, as costuras desenroladas como orações repetidas, de nunca o serem.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Comentários do que há e não há.

Portugal no Europeu e a sensação de poder mais, ou de ser pouco este estrebuchar de palavras, das palavras que atropelam o vazio de pensar, desfeito, abstracto, liquefeito no deformar de imagens inexistentes. Soft ou hard, de sonhos, de janelas que se deitam fora, em cada virar de esquina, em cada esquerda, em cada direita, em cada finta conseguida, na falta dela?
O tempo sobra sempre, para pensar, que se pensa e os universos todos esvaziam tudo no debater de cada condenado, de o ser, de o sermos todos, o instante de um assobio, de uma falta, de uma paragem de para sempre, enquanto tudo segue, sem paragem, arredondando arestas em cada pontapé do tempo, em cada pensamento redondo de um tempo que, já, não lhe pertence.

Três anos feitos hoje, de o encontrar, de o ter ainda, de sentir que vivo ou de viver para sentir que o faço ainda, nuances como pêlos caídos ou unhas cortadas, importâncias de nada que dão valor a tudo.
Há e não há, sensação por sensação, momento de serem todos presentes, um a um os momentos, como presentes, saudades do mais novo ausente, do mais velho, do meu filho presente.

No fim da página o"  sem comentários" parece tão negativo e tão vasto, preferia o " 0 comentários" que parecia delimitar o vazio, num circulo que o guardava e de vez em quando partia.

domingo, 24 de junho de 2012

O quebrar do conhecido

Acontece e é quase natural esta necessidade de pontos finais, esticados e partidos, do peso ou da falta dele, desabados, tombados, partidos de paragens agora desconhecidas, num percurso de ainda ser feito, leve de uma carga renovada, em cada paragem, em cada hiato de parecer, que se quebram as pontes do conhecido, acumulado numa colecção de tempo, quebrado, momento a momento.
Vão ser três anos, a 3 de Julho, um abismo incoerente, de estar, de ser eu que o faço em cada instante, de querer entender caminhos de nunca os ter feito, culpas de as sentir todas, uma por uma em cada desculpa, encaixada fora do tempo e do espaço.

Breyvik está inocente, acredita no que fez e só uma crença, do tamanho de um universo negro, permite tanta canalhice, tanto gullag, tanto Lidice sur Glane, Orando em tapetes de bombas de tantos nucleares sentidos.
De serem gémeas caíram no mesmo dia e as razões todas, na poeira e nos mortos se perderam, as razões todas, dos lados todos, de não haver razões perfeitas, só Homens imperfeitos e culpas, culpas que já só servem de desculpas.





8 PRECURSOS DOS PERCURSOS


3
Cortei hoje do acer negundo
o galho em que o meu filho
se pendurou
e mais dois para equilibrar
a contenda exterior
porque da interior já os passos dados
se fizeram tão pesados,
tão repisados
que nada mos pode cortar.

Eu tenho dois filhos
é o presente que ainda me resta
um é novo e saudável
o outro novo é e está em coma.


sábado, 23 de junho de 2012

Riscos

O silêncio mantido dentro, quase quieto, lento, no apetite de não o romper, erguendo, subindo e quedando-se ainda.
Um pouco mais, de um silêncio dentro, no silêncio dentro, quieto, mantido em segredo, lento, no som de duas viagens paralelas.
Dentro e fora em velocidades diferentes e o som constante do silêncio, o ruído de estar e aprender a vida, vivendo-a, neste desaprender constante.
Estar preso por fios, finos fios, de só assim sentir, o aprender que se desprende, de cada segundo dentro, de cada segundo fora, como linhas riscadas, paralelas, viagens de linhas, de horizontes riscados nas migalhas, de infinito e perfeito prolongadas.


Do que apanho incompleto se faz o que arrasto sempre, de completo, em cada risco, de tempo, em cada pedaço que se espalha, de nunca se apanhar, de nada tudo.
Circulo de arestas arredondadas como um bolo de migalhas, espalhadas, que ninguém apanha

riscos de uma cabeça, que não se entendem mas existem, como riscos de preencher espaço, longos e largos, curtos e estreitos, como se a função deles fosse essa, só essa, riscos de ocupar, como pensamento riscado, de momento e espaço

riscos de Robinson gravados, tempo entalhado e no tempo apagado, risco a risco, no perdurar de alguns, no acabar de todos, incompletos de se completarem

domingo, 10 de junho de 2012

Impressões

Concentram-se de um nada que existe, fazem-se tudo, mais a fasquia e o aperto, o desafogar gota por gota, de um oceano que se esmaga, esparrinhado e sempre fresco, de um espaço que por ele se esmaga.
Impressões, estudos, momentos, notas e desacordos, acordes anotados no erguer de mundos sempre pequenos, mesmo, quando parece imenso, o que brota da torneira gotejante de sentir. O impossível sempre possível, das mãos, dos limites de cada segundo finito de a todos tentar sentir, plenos, de um infinito que por eles passou, como corda desenrolada no atrito de tersido. 
Dois rabiscos,ou três, ou quatro, ou nenhum como silêncio que marca os ruídos todos, tecidos nas melodias de ouvir o que já se acabou, repercutido num eco dos tímpanos, nas gotas entupidas de ainda correrem, de um lago vazio para o vazio de um lado vazio de ainda estar vivo. Impressões, teatros e vida, máscaras que enfeitam o visual de estar, de ser, gotejantes de segundos que agarram como seus o ter e o tersido, os componentes todos, as avarias todas, entupidas de estarem vivas em cada risco, em cada esgar, de ter, deter, de ter sido.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Tocam sinos

Tocam sinos e pequenas sinetas marcando o erguer dos pés e o coração que bate espantado, de o fazer ainda em cada toque de uma sineta baixa, de cabeça erguida, às tormentas pequenas de copos quase vazios, de estarem tão cheios de afogadas tormentas, medidas e desmedidas, distantes e tão próximas, pequenas e tão grandes, de os ouvir a todos, vibrando sempre como se a cabeça fosse um mundo, de o guardar sempre, em cada som em cada vibração, de serem enormes, os sons de os ouvir meus, imensos, na pequenez de tudo.




13 Pontos de vista


3
Constantes perpassam as ilusões de estar vivo
e de olhos fechados tudo tem a razão
de um cansaço que nada pergunta.
Constantes perpassam as desilusões de estar vivo
e de olhos abertos tudo ganha a razão
de um cansaço sem respostas.


domingo, 3 de junho de 2012

O Nascer das Imagens

Em cada nascer, erguem-se imagens como um puzzle, das possibilidades todas, misturadas mas todas. Depois somam-se as peças, dias e disposições, meses e perdas, anos falecidos e há momentos em que as imagens parecem trocadas, todas, fora do sítio todas, encaixadas de terem sido forçadas.
Momentos também há, de haver luz para o certo e para o errado, horizonte de imagens fugidas de uma perfeição que o sonho pareceu ter. Depois escorrem os tempos de um tanque para outro, sobram, negras e brancas peças, que escorrem e se encaixam de não serem estanques os momentos.
Olho a paisagem quieta de o ter sossegado, não é o que foi, é o que tenho, encaixado numa sorte de ainda estar vivo. Vinte e cinco anos e não falta muito para que se façam três anos, de estar diferente, o meu filho que agora não é bipolar. Aonde encaixam as peças negras de parecerem todas iguais?
Em nenhum lado, ficam no que calha de dias que correm mundos, encalham e assim encaixam, aceites e escondidas de se fazerem tão sagradas, que tudo é sitio tudo é templo de fingir sossegos de não os ter.
Imagens como palavras que correm, musica das imagens todas, amarradas aos sons todos, ao silêncio impossível, ao tempo que se alonga em venturas e desventuras, o tempo todo venturoso, enorme em cada suspiro de haver vidas, que nem isso parecem ter sido,
mas viveram. 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Acabar

Invernos como infernos que se acabam, de tudo se acabar.
Primaveras sucessivas, ressuscitadas, molhadas ou secas, ano após ano, miudezas que se acumulam, grandes como dias estacionados, insensatos e sensatos e o tempo passa, os passos diluem-se direitos, pequenos, no aguardar do melhor, do mais perfeito, no há-de vir, no acabar de ainda haver um recomeço por ceifar ainda, quente, quente de olhar e não ver dos dias que passam, o perfeito de cada um, passados um a um como presentes constantes.
Unidades de tempo, referências permanentes, vagas, vazios de encher e de vazar, miudezas que o são, sempre, e não parecem.

O centro do mundo numa Tabacaria, certo e desfeito, certo e refeito, desfasado de nada ser certo, num tempo que arredonda os idos e os vindos e tudo é tão real como ser e não ser.
Universos paralelos de razões, certas, certezas racionais flutuando num universo incerto, paralelo, como se a luz acabasse em cada espelho, que se lava de uma sujidade que o tempo lava sempre.
O que dói, quase o esqueço nesta busca baldada, do lado que mais quero, do lado certo, do real que já tenho, engolido a seco, de o ser por pouco tempo, de ser o que encontro e o que perco sem pena, de já ter nascido depenado.
Quantos são os graus da bebedeira de estar vivo? Quantas voltas se ganham para entontecer, a tontura de nascer?
A Tabacaria como centro, referência que permite o regresso, das viagens por tudo e por nada. Musas e carroças que todos podem e o Esteves certo e real, no fim de uma volta que se retoma, de ser sempre nova, a volta.
Escrever para sentir, ou sentir para escrever. As coisas não param e as sensações contam sempre, as primeiras quase sempre, como definitivas, depois vem o sumo de pensar, de tentar, de repetir, o arrastado sentir de cardumes vazios e as volutas de fumo preenchem espaços, tonteiras e devaneios de estar por aqui, ainda, no sitio de não haver outro e o coração compra, os momentos todos e aguenta.
Das pedras de Guimarães, à menina que centrou a Tabacaria, tanto, no seu centro, que segundos, que pedaços, que miudezas se perdem, em cada ganho de tentar entender, de cada segundo, o que se respira e não se entende?
Klee vive ainda, ou sempre, nos borrões mais feios, nas aguarelas escorridas, no sonho de entender o sonho, sempre, quando o sonho, escorrido, prolongado no ser de todos o borrão de ninguém, que todos podem sentir................................................................................  

sábado, 26 de maio de 2012

Paredes de Guimarães

Paredes sem telhado, lembranças de calores idos, erguidas como lápides de um tempo mais morto, que os mortos desse tempo, glorias de fogachos, nas marcas incrustadas nas muralhas ainda erguidas. Berço de embalo nenhum, Portugal dali começou, inchou grandioso, encolheu democratico e livre, de poder gastar tudo hoje e pagar no amanhã, que vem sempre longe.
As casas de outrora, que rodeavam as muralhas, são agora jardins desfeitos e refeitos, sempre fora do prazo.


8 Precursos dos percursos

2
Foi como ter nascido colado a um edifício
e durante muito tempo
o Mundo foi a visão daquela pedra
que arranhava, lavrada num pico grosso
velha de muitas intempéries
e de tantas cores brilhantes
formadas rente aos olhos
como visão única.

O tempo e a consciência
foram descolando as visões
e devagar, muito devagar
permitiram a distância
e as pedras foram-se multiplicando
.
De inicio ainda as sentia distintas
mas pouco depois
já só pareciam
pedras iguais.

A visão da primeira parede foi maravilhosa
e criou a urgente necessidade das outras
que longamente foram apreciadas
na lentidão de um longo trajecto
na distância segura das visões
que pareciam certas
e rodeavam o centro
que parecia certo mas distante
na distância certa.

Depois veio o cansaço
e a vontade de pertencer.

Tentei encurtar a distância que se alongava
e encontrei portas,
muitas portas nas paredes todas
e das que não tinham a minha medida
às que estavam fora do tempo de as ter tido
nenhuma me servia e eu continuei andando
naquele vazio de andar em circulo
num desgaste de pedras interiores
incapaz até de encontrar a primeira visão
perdida
no sucessivo acumular
de pedras iguais.













segunda-feira, 21 de maio de 2012

Marcantes

As datas nas moedas que arrumo, velhas ou novas, velhas de estarem novas, sem uso, ressuscitam mortos, mesmo as novas de estarem velhas, mortos que a lupa parece ver, antes de ver e depois desfilam consentidos, neste entreter de moedas, coleccionando momentos, que se arrumam entretidos e lentos, de parecerem repetidos em cada retorno, datado, no seu circulo.
Foi antes de ou depois de, no acaso ou no momento que se prolonga ou fechou, como se fosse possível haver círculos estanques, nesta espiral que se ri, do que sobe, do que desce, do que pára estonteado, desta droga viciante, de estar vivo e recordar, ter lembranças como espinhos, cromos que parecem faltar sempre, de os ter, já, de nunca os ter.
Arrumar o que na cabeça parece livre, de circular de ponto a ponto, encerrado num vicio arrumado.



9 Analogias de tudo e de nada.

8
Procuro entender
o que não é
para entender
e cada vez entendo
com mais lucidez
o que não entendo
porque há razões
que funcionam sem razão
e há lógicas que se impõem
de nunca a terem tido
e no concreto palpável
irrompem
repletas de razão
trasbordantes de lógica
irrefutáveis e concretas.

Tex do que magoa e não se explica
Leiria do que dói
e connosco fica
Allen do que vai e tudo complica

tudo se aninha no centro
dos sentidos perdidos
perdido
sem senso no sentido
de nunca o ter tido.


















quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ver

Acredito no que vejo, de olhos fechados, recriando horizontes como ondas, alargando pequenos pontos, sentidos e significados que a lucidez de olhar, nem sempre permite, do que é pequeno a verdade de ser grande e acabar. De olhos fechados, rebobinando filmes, vendo imagens, tão perto e tão longe do pensamento, do passeio de estar quieto.
A frescura de estar cansado, enquanto ouço o "Adagio cantabile" da sonata " Patética" pela terceira vez, paro como paro constantemente, deslumbrado e lento de sentir o perfeito, o infinito já criados por momentos, nos meus sentidos que se alargam e procuram, na frescura de estar cansado, o esteio que me agarra ainda e sempre, a este cansaço que por momentos, constantes e lentos quase agarram, a perfeição de cada momento.
Palavras de haver sempre, de não as ver, num sentir que se faz gago, magro de tanta abundância. De um Mundo inteiro, fresco, se faz o cansaço de recomeçar, os dias todos, um por um, de todos serem únicos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

gostei de os reler

7 Elementos do Espirito

7
Nos dias em que o barulho me permite paz
e por mim pensa, eu sou
de tentar, o vazio que se preenche.

Nos dias em que o barulho não me permite paz
e me bloqueia, eu também sou
de tentativas, o vazio que me enche.

Nos mesmos locais com as mesmas pessoas
eu não sei o que se fez
de tão diferente
para pior ou até para melhor
no que eu vejo de me rodear
no que eu sinto de me tentar sentir
no que eu penso de tentar
no que eu penso de nem isso.




11
O tempo passa num passatempo
que nem sempre passa,
retardado nos escolhos
de nenhuma escolha,
afundado
na lentidão do que mais custa
mas passa.

O tempo passa
afogado nas sensações que voaram
incapazes de serem retidas
fora do tempo delas
delas,
rendidas ao que as pode
e logo as solta perdidas.






sábado, 12 de maio de 2012

Não há palavras.


Somente as  necessárias, as de  cada ser vivo, repetidas e constantes, de serem sempre as mesmas, diferentes, dos segundos sempre diferentes, como contas de escorrer, transbordar o tempo todo, pela vida toda. Somente as necessárias, infinitas, de não haver gotas iguais, de ter nas mãos escorrendo constantes, praias de areia sempre diferente, grão a grão, partícula a partícula, de serem inícios sem fim, universos em cada canto e eu num curto espaço, num recanto de palavras que sonham, o tempo de as ter emprestadas.
Salonen, Richard Strauss e a " Metamorfose" que ouço repetitivamente nos últimos dias, sempre como se fosse a primeira vez, sonho as palavras que nela se guardam e como todas não entendo, do tempo e dos sons o serem sempre diferentes, as palavras e as vidas, palavras vivas, que o tempo acaba recomeçadas.
Coerência de sentir o fio que une os trapos, do tempo, da cabeça e de pensar, nem sempre bem e ter que dar nome, ao que vagueia pelas estrelas, de as querer a todas na cabeça, de olhos fechados, num encontro constante, de praias perdidas, nas mãos abertas escorridas.


6 MOMENTOS

26
Sempre na areia tentei escavar
na busca do que não sei
de areia que parece sempre igual.

Molhada por vezes
ao sol seca
e parece depois
ainda mais igual 
enquanto seca, resvala para o buraco
que nunca mais acaba de se tentar.

Constante desaba
parando de vez em quando
por momentos curtos que escorregam
enquanto tento na forma e textura
por momentos
encontrar a novidade
que não surge
na igualdade dos grãos
sempre iguais, sempre iguais
na igualdade que nunca os repete.

Nenhum é igual mas todos o são
no que eu tento de buraco que escorrega
e nunca se afunda
nunca se ergue fundo
incapaz da firmeza
enquanto escorrega
persistente e constante no que é
de buraco que não se afunda.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

1000 Portugueses

Um número redondo ,que foi crescendo, nestes últimos meses, de leitores ou curiosos deste blogue.
Vazio porque se enche, cheio porque recolhe faíscas e só guarda delas, momentos,inspirações ou batimentos de estar vivo, como vazios de entretanto, como luzes visíveis de se fundirem, na visão e na falta que as apaga.

Conhecimentos como água límpida, que se bebe, que parece saciar e o faz, de parecer, de ser.
Depois há gotas que turvam, o que se conhece, o que acontece e nada parece do que parecia persistir.

Medidas que se unem, desiguais, como de uma corrente pedaços, que se colam justapostos, prolongados de haver memória e sentir que dela ressalta, uma corrente aos pedaços, que se colam, que se desenrolam sempre, de ainda o fazerem, neste conhecimento, supremo, de desconhecer sempre, dos desenrolados, os que rolam, os de ontem, os de hoje no acordar de madrugada, no sono cansado de não conseguir dormir.
Medidas de tempo, que se unem no tempo, valores que trespassam vidas e persistem nos Sasssetis que morrem e nos, que              os persistem, sobreviventes de poderem ouvir, ainda, a " Metamorfose" que ouço como respiro, de o fazer mais vezes, para poder ouvir mais vezes, os sons de estar vivo, estes e outros e são tantos, vivos de estarem mortos, neste momento vivo, sucessivo de olhar um dia de cada vez, no Luís que respira, deitado e dependente mas vivo, metamorfose de o ter tido e de o ter agora, diferente, tão diferente e vivo.
De mortos, de vivos e esquecidos se faz esta régua tortuosa, de andar direito nos passos tortos, de entender, desentendendo cada pedaço, de cada mão, de um tempo de não agarrar tempo nenhum.
Palavras como latas de tinta atiradas, rabiscos de o serem, rabiscos e só isso.

domingo, 6 de maio de 2012

Oscilações

Enganos repetidos, variações e fuga, o tema é sempre o mesmo, o assunto é uma longa esquerda, uma direita ainda igual e o zero que coloco no meio, no ponto de tentar as variações todas e fugir. Negativo, positivo e o zero das neutralidades impossíveis, pontos visiveis que se parecem tocar como mentiras, verdadeiras mentiras, verdades que mentem a verdade de estar ou ser, aparentar ou parecer de uma cor o branco que foge sempre, da cor que se perde sem ele.
O Sol entra quente na janela que o solta, pelas sensações, teclado, emoções da chuva. Da pausa do sol ou da chuva, o recordar de um e de uma, em cada prato da balança, perdida do zero infinito, por alcançar, em cada sensação, em cada cabeça encontrada, na chuva que vem e no sol que lhe sucede como variantes infinitas,do vazio de cabeças repletas.


4 CIRCULOS QUE SE ESTREITAM, VASTIDÃO QUE SE ENCERRRA.


8
A um nada se soma outro nada
e o tempo passa
e tudo se acaba.

Tudo envelhece e tudo apetece
passo o tempo adormecido
na inércia que me vive
tudo envelhece e nada apetece.

Preciso do que me rodeia
para sentir que se acaba
preciso de sentir tudo
para nada sentir.

Preciso de apalpar cada pedaço
do que posso e faço
em cada passo.
Preciso do perfeito
que em nada sinto
e contudo é em cada pedaço
de cada passo que se acaba.

Preciso da procura
que não encontra
preciso de olhar
para não ver.

Preciso do vazio que me enche
para que de mim transborde
no vazio que em tudo sinto.

Preciso de sentir
que não o faço
para sentir do que sinto
o que nunca farei.

Pouco a pouco se fecha o estreito circulo
que a todos fecha
e com todos se acaba.