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domingo, 10 de fevereiro de 2019

15 MEDIDAS



Há momentos de ter as cores todas
e há momentos que parecem mais longos
de não as ter
ou não estar nelas
com elas
mas arrastando sempre

delas

a lembrança
que permite a lógica e a razão
de ainda permanecer
de estar
sujeito aos caprichos
de ser
das cores o jogo cinzento
que escurece mas nunca fica negro
na descarga que ainda vem
sempre
antes de o ser
antes do ficar irremediável.







Sentir o vazio da massa que se calca
de não a ter calcado
parecendo vagos os momentos
nos momentos vagos
esquecidos de calcar
vagueando presos
aos desvios todos
do pensamento
às encruzilhadas, desvios e becos
escolhidos e percorridos sem pressa
no gozo de haver momentos
alheados da pressa
e do calcar
por momentos.








Antecipo os momentos
que depois acontecem
descarrilados de um guião fraco.

Antes, durante e depois
fica repleta de emendas a brancura de cada instante
e não há segundo que se repita
nem lição que ensine a viver.

Tudo parece
que acontece
num tabuleiro de xadrez
que afinal não há.

As peças de cada cabeça
que afinal há
em cada uma

mais o tabuleiro de as conter nas estrelas
e no chão

nas jogadas antecipadas
que depois acontecem

descarriladas
das peças de cada cabeça
que por instantes, repletos de emendas
parecem permitir uma aragem de infinito
num sopro de eternidade
curto
descarrilado.







JULHO
Já nem me sinto culpado
sinto a culpa toda
a culpa de uma condenação
que dei em vez de receber.

Os passos todos que foram dados
e tantos tiveram a preocupação
de mo anunciar
ficaram gravados no meu sempre
ao lado, em redor
por dentro e por fora de tudo.

Nestes dois anos uma vida mais longa
do que a minha
anseia embebedar os instantes todos
e nem isso pode.

Parecem vómitos que me sufocam
constantes de os saber meus
para sempre
de os guardar nesta bebedeira
de não a ter em cada instante
nos passos todos
que foram dados
e no meu sempre
para sempre colados.