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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

PESSOA de MUITOS feito, em Palavras se desfez, na alma de quem o lê se refaz eterno.


No meu primeiro livro de 1986 e publicado em 2013, 
há como sempre haverá em tudo que escrevo, textos sobre, 
à volta de, em redor de Pessoa. 


JORGE BRAGA
Nasci a 29 de Setembro de 1958
Aos dezasseis anos sonhei que
poderia escrever bem. Rasguei o
que ia fazendo até 1986. São desse
ano os primeiros textos deste livro.

Foi assim que me apresentei e no dia de 
hoje os partilho, quase infantis na distância, 
estes dois textos com " Álvaro de Campos"
na cabeça.



9
Um pouco desse calor de consciente vivo
desse sol que me treme
e eu sentia mais o que já sinto
seria mais consciente do que vivo
nesta inconsciência que me vive.

Sou pedaços que uma mão acaso
de muitos tentou fazer um.

Em mim não há estrada
e Sintra é uma pena que sinto e não tenho
em mim há vida e há restos que faltam.

Sem Chevrolet passeio emprestado
ao que me rodeia por estradas de ninguém
passar é ser sonho que pisa chão
procura que do encontro foge
sonho sem sonho que se sonhe.

Umas vezes mole e outras duro
na mesma me desgasto no que não é meu.

Passa tempo nevoeiro
com marcos que confundem
viagens que não faço a vazios que desconheço.

Passa o que passa e eu passo
nem comboio nem ponte
ilusão passageira.





11
De ti fiz um monolítico monumento
a uma divindade que não foste
a uma divindade que desconheço.

És profeta de verdades que não alcanço
és questão de respostas que o infinito me perde.

A teu lado serei sempre fraco mas aguento
a tua mensagem não me encontra
porque perdido a procuro.
Em teu redor ando em teu redor vivo
nada me impedes, nada me roubas, nada me dás
e tudo me vais dando, impedindo e roubando
em pequenas escuridões que se fazem luz e logo se apagam
em momentos que nunca serão meus e logo acabam.

Em teu redor ando e nada pára à nossa volta
num tempo que só teu é me perco
enquanto passa o tempo de ser eu.

Vivo e canso-me e cansado vivo descansado
sem pressa te olho sem pressa me olho
nos segredos que em ti cavo um pouco me decifro, um pouco
sempre um pouco, sempre um pouco me decifro e me perco.

Em teu redor ando e o mundo nos rodeia
e há universo e há infinito
e há deus que não creio e fé que me foge
há céu azul e longos cantos de alegre tristeza
castelos virgens que o sonho não sonha
há pedaços que tudo fazem e eu no meio
perdido ou desencontrado, procurando ou vivendo.

De ti não quero respostas
a questões que são só minhas e desconheço.
De ti a diferença me basta a igualdade me inibe
tiveste caminhos mas são teus
não dás boleias, nem a ti me desejo agarrar.

O que tenho não tem o que tiveste
e a tua luta de espelhos vazios foi só tua
em ti se partiram e os cacos são só teus
só tu os sentias só tu os vivias
o meu fervor por ti é falso
o que sinto é através de mim que o sinto
é falso mas é único, és único.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Luz espelho da imagem.

Vi ontem uma bela imagem
repleta de cor que os meus olhos espelharam
repleta de infinito, no que cresce, no que diminui
no que vi e os meus sentidos espalharam.

Revivi a pequena lata de fermento
e a noção de infinito, na imagem que diminuía, diminuía
dentro da cabeça que entendia vagamente
a imagem pintada na lata de metal
que fazia crescer os bolos, fofos gulosos.

Da expansão infinita ainda me falta a luz
de a poder sentir, nas cores de um silêncio eterno.
Faço parte de uma corrente desmesurável
no espaço e no tempo, compartimento de vivos
e de mortos, mensurável no espaço ou no tempo?
como folhas acumuladas, como volumes amontoados?

Pedras que o tempo desfaz, formas que no tempo se criam
os dias são feitos de cores sempre novas
e as palavras renovam-se, multiplicam-se na magia do silêncio

único companheiro do infinito, silêncio da corrente que desenrola

limite das cores e das palavras, dos sons de ainda, não terem eco

de serem de um caminho, a promessa sempre à frente
de quem caminha esgotando sentidos, em cada palavra nova
em cada cor, em cada silêncio redescoberto
na paisagem de todos os dias haver um Presente
uma linha do Horizonte e um Prosseguir
que se une ao Infinito, desconhecido caminhante
de andar sempre Atrás e à Frente.

Palavras maravilhosas, esgotadas de sonhos sem elas
pequenas fadas que abrem janelas, descerram cortinas
e riem da luz que as faz invisíveis, unindo-as às palavras e às cores
no silêncio das asas silenciosas.







sábado, 21 de novembro de 2015

Fadas em cada flor----Duendes em cada pedra tropeçada...

Fadas duendes
escondidos na terra
irrompem
como flores do ouro de Outonos
folhados,caidos

expirar, inspirar e olhar e ver cores
ou flores ou fadas...flores
que nada pedem.

Existem fadas como flores ou flores como fadas
surgindo do silêncio da terra
às cores
dispersas,
escondidas ou descobertas
em cada olhar de um sonho
sem nome, sem fim, acordado

de acordo, sonhado, dormido.

No silêncio de pensar, procuro no sentido do Infinito
a palavra paz
que encaixe perfeita
nas caixas de "ideias" que abundam
nesta poeira do Universo....

Seixos que no riacho correm transparentes
no arredondar das formas
erodidas e as cores...
e os sonhos que não flutuam
nem voam
ou voam ...na transparência azulada
que espelha por vezes .....
Imagens, imagens ou sonhos que nelas se transportam,
e nelas se espalham
breves de simples e belos,
longos de aprendidos e fortalecidos.

....e não encontro, nem respeito nem vontades
nem amor como luz dos recantos todos.
Amarelos, vermelhos de vida, verde e azul
de o abraçar,
partilhando silêncios de haver respostas
para tantas perguntas escusadas
no coração guardadas.






terça-feira, 17 de novembro de 2015

AZUL.

Palavras novas
ou silêncios novos
cores novas ou luz que as muda
correndo-as lentas
no escuro que as muda.

Azul frio, azul gelo
escorrendo sons do céu
no silêncio azul de o sentir pleno
dentro, azul, dentro
do sonho que o faz pleno
e não acaba
nunca
azul
pleno.

sábado, 14 de novembro de 2015

Le Silence.

Silêncio pode ser uma forma de horror
como são o negro e o branco
no aglutinar das cores
no negar delas.
Silêncio como espaço entre
e entre
escolhas, cores e pensar
lentamente
no apagar branco, no acender negro
lento, extremo............
Charlie e o repensar das ideias
neste haver de deuses
de idiotas e vida
que o sonho nega
que a realidade aninha.
Charlie e no canto de um Mundo que sangrou liberdades
morreram Homens livres
descendentes directos
de milhões de lutas que nenhum deus
pode eliminar.
Bataclan hoje e Paris de novo
horror, estupor
vontade, vontade,,,,, de não ser igual
de olhar de ver de aceitar de querer até
sem pontos sem virgulas que não somos iguais

somos

até demais
Les mots d'amour sans couleur!
as palavras parecem pensar os silêncios
entre batidas do coração
entre este Presente de hoje
e o Presente eterno de amanhã.................................

O Silêncio pode ser uma forma de amor
no respeito pelas vidas todas
todas....




quinta-feira, 12 de novembro de 2015

De 14 DEPENDÊNCIAS.

8
Hoje senti de novo
a beleza das contradições
o valor de não estar certo
o incompleto que em tudo reside
de não haver mão que agarre
nem cabeça que abrace
o completo que em tudo reside.

Hoje parei em cada pássaro
o voo que tardava
e depois voaram
de um canto para outro
redondos e silenciosos
de os ouvir
como quem ouve silêncio
e dele retira
os sons todos
e os silêncios todos
e nada mais importa.

Hoje senti que finjo a vida que tenho
e de tanto a fingir me agarro com mais força
ao que traz, ao que traz e eu agarro
arrastado por uma corrente
que desagua em cada esquina
de ainda não ser a minha
e é tão fresca
esta água que me enche
em cada instante
de não o sentir
para só a sentir
a ela
fresca e eterna
em cada momento.




sexta-feira, 6 de novembro de 2015

de 10 LUÍS por engano coloquei 6 na mensagem anterior

30
O espaço não conta
e o tempo de o ter ainda menos.
Tudo parece ter sido
o sorteio de um degrau partido
a queda inevitável
num jogo giro, escondido.

Vai-se sujando a parada vasta
que a todos calha.
Há quem limpe
e há quem não o faça
nunca.

Uns limpam varrendo
e juntando pequenos montes
que depois apanham
um por um
enquanto outros arrastam
e só apanham
quando a vassoura que os varre
se verga ao peso do recordado
para que assim
se ajunte dos cantos
um pedaço dos cantos todos.

As cores assim unidas
de arrastadas
dos momentos se fazem
coloridos momentos
como riso de crianças,
como ventre de esperanças e desejo
como satisfações simples
que a cabeça nem guarda
de serem dela o lubrificante
que só falta quando emperra
na falta dele.

Arrastar as cores todas
de um arco-íris desencontrado
do branco
que se busca,
como busca de um grall palpitante
de cada um
e de ninguém
tanto é de todos
que tudo o abraça e nada lhe deixa.

Branco que se divide,
na brancura de tudo ser branco
branco que se perde ofuscante
de permanecer ainda mais branco.

Branco que houve, ou não houve
varrido ou desmanchado
no escalpelar de sensações
dos momentos que se fazem curtos
de se fazerem sempre brancos
sempre.

Ficam sempre brancas
as paradas todas
curtas ou longas, grandes ou pequenas
todas se agigantam iguais
e do que arrastou ao que nem varreu
se faz a brancura toda
da igualdade
do fim.

Um suspiro longo
e a brancura toda
depois.







de 6 LUÍS de 2010


21
Na descoberta do que parece importante
há patamares que sobem
mesmo quando descem
e encontros escusados
que depois permanecem
no acaso que os fez importantes
para quem os sentiu
no gozo dos instantes
no ocaso de cada um,
de cada instante.

Patamares que descem
na nossa subida
noções que se perdem
de estar lá
e noções que se perdem
de não estar lá.
Abrangentes se tentam as visões
na fuga desta perspectiva
que a todas engarrafa.
Afunilam-se estreitos os pensamentos
todos
os que nunca houve
sempre em primeiro
os recusados
a seguir
e depois os que flutuam,
incapazes de afundar
no peso que não conseguiram
incapazes de voar
na leveza que não atingiram.

Perde-se em cada patamar
a sujidade que é minha
na sujidade que não é minha
em cada noção que se apalpa
de não ser nossa
para que o seja,
pouco depois, ao ser sentida
revestindo a couraça de ser
numa outra camada
de nunca ser a ultima.

No sorriso do conformismo
cansado mas não desistente
ganha-se
a noção do infinito
que se apalpa vazio nas mãos
de estar sempre
para que ninguém o agarre
vazio de estar

sempre

no vazio das mãos vazias.








domingo, 1 de novembro de 2015

!0 LUÍS 2010 do meu filho ainda vivo, ainda.....

6
Remexo constante
o bom e o mau
que permitem o razoável
ondulante.

Não há linhas nem marcas
que me façam parar
ou entender
do que está feito
a solução
de não haver solução.

Fico sem ela
assim
e numa massa
que se vai fazendo
vida
no tempero que calha
e nem sempre agrada
se vive.