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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O pé direito sonha ser esquerdo.

Releio momentos, palavras que os despertam, buzinas de um trafico quieto, quieto de ser curto, no espaço longo, de uma cabeça, de encerrar tudo como nada.
Buzinas como ecos dentro, de acordar, acordar vontades, perder ou adormecer momentos, que retornam diferentes, nas palavras iguais, que o tempo mudou, nas noções que mudam, desenroladas segundo a segundo.
Começar sempre com o pé direito, deitar fora o esquerdo, ou os passos perdidos pelo meio.
As palavras envelhecem nas sensações sempre novas, nas palavras sempre diferentes, consoantes do momento, melodias que soam bem e nada dizem.
Os encontros fazem-se desencontros e os desencontros encontram-se. Realidades perdidas em cada cabeça, sonhos e visões que se amontoam num jogo de perder sempre, para poder ser e perder sempre.

"Não há qualquer razão para que uma história seja como uma casa, com uma porta para entrar, janelas para ver a paisagem e uma chaminé para o fumo. Pode muito bem imaginar-se uma história com a forma de um elefante, de um campo de trigo, ou de uma chama soprada de um fósforo."

Moebius que morreu quando Giraud se foi, palavras de imagens como ecos de imagens com palavras, sonhos reais na forma que lhes foi dada, permanecem sonhos ou são reais no permanecerem?
O código de ser manda desaprender sempre, encher a garrafa de a ter vazia sempre e ter a forma dos espelhos todos, no partir de todos em cada momento.









domingo, 28 de dezembro de 2014

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.

36
A poeira do caminho
vai-se acumulando
camada por camada
dando peso ao caminho.

Poeiras diferentes
que se acumulam
como postais,
marcos de trajectos
que a vontade repete de os recordar
nas cores
de sentimentos desbotados
que parecem as mais vivas
de serem sempre do que já não há
a recordação que mais perdura.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A Verdade culpada.

Extremistas ou não extremistas, Humanos e.... Humanos aos milhares de milhões, repletos de razão em cada um, repletos de razões no pertencerem, no serem espaço, espaços e vazios de encher, de pertencer ao que calha e ao que vem.

Vem o Natal e o ano inteiro de boas intenções, nele se perde, nele se prende, amarrado às crenças e à descrença, às verdades pequenas. à Verdade de estar vivo.

Aceito a fé de cada um, de quem pode, de cada crente que se une a um deus e dele faz a sua imagem, amarrando linhas, arrumando sentidos.
Aceito o que para mim rejeito.
Do Universo que se expande, tento resguardar este recanto de vida e de morte.
Do Infinito, sou gota, de um oceano que cresce, sem fim.
Espelhos de não ver, as diferenças, que nos fazem iguais.
Os deuses crescem humanizados, por quem os sente na cabeça, ou no coração dos instintos, criticar ou apontar, a um ou a outro, defeitos de concepção é andar às voltas, de criadores a criados.
Tudo passa pelo universo entre as orelhas e para fora brota ou escorre como infernos, como paraísos, de quem os tem, na cabeça encerrados.

Milhões de anos luz, um tempo que só aqui se conta, como se não valesse nada, tão finito é, neste constante vindimar de vidas, nestes buracos negros por cada uma, em cada cabeça de viver ainda.

Em nome de... por vontade de...e o sangue corre louvando...lavando o poder que também corre, o dinheiro em nome de...o entender que se perde em cada degolado, crucificado, apedrejado, em cada criança culpada de estar viva.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PRECURSOS DOS PERCURSOS.




8
O pote
tantas vezes foi à fonte
que um dia aprendeu
e com jeito se partiu
derramando num jorro
as maleitas todas
as queixas todas
e secando mais rápido
do que a vassoura que o arrumou
sem préstimo
para o canto dos cacos idos.








sábado, 13 de dezembro de 2014

8 PRECURSOS DOS PERCURSOS.




46
Dizer que a verdade não existe
é reduzir tudo a nada
é negar o que há
de verdade em todos os cantos
pequenos e insignificantes
mas verdadeiros
na dimensão que podem.

A verdade é um percurso
que todos podem
na dimensão que podem.

Somos tão distintos, nos jeitos,
nas cores e feitios
que nada poderá ser de todos
igual para todos
além de uma verdade vasta
que todos agarram
no que podem, no que conseguem
e acabam quando se acabam.

Esmago os seres todos
todos
e com eles os anseios, o riso e o choro
o pequeno e o grande, o perdido e o achado
e de todos obtenho a mesma luz

Verdade
como se fosse a luz branca
que de tantas cores é formada
Vida. 


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.



20
Chocalham as peças do dominó
espalham-se cartas sem sorte
e dos muitos que escapam
se escapam os muitos
que não escapam.

No rodopio do silêncio
em cada lugar que fica vago
e logo fica ocupado
se faz o crescente e a cruz dos que ficam
e dos que se vão
com ou sem religião
vão
no tempo sempre certo
da nota correcta
da sinfonia sempre certa
da vida que só houve
para quem viveu.









terça-feira, 9 de dezembro de 2014

7 Elementos do espírito.





13
Tolices e asneiras
que se adaptam
que se acumulam
como mobília num espírito
que a quer dispensar
e por isso as permite
na ignorância que as assimila
e com elas fica,
coladas.

O que parece igual aguenta-se
mas depois já não se aguenta
no esgotar da paciência
no acumular que não se vê
e só no fim se sente.

Ver o crescer do cabelo ou das unhas
como vejo do sol quieto a subida
ou da noite a escuridão inundada.
Ver o que se acumula e tanto nos muda
como vejo da vaga enrolada
a areia arrastada
num prolongado
a.a…a.a..a…a.a
de admiração escusada.






domingo, 7 de dezembro de 2014

POESIA.

Poesia.
A explicação das contradições todas, todas como nenhuma e nenhuma como todas.
Poesia.
Explicar das pedras reboladas a pedra que foi, neste rebolar de pedras quietas, que o tempo move quieto.
Poesia.
Vazio de encher vazios e o que passa deixa sempre saudades, de haver sempre, por passar
afagos, canais carpicos de sentir os dedos unidos ao cérebro, ao mal e ao bem como volutas que a brisa une e logo desfaz.
Poesia.
Dos.
Dedos unidos às caricias e à violência, que chispam razões de tudo e nada demente, em cada curva, em cada mente, em cada verdade de as deixar cair nas mãos violentas ou carinhosas.

Ontem fiz jejum, enquanto aguardava, o corte sensível da mão direita, a verdade da fome foi contornada, segundo a segundo, noutras verdades constantes, no surgirem, no caírem, no serem sempre diferentes,as fomes e as noções, de as brincar, de as sentir tempo a tempo, corte a corte, no fazer, no desfazer, no refazer.
A Poesia de avançar um pé e depois o outro, no recuo de prosseguir, o sentir o simples que escorre, de cada momento, na simplicidade que se complica em cada batida, partida, perdida de cada instante.

O visor que eu tentava decifrar dava  linhas, números, tensão, ritmos e pulsações  e eu deitado, sentindo anestesiado, o remexer na mão direita, a conversa que eu não via e assim perdia, abandonando a mão, aos cortes, ao saber que eu sentia, não sentindo quase nada.
Poesia de ter sem saber, de sentir sem entender. o resumo que transforma tudo em numerus. abertus todus à puesia de ter vida como intervalo de nada.









terça-feira, 18 de novembro de 2014

A divina Vontade.

Os noventa e nove nomes de Allah, deveriam ser os nomes respeitados, de cada um dos crucificados, lapidados ou degolados em nome dele, nas razões que dizem ser as dele.
O misericordioso para os degolados ou crucificados?
O clemente para os lapidados ou para todos, os que estão vivos, e só por isso merecem morrer.

A fonte da paz para os divinos seguidores, corajosos e obedientes, servidores de uma divina vontade que enaltece os irracionais todos, as larvas mais rastejantes só por não serem o que eles são, comprados matadores da dignidade, da única essência divina, a vida e a permissão de a viver com a fé, de haver só uma, a de cada um, uma por uma a Humanidade toda.

domingo, 16 de novembro de 2014

30 minutos jardineiro poeta

Ontem atingi as 1000 visualizações do " 30 minutos jardineiro poeta". No ano passado publiquei dois livros,
em parte a este pequeno filme
o devo,
em grande parte ao meu filho
o devo.
Morto e depois em coma, vegetativo e agora em consciência mínima.
Encerrei muito ao longo destes cinco anos, mortos e afastados, os segundos e as pessoas, marcos e tempo e  minha mãe e esta escrita de agarrar  passagens, de sentir e pensar como se alguma ideia nova, de ensinar vida, de viver, ainda houvesse  por descobrir e encerrar.
As "filias" e os "ismos" que nascem e crescem, a fé e as religiões que se fazem tudo e nada são sempre,
neste ter o mal e o bem encerrados na cabeça e nem deles sentir os limites.


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, isso tenho em mim todos os sonhos do mundo.


De Pessoa-Campos a génese dos sonhos todos, dos pesadelos como ideias que se criam brisas, que se fazem tempestades que acabam e recomeçam neste insano pensar o real e o sentir depois, como sons desfasados das imagens que correm sempre, o tempo, que por elas corre.

De Fernando Pinto do Amaral.

O eu sentir quando penso
e pensar enquanto sinto
origina um labirinto
onde me perco e convenço
de que tudo é indistinto,

de que o mundo se organiza
desorganizadamente
nos recônditos da mente
como uma ideia imprecisa
que quando se pensa, sente
...........................................

Do "Apócrifo pessoano" esta poeira de sentir, poeira que para muitos foi o inicio, poeira de pensar e sentir, criar e desfazer, agarrar e perder sempre.
Bolor do tempo de o pensar, de querer entendido o que é para ser vivido.
Amarras de querer firme, a incerteza que baloiça constante, o enjoo certo de viver.

Perco-me, calado se possível, quando ouço pessoas certas, de ideias certas que eu só sinto como balões cheios. Quando penso ficam vazios de o vazio ser meu.
As palavras de sempre já foram ditas e escritas todas e nenhuma ficou esquecida. As palavras de nunca foram sempre as melhores, escorrendo sempre livres das peias, teteias de um fogo extinto nunca.
Caminhos um por cada um, fé uma ao jeito de cada um, soluções todas como linhas cruzadas, enredadas e cortadas todas, como acordes que o tempo não prolongou mais, como sons de os ter havido, como variações de uma fuga permanente.






Pessoa em qualquer edição
Fernando Pinto do Amaral - Dom Quixote ou como no meu caso , revista Visão
Jorge Braga por encomenda na FNAC ou editores.
"Actos Necessários" CHIADO
"Negro Luminoso" EDITA-ME
O terceiro está entregue, mas o segundo, que na minha opinião, se elevou muito acima de mim, necessita de ser divulgado, mais, muito mais e eu continuo no recanto das coisas pequenas que se fazem enormes, aguardando comentários, prometidos muitos, aguardando.





























quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Caudal que não se fecha.

Os extremos coexistem
enrolam e cruzam noções e sabores
desenrolam pontas que se tocam
faiscas que se repelem e logo se unem

amargas ou doces, sensatas ou não
repetindo infinitas, as mesmas, sensações, ventura, ilusões
as mesmas variações de um som
que nunca acaba,
eco de si mesmo
mutante permanente de estar vivo
demente veemente silêncio das palavras todas
no jorro todo de estar vivo.

Os extremos existem
inventam razões de ser
redescobertas de estar
reinventam a diferença no jorro de ir
no pulsar de acabar
de cada riacho o rio que continua lento
ou insano, emparedado
turbulento.
Continua por fechar.

sábado, 1 de novembro de 2014

O VAZIO DOS SONHOS.

Olho do exterior o Infinito de haver sempre mais
olho do interior este infinito de haver sempre menos.

As perversões todas, os extremos todos
rodopiam em cada ser
e as ondas de encher e as ondas de vazar
fazem-se eternas no curto gotejar de cada vida.

As possibilidades todas, as verdades e as mentiras
o incompleto de tudo e o completo de nada
ondulam razões, maravilhas e perdições
como cores primárias esquecidas do infinito de tons
esquecidas das igualdades que se fazem desigualdades
em cada pincelada, em cada som que rompe o silêncio de ser.

O correr dos segundos
com a noção de serem sempre corredores
de por mim correrem.
Cada pedaço, cada caminho, cada vida, cada morte
cada extremo escorrido e de novo solidificado
no gelo da incompreensão
das possibilidades todas
que se fazem gotas de encher o lago
de afundar tudo
sempre.

Olho dos extremos, as voltas que os enrolam
no regresso de todos, a tudo ou a nada.
Compreender, conviver, entender e aceitar
a razão de morrer sempre sem ela
em cada agigantar do desconhecer
em cada gota migalha de conhecer nada.

Palavras sempre repetidas nesta igualdade
de as sentir sempre diferentes.

13 PONTOS DE VISTA.



5
O que sou a ele o devo
no sublimar do que fez
no estancar que se recusa
deste sofrimento que me sufoca.

Nos momentos de crescendo
desta musica constante
que por ele
a minha cabeça constante
repete
acorde por acorde na recusa constante
do esquecimento dos bocados todos
os bons e os maus
que agora são todos saudades
do que para sempre se perdeu
e a cabeça guarda
com a culpa que pensa
não ter
enquanto o corpo todo sente
fremente
a culpa toda que sente.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

11 PAPEL BRANCO

9
A insatisfação permanente
é em regra geral
originada
pela insatisfação permanente
que permite errar
sempre da mesma maneira
como papel branco rabiscado
e amarfanhado
como se a culpa fosse do papel
e não dos rabiscos repetidos
num erro permanente
de uma insatisfação permanente.

Ao som dos segundos
no ritmo dos minutos
das horas desconcertadas
e por ai fora numa sinfónica amostra
do erro que se repete, repete
no acordar que o repete
repete
e depois já não é erro

nem se repete mais.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

10 LUÌS


13
As palavras rimam
o momento que as permite
fazem-se segundos consentidos
perdidos nos reencontrados
sucessivos
momentos
de uma azenha que roda
na água
de um tempo perdido
consentido e reencontrado
no constante desgaste
das pedras
que permitem tão fina
a farinha
de ter sido.







10 LUÌS.


7
Neutras e vazias
as palavras
aguardam
o tempero
de quem as come
e o tempo de o fazerem.
Preenchidas de momentos
sentidos
e contornos nem sempre definidos
no jogo de luzes
de tantas cavernas
que se abrigam na nossa
caverna escura.










sábado, 11 de outubro de 2014

Noções como referências.

Bem sei que sim
porque
bem sei que não.

Divagar
ou sem pressa
percorrer caminhos por fazer
atalhos de perder
o que se encontra sempre
devagar
ou depressa
entre passos que se alongam como caminhos de estar
de estarem sempre feitos
de ser, de parecer, de acontecer.

Mal sei que sim
porque
mal sei que não.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ISIS.


Rezo de cada instante
o sabor diferente de cada um.

O meu deus está no que vejo, no que sinto
no que vive e me rodeia.

Universo infinito de olhar dentro
cada cintilar, cada reflexo que foge
eterno
de um só instante diferente.
Diferente infinitamente.

Universo Infinito, tempo quieto
de só aqui se moverem
os instantes e o sentir deles
infinitos.
Infinitos perdidamente.

Crescer dentro as diferenças de ser igual
crescer dentro as igualdades de ser diferente.

Ninguém nasce igual, ninguém vive igual
as igualdades ficam ancoradas no vazio antes
no vazio depois.

Olhar dentro o encher de instantes
o repetir do que é mau, o que nunca se repete
mas parece.

Mas

só parece enraizar com mais força
repetindo reflexos, escuridões
trevas de mil anos que o tempo engole
indiferente
e tanto são de sofrimento, no passar de cada instante
de cada mil anos, segundo a segundo desfeitos
no sentir de cada um, no acabar de cada um
no recomeço de cada instante, de cada ser.

Um universo em cada cabeça
sempre diferente de ser sempre igual
de conter o mal todo e o bem todo
em cada uma.
O universo todo em cada uma
no curto espaço de ver o que há e o que não há
de sentir e viver
de sentir e morrer,

















sábado, 20 de setembro de 2014

Motivos.



Miudezas que permitem fé e são tantas e a falta delas e as voltas que não param de estontear, crentes e descrentes, todos iguais na distância certa, amorfos ou diferentes, certos na mesma lógica que os faz errados buracos de entreter em cada cabeça, em cada universo vazio.

Mutações de jekill e hide no espaço restrito, dos sonhos todos, das ilusões todas, dos pesadelos que se acumulam dentro, no vazio das lentes todas, das imagens todas, das lentes de as ter dentro,

A volúpia de um fecho constante, o fecho que se enrola em cada entender pouco, em cada devaneio de cada sonho que se prende, farto das vastidões de as não ter,

Motivos que se enrolam na fervura dos temperos todos, num jogo de nada e de tudo. Enrolados devaneios breves, acabados em cada sensação, breves e sempre diferentes, na igualdade que a todos une.

Cortam-se as distâncias e os extremos equidistantes na mesma se repelem. Ideias ideais que se afogam iguais, no tempo que a todos guarda e a todos larga, vazio de sensações, vazio de crenças e emoções, vazio para que nele caibam, os sonhos e os pesadelos todos, os extremos em cada cabeça que sonha e pensa.








terça-feira, 9 de setembro de 2014

MAL


19 anos e só mostra os olhos, suficientes para o pai que a reconhece e não se identifica, vergonha de nunca entender este vazio entre seres, estas verdades que se multiplicam e se unem como cores que borram o que tocam, peões, joguetes de um poder destrutivo, que busca razões na falta delas, que vive de morte, que se alimenta dela e adora ser Horror.
Olhos lindos o resto não interessa, a fé que permite saber o que vive e o que morre, cobre um rosto de dezanove anos, de sudários negros, que nunca serão tão negros como o caminho que escolheu.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

INICIO


No início houve um parto, vida que já havia, libertada ao tempo, aos retalhos de sentir e viver.
Os limites de sentir encerram-se no sentir de cada um. O mal e o bem unem-se em cada cabeça e dela brotam no sentir de cada uma, retalhos de esperança e desespero, amor e ódio, partem de recantos de vida, funda, dentro, escondida.
Biliões de correntes interrompidas, cortadas, retomadas como prisões de escolhas sem fim, caminhos que divergem dentro, para os cantos todos dentro. Bolhas como fé que estoura carnavais sempre certos, para quem os estoura.
Teimo a dúvida constante que me permite teimar constantemente, temo os certos, os sem falhas, os ideais que caminham nos extremos, que se tocam e se repelem.
Do primeiro vagido ao ultimo suspiro, cantam-se piadas, risos e choros e as correntes dentro batem fora, nos sentidos certos de cada um.
Caminhos tão diferentes, curtos ou longos, todos acabam.
Um novo degolado, um novo morto e este horror repetido de sentir verdade, de sentir fé no maldito executor.
Sentir os retalhos de cada jogo e nunca o entender.
A verdade da vida aos pedaços, desfeita como areia que o vento leva e o tempo come.










terça-feira, 26 de agosto de 2014

Desenrolar.

Linhas que se desenrolam
sentimentos que se cruzam
momentos que passam
e se enrolam, na rodilha do tempo.

Estou a reler o "Elogio da Loucura"
tentando o regresso à loucura da primeira vez
das primeiras linhas enrodilhadas
de serem  muitas.

Desenrolar linhas
de haver sempre uma
primeira vez
para cada uma

para tudo, os sentidos todos e a falta deles
aparente
no sentir de todos,
de tudo
de loucos, de razões
de juízo insano
este desenrolar de sensações.

Erasmo e More, juízo e utopia
ideias degoladas
ideais decapitados
em todo o lado, o tempo todo
o bom e o mau como marcos de sentir
da folha branca que se desenrola
o alongar de cada linha, de cada cruz
de cada acabar.



sábado, 23 de agosto de 2014

O mal e o bem.

O mal e o bem como pratos de uma balança entre as orelhas, o faiscar de mundos fechados e tão diferentes em cada piscar de vida, em cada faiscar de ideias, entre as orelhas, no piscar das luzes, negro e branco e o escorrer de cores sempre diferentes em cada faiscar na vastidão entre as orelhas.
O mal e o bem vagueiam, quase se unem no ondular do sentir, no mal de uns ser o bem de outros, em cada tiro entre as orelhas, em cada morte de iguais, em nome de nada ou em nome de ser diferente, cada um , cada ser, igual, igual de nunca o ser.
O mal e o bem em cada criança fervida, em cada degolado, o bem e o mal como âncoras enterradas fundas em cada barbaridade. Somos todos tão iguais, iguais demais nos que matam e nos que morrem, iguais no tempo que a todos consome, iguais, iguais em cada âncora arrastada, em cada corrente quebrada, em cada diferença que pensa e acaba.
O mal e o bem...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O DOBRAR DAS ESQUINAS.


Esquinas de escutar
sons de os ter na cabeça

bons e maus de os ter na cabeça

como realidade de não ter havido.
Linha a linha se acumula o infinito
o espaço vazio que o enche
e os sons que berram
o silêncio de ser.

Sinos que racham, o espaço redondo
o som perdido de ter soado
redondo e logo rachado.

Ruídos diferentes, sons e silêncio deformado
de não haver, de não o ver, de não ouvir
empacotado por espaços pequenos
diferentes
pequenos.

Soluços, hiatos, vogais perdidas
crenças na ponta dos dedos
e linhas, linhas e mais linhas
de entender e de sentir
de sentir e de entender.

O dobrar dos sons, o expandir de cada um
em cada regresso, de cada um
de cada som redondo
de cada esquina arredondada
dobrada
rachada.
















O vazio entre extremos faísca diferenças
pequenas
pormenores que se definem de os pensar
e depois crescem indiferentes.

Os sentimentos fazem-se redondos de os circundar
as linhas crescem redondas
como balões por furar.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Conflitos.

Mutações imperceptíveis, nuances
de nuances, noções de aprender e desaprender
valores que são, valores que não são
mas ficam espalhados e sem prestimo
por campos e campos sem razão
na terra de ninguém, na culpa de ninguém.

Campos sagrados de milho ou de areia
de sangue e destroços.

terça-feira, 15 de julho de 2014

O dia todo.

Todos os dias, ao longo e durante o dia todo se fazem as palavras de as poder perder, o dia todo.
Simples registos que a cabeça arrasta, moldando e guardando os mais salientes, os que arranham, os que persistem no tempo e nas sensações, como marcos de olhar, de reler, de sentir o que muda e o que parece, nesta mudança constante, não mudar.
Registos simples que se complicam no tempo, como gotas caídas lentas, formando lagos lentos e opacos. A luz dentro permite sombras de as ver fora, marcas ténues, de sentimentos e sensações, de os erguer, de os perder, de os manter nesta ilusão feliz, de tantas cores novas alcançadas, em cada corsensação perdida.
A luz de dentro, a de apagar e de novo acender, a razão e os motivos que se afogam e logo se pescam de novo. Brilha limpa pelo tempo que a não fundiu ainda, brilha nas névoas velhas, no presente, no futuro, no criar e no desfazer de ilusões, sempre novas no erguer de cada uma, sempre iguais em cada diferença de cada uma. O que mais importa é um vazio fundo que se guarda silencioso, o que mais importa circunda os sonhos dentro e vive nos limites de dentro...............................................................
O que mais importa está sempre fora, nas linhas sempre rectas que se encurvam dentro.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

3 de Julho de 2009.

3 de Julho de 2014. O tempo passa de não pertencer a nada, fica encalhado, emprestado às ondas que o trazem e o levam. Aquários de os tentar, guardados de estarem sempre perdidos, no tempo, ao tempo, pequeno como areia dispersa, pedra desfeita que de novo se junta, ao tempo, com tempo...

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Sophia e o meu Luís quieto.

A Sophia no Panteão e o meu Luís a suspirar, com os meus afagos lentos de não querer agitar o sossego que me permite. Discursos de não dizer nada, rodear as palavras de um vazio constante, que as permita crescer, inchar num estouro de circunstância vazio mas festivo.
A Sophia marçana de vida de amor e poemas, enrola num mar sereno, de ondas e felicidade, as palavras todas de as ter feito de todos, viva, sem Panteão, viva de um infinito que viveu.



terça-feira, 1 de julho de 2014

A normal.


Normal é um arrepio.

Soma de somas que a nada levam
além do erro de uma conta que se desconta em cada instante.

Anormal sempre, em cada momento de o serem todos
quietos no espaço, quietos no rebobinar normal
de cada momento
quieto, a, normal.

Todos iguais de nunca o serem.
Iguais ou diferentes?
Todos diferentes de nunca o serem.
Diferentes ou iguais?

Diferenças pequenas
no que aparenta, no que parece
no que é de nunca o ser
riso de o ter, de o não ter
riso de ser a verdade do engano
riso de ser a verdade dos dias todos
os dias e os enganados
todos
os dias todos.

Colham diferenças
por mim
que as sinto sempre iguais
de as ter, de as sentir
de as ser e de assentir
o estar de pé, o sentir de nada
o nada que permite tudo
neste vazio de palavras plenas
de um vazio que enche
os sentidos, as palavras e o vazio repleto de sons
de não os ouvir.

domingo, 29 de junho de 2014

Diferenças pequenas.

Pequenas diferenças
dividem cabeças
cortam espaços
permitem momentos e são as gotas
que transbordam
que encheram os sentidos e depois
deslizam suaves como tempo
sem ponteiros mas sempre certo
em cada montículo de sobras
que nunca sobram.




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Brisa que empurra.

Brisa que empurra para os cantos
o desgaste, o atrito de um tempo emprestado

areia fina como juros preciosos
prende lixo e papeis que se fazem iguais
em cada sorriso congelado, em cada olhar perdido
em cada real de ter sido.

Brisa que empurra e logo larga
nos cantos tantos de cada olhar perdido
o que varre, o que empurra, o que logo larga.

Paradas de as varrer e nunca param

nos cantos se acumula o que se desfaz
de areias, de momentos que não ficaram quietos
e nos cantos se guardam de um tempo manso
que tudo desfaz sem pressa
mas certo
como marretadas prolongadas num eco
que o vento do tempo pelos cantos recolhe.

Brisa que empurra para os cantos
dentro.

domingo, 1 de junho de 2014

"Negro Luminoso"

Apresentado quatro vezes e de cada uma ficou a sensação, de um novo livro, com a mesma capa o mesmo conteúdo, mas diferente nos rostos que se repetiram, nos que surgiram e deram brilho ao que já não é meu. O entender que se reproduz, como ondas suaves, sensações que se afogam, sensações que se erguem ao encontro de um entendimento, de unir pontos como pontes, reflexos de sentir e pensar, de ver dentro, o que se vislumbra fora e se encaixa dentro.
Perguntas ao silêncio, respostas quietas, de haver sempre vida, que por elas pergunta e logo por elas responde, gaguejando sensação por sensação, o tremer de sentir, o espasmo de viver...

Linhas

Linhas longas
prolongadas no feitio que as desfaz,
longas de serem sempre tão curtas,
no fim de cada uma.

Linhas paralelas
que deixam de o ser,
prolongadas no cair mal,
no assentar bem.

Feitio que se multiplica
em cada linha de rasgar papel
de deslizar suave e fino
e logo grosso e pesado
num suor de linhas pensadas
longas e enroladas
curtas enrodilhadas.

Espaço e linhas que se unem confusas
de serem tão iguais
para que nenhuma o seja.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sempre.


Ondas de rolar sensações
infinitos que se perdem
do fim que os encontra sempre.

Mosaicos que se encaixam diferentes
que se pisam, que se olham nas paredes
sempre iguais sempre diferentes.

Respirar, rolar sensações
entre e ter, os mundos dentro
os mundos fora, as decisões.

Momentos que se retardam sempre
na mesma surgem de cada infinito contido
sempre, em cada cabeça, sempre.

Mundos de igualdades todos diferentes
mundos de olhar, de olhar sempre
este pintar de vidros transparentes.


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Na FNAC do Marshoping.

No proximo dia 29 de Maio, vai de novo ser apresentado o "Negro Luminoso", o meu segundo livro editado, no espaço da Fnac do Marshoping.
A EDITA-ME vai fazer a apresentação e eu só espero por muitos rostos conhecidos, desconhecidos e atentos.





domingo, 18 de maio de 2014

Dopy gato lindo.

Na Escola" Abel Salazar" falei de poesia, de entendimento, de visões sempre diferentes em cada olhar de dentro, em cada poema, de os ter na mão, de os ter na cabeça.
Dopy gato lindo, poema peludo e meigo, morria e eu falava com adolescentes receptivos, interessados e atentos, miudezas e tempo e 11 anos de gato enorme, de o ter na cabeça, de o ter no coração, tanto tempo que é sempre pouco, sempre curto na hora de perder.
Fazia parte do meu mundo, que muda sempre veloz, crises e tolices ronronadas, o meu Luís morto e depois ainda vivo e o conforto peludo e o focinho meigo que agradecia cada afago. Fazia parte da minha gaiola e deixou vazio o canto de o ter lá.
Poesia das miudezas prolongadas, no tempo, no espaço de estar vivo.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Entender dentro.

Quem ouve no que entende
fala
quem lê no que entende
escreve
e as imagens estão sempre vivas
de serem vistas por vivos
somente.

Silêncio

Cartazes de procurar sempre
imagens vivas
encontros curtos
cruzar de linhas
e entender dentro
o falar
o escrever
e viver dentro.

O silêncio, o vazio de os ter ausentes.

Dentro e o Universo e os pedaços
que as facas do tempo vão cortando
imparciais, data a data
recortadas.

O silêncio antes, o silêncio depois
e os sons entretanto
das esperanças todas
de valer sempre a pena
este sentir de instantes
este acabar constante.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Abel Salazar

Na Escola Secundária" Abel Salazar" a 16 de Maio pelas 10.30 com a Edita-me numa nova apresentação do " Negro Luminoso".
No" 30 minutos jardineiro poeta" as melhores imagens, as palavras preservadas, são desta Escola que me acolhe, numa sempre nova apresentação do meu segundo livro.
Na FNAC encontram-se os dois livros" Actos Necessários" Chiado, que eu sempre considerei bom e no qual me apresento" Nasci a 29 de Setembro de 1958. Aos dezasseis anos sonhei que poderia escrever bem. Rasguei o que ia fazendo até 1986. São desse ano os primeiros textos deste livro".
O segundo "Negro Luminoso" pela Edita-me, que talvez, nem pelos que aguardam a sua vez, de serem publicados, venha a ser superado no sentir, no viver, no negro vivo que só exige o entender de sentir.
Na Abel Salazar a 16 de Maio.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Regras simples.

Começar, recomeço
iniciar
a partilha de um jogo de regras simples
que se fazem doces
no que complicam
de regras que o tempo arredonda
que partem deixando-se repartir

pelas, pelas

miudezas

pelas pequenas miudezas
que o tempo divide sempre
pedacinho a pedacinho, arredondado
saboroso, emprestado.

Pontos que divergem, pequenos pontos que se afastam
longos e vastos
e afastados
de não haver ponto
que una os pontos que se afastam.

Começar de novo ou renovar
as regras simples de um jogo partilhado
por tantas miudezas doces
por tantas regras que o tempo faz
e desfaz e complica.

Iniciar os instantes
todos
de serem os primeiros sempre
primeiros dados
ou emprestados sempre
ao lamber do tempo
que os come sempre.

Simples
e a doçura de complicar tudo!
Simples.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Esforço.

Tarefas do dia.

Primeiro
não fazer nada
depois
nada fazer
num esforço seguido
de um primeiro
de um segundo
sossego conseguido
pouco
mas tentado
esforçado
perdido.

Um, dois e depois
um
dois e depois
um esforço mais
e nada parece tudo
no que há
no que basta
no que anoitece
belo
sossegado.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Consequências.

O mal não existe
e o bem logo o segue.

Existem cabeças e por pouco tempo
pensamentos e consequências.

Nada existe
e tudo na mesma
nas imagens corridas que o espelho não grava
e contudo se guardam.

O bem não existe
e o mal espirra resfriados inexistentes.


domingo, 30 de março de 2014

Negro Luminoso

No Domingo 23 foi colocado à venda na FNAC do Marshoping este meu livro que a EDITA-ME publicou.
Neste blog aparecem muitos dos textos nele contidos em 4" Circulos que se estreitam, Vastidão que se encerra" ou no que dá o titulo ao livro 5" Negro Luminoso".
A primeira mensagem neste blog explica um pouco das motivações, que me giram e me enrolam.
Um pequeno filme produzido pela RTP, pode ser visto em "30 minutos jardineiro poeta"
Boa leitura.

Todos iguais.

A verdade de hoje é a mentira de amanhã.

Nada se consegue isento
tudo se resume a um apanhado de tendências
neste agarrar de miudezas
de não haver uma que seja igual
no escorrer, no sentir rios sentidos
escorrendo diferentes em cada gota.

A mentira de hoje é a verdade de amanhã.

Todos diferentes de serem somente iguais
de maneira diferente
neste amontoar que forma mundos
de gente.

Entro no Metro em hora de ponta
inundo os olhos de gente sem forma.
Depois 
ressaltam
em cada olhar
e ganham forma, picos e tiques
e cor
no rolar do tempo, sincopado
barulhento.

Verdadeiro
o tempo ou as páginas de mentiras acumuladas
verdades folha a folha
nos que sentem
nos que mentem
a verdade do tempo
o tempo como verdade.

Hoje, pequenas miserias, pescam vazios
ontem, pequenas miserias, encheram vazios.
Longe e alheado tudo parece igual
perto e atento tudo parece diferente.

Quem escolhe as distâncias
as linhas de ser verdade, de ser mentira?
o esbater do concreto em cada vida.

De quantas mentiras se faz uma verdade
de quantas verdades se consegue a mentira no fim.





quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia do Pai.

Trabalhei o dia todo
com o mais novo
e agora afago o mais velho
que chora uma dor
que os afagos acalmam.
Morreu, sobreviveu e agora vive
ao jeito dele, dependente
e eu sou o pai
de o ter todos os dias
como presente.

terça-feira, 18 de março de 2014

O tempo voa.

O tempo voa
e as asas que parece ter
desfazem-se sem ser.

O tempo voa
nasce em cada estrela
e permanece na morte de cada uma.

O tempo voa
neste levantar ainda
neste morrer entardecido.

O tempo voa
nas asas que o soltam
nas que o levam sempre novo.

O tempo voa
no Inverno que se fez tão longo
no Sol que agora o esquece.

O tempo voa
nesta Primavera que ainda não veio
neste crescer que recomeça.

O tempo voa
em cada flor linda que o tempo corta
em cada visão plena que o tempo apaga.

O tempo voa
e do mau que acontece
se faz o aguentar e o bom que sucede.

O tempo voa
em cada aceitar, em cada afago lento
de permanecer ainda.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Quedas de dias.



Dias de deixar quedas
pedras
e ouvir logo o som cavo
das quedas
batidas em baixo
logo
pouco depois
ou muito depois
embatidas quedas
pedras.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Passeio



Arrastar os momentos
na rede de os viver
e reter o possivel de cada degrau
marcado na subida
escorregado na descida.

Pouco, sempre pouco, é o que fica de cada passo
já esquecido
perdido no ganho de o ter tido.

Desistir de sentir
é o nunca
deste passeio de pedras soltas

do estreitar, do alargar
dos passos, do caminho
das quedas recreadas
das venturas em cada passo
se faz constante um caminho de visões
constantes
recriadas neste espaço de ser
nos limites estreitos de os ter.




domingo, 2 de março de 2014

Pesadelos que se repetem.

Russia e Ucrania
terras de morte e destruição
terras de viver e construir
terras de repetir ciclicamente
o erro e a dor
odor de morte
Holodomor.

Pesadelos que se repetem
para que ninguém os esqueça
firmes, lineares e mortais
aparecem e permanecem
o tempo deles
os stalin e os putin
e tantos outros
no mundo deles pequeno e ávido.

Fogueira aqui, fogueira ali
se vai queimando o Mundo de todos
tirano aqui, tirano ali
se vai morrendo, se vai vivendo no Mundo
de todos.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Dias

Dias de acreditar
dias de fechar.

Dias de sentir
dias de partir
e ficar fechado
nas crenças todas
sentidas
nas constantes partidas

de nada permanecer
inteiro

ou tudo.

Inteiro ou separado
nos dias de os fazer noites
inteiras ou separadas
unindo extremos e tintas diluidas
na crença, na descrença
inicio e fim
esbatidos.



Deep gato negro.

Sensação ou palavra
sentir a beleza ou estacionar neste hiato
de agarrar nada
de entender nunca
de cada migalha
o bolo inteiro
de estar vivo.

Certezas que o tempo desfaz
diferenças
paralelas que o tempo afasta.

Certezas
feitio que o tempo rasga
em cada certeza
de tudo ser diferente
ou talvez de nada ser igual
enquanto o somos.

No descontar das palavras
no acumular das sensações.
Certezas que se somem
neste enrolar do gato ou do rabo
do gato
que se enrola sempre diferente
no meu colo
que descansa enrolado
dentro.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Na hora de sentir.

Na hora de sentir
tudo
é pouco
depois passa
no que a seguir se sente.

Restos arrastados
de não os ter varrido
por completo
vão formando, vão fazendo
restos que são
o sentir que os prossegue.

Vazios por preencher
tempo de esponja ensopado
gotejando o dia e o dia
todos os dias.

Sentidos à vontade
na hora...e depois na hora de
haver um tempo
e o sentir dele inteiro
em cada gota, em cada ampulheta
de areia
ainda revirada.




Do Sol.


Da luz que cai e não se colhe
das plantas iguais que se fazem diferentes
de o terem sido sempre
dentro e fora
de cada floresta de gente
de cada gota recolhida.

Gotas de sol nas gotas de vida
tudo se imita
nada se repete.

Arrastar a cabeça
pelas avenidas de toda a gente
pelos becos de pouca gente
pelas praças da gente toda
e sentir, tentar sentir de cada arrastado
momento
a diferença que o permite.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Disposição

A boa disposição de motivo nenhum,
repentina de surgir como certa,
botão que se abre fora de casa,
rebento que irrompe neste inverno de ser.

Miudezas, areias de as contar e não as entender,
palavras somadas, soldadas às noções,
aos invernos que rompem pequenos,
dentro ou fora da quietude,
de os ter e nenhum.

A boa disposição dos motivos todos,
tão certa como estar vivo,
encerra a beleza, de a sentir prenha do calor de ser.

Palavras numa peneira de areias miudas,
areais de não os entender,
ondas somadas ao vazio liso da cabeça desligada de noções,
quieta dentro e fora de cada momento,
de os ter a todos,
um a um e depois...

A boa disposição de a querer.
Cultivar o entender de perder cada instante,
em cada ON em cada OFF de estar sempre on,
de estar sempre off,
de estar e brincar às rotundas de pensar,
ao sentir em cada saida,
ao sentir em cada retorno com palavras e sem palavras,
o girar de avariar cada instante,
cada grão de o querer e pensar.

A boa disposição de a ligar,
correndo ou discorrendo o ter e o ser.
Enormes se amontoam as razões todas e o vazio que as precede
e o vazio que as prossegue.
Razões de as entender na falta delas,
torneiras de abrir e fechar,
evidências de cair e levantar
e o tempo de ninguém se faz de todos o tempo todo.

A boa disposição de a ter,
de a manter como mentira constante de ser.





 motivo miudezas fé e falta e as voltas que não param de estontear crentes e descrentes todos iguais na distância certa amorfos ou diferentes certos na mesma logica que os faz errados buracos de entreter em cada cabeça universo

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sentir.



Fazem-se enormes
as pequenas insignificâncias
erguem-se edificios de poeiras
vazios.

Enormes de crescerem dentro
fazem-se tudo.
Vazios edificios sempre
de os rodar e enrolar e com eles rolar
esquecimentos.

Presentes de passo a passo
bloqueios
de areia fina, grão a grão de momentos
encravados
no infinito valor de tudo
encravados
no infinito valor de nada.

Bloqueios de areia fina
poeira como fumo do que arde lento
dentro
no cofre sempre aberto
de sentir.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Neutro e sem pressa.

Os momentos passam mansos
numa ressaca boa
que não é deles
numa ressaca má
que não é deles.

Transportam virtudes e defeitos
nas ondas que rebolam expectativas
arremessadas ou afundadas
no tempo imparcial
no tempo de lavar alegrias e mágoas.

Neutro e tão sem cor
para que as cores todas
o possam mentir
o possam pintar
da ressaca da vida.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Amanhã.

Estar.

Neste blog divirto-me
com pedras e areia
miudezas que atiro num buraco negro.

Aguardo ecos de quem sinta
ou de quem não sinta
como se fosse possível
não sentir
estando vivo.

Estar.

Por vezes instalo-me no buraco negro
na medida dos limites
que não preciso de entender.
Amontoados simples
de estarem
de serem.

Sentir basta no acumular de poeira
no passar de panos, no passar migalhas e tempo

de estar

entretido, entendendo pouco do que cai
do que se ergue
de flores e encantos.

Estando.

Entender é como arrazar tudo
de nunca o entender.

Cheiros ou perfumes que o tempo fede
as medidas do que é belo
enchem-me a cabeça
e escorrem das mãos
que não seguram o tempo.

Os infinitos desfolhados
os universos esbarrados
nas paredes dentro
dementes
descrentes
dentro.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Injeção letal.



Acordo na verdade de a ter ainda
de a conter
de a poder sentir no que me rodeia.

Crentes todos somos
e todos diferentes
reflexos de negar, reflexos de aceitar
faces de um espelho que não para de girar
dando sim e dando não
e não parando de dar mundos em cada reflexo
em cada medida sim, medida não.

Acredito num deus, um só
que existe
chamado Vida e respeito por ela.
Acredito que se mata em nome do que não existe
como acredito no universo em cada cabeça que se corta
que se fecha.
Acredito nas boas intenções mas não há inferno que as receba
em cada vida ceifada.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Entre o entretanto.



Sento-me no chão
de um elevador encravado
não sobe porque nada desce
não desce porque nada sobe.

Quieto neste estremecer de estar quieto
de nem assim estar quieto
porque estremece quieto.

Sinto-me num chão
que ondula o presente quieto
que se perde em cada estremecer quieto
em cada olhar de espelho
de ver tudo inteiro
fundo e perdido
mas inteiro.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"Negro Luminoso"

No dia 21 de Janeiro
Terça-feira
pelas
21.30h
na
Escola Secundária João Gonçalves Zarco
 
Matosinhos
 
 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Do 13 para o 14.



Ouço repetidamente musica
de pessoas mortas
leio repetidamente livros
de gente morta
escrevo e penso
por mortos
que parecem prolongar
o que foram
na vida
de eu a manter
ainda.

Afunilam as noções do que é belo
e do que é feio
do que dispensa etiquetas
e se perde livre.

Ensinado a não saber nada
por cada um
e por todos.
Um de cada vez
criando espaço e formas
que os vazios preenchem
de cores
e formatos novos
em cada escorregar de sensação
em cada vazio de o ser
por parecer sempre
um ladrar de não haver cão.

Parecem afunilar os momentos
todos
acabados em cada bocado
que se perde no vazio de acabar
no recomeço de um novo dia tardio
em cada morto
de o ser nos que ficam
afunilados
presos ao que fica
deles
ao morto, que nem o sabe
nem se importa
mais.

Ano de mortos
ano de vivos.
Ano somente de ser tempo
que se enrola e se faz diferente
pelos que nele se enrolam.

Afunilam os sentimentos todos
os baratos e os que custam
os de nem falar de andarem sempre
comigo
como carimbos que pesam
as recordações todas
e o que não volta
enrolado noutra volta.











domingo, 5 de janeiro de 2014

Viva Eusebio.

Referências de uma vida, linhas que se acabam num silêncio que não apetece, tão melodiosos foram os sons, que não voltam.
Recordo como meus, para sempre, os três desconsolados e baixos lamentos do meu pai, recordo o crescendo vibrante que depois ouvi, a magia golo a golo num jogo de futebol.
Em 68 o meu pai morreu e do muito que dele recordo, este bocado é dos melhores, guardado e revisitado nestes anos todos, que agora se despedem da magia de um Homem simples, da magia que o fez grande e disponível e o desgastou e morreu.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A Igualdade da Diferença.

As gotas são todas iguais
para que nenhuma o seja.

O tempo, os modos, o escorrer
é tudo tão igual
para poder
ser
sempre diferente.

Espelhos de novidades
permanentes
reflexos sempre diferentes
no escorrer do tempo
no modo de ser
no gotejar de cada instante
como gotas sempre diferentes
em cada bocado... de gente.

Somos todos tão iguais
que as diferenças ressaltam
como fossas ou cumes de convivência
como gotas que se juntam
e depois separam
sempre iguais, sempre diferentes.