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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pedras que ficam

Aonde se arranjam as certezas, as definitivas, as que arredam as duvidas e caminham num passo certo, de não haver desvios?
Uns óculos de Penafiel e já agora um chapéu de palha para o Sem Duvidas Breivik, para os crentes e descrentes intolerantes, fixados num só caminho, numa só Roma, deles, só deles.
Kenedy assumiu-se Berlinense. Não podia ser cidadão do Mundo? Negro, judeu, amarelo ou eslavo, crente ou descrente das religiões todas e de nenhuma, embora o espaço seja quase o mesmo, em cada mente encerrado, criando verdades de trazer guardadas e pelo raio que as parta se espalham, criando raízes na verdade da terra e ramos e folhas na verdade do Sol que roubam.
Pensar num vazio de lago sem fim, pensar como pedras que ressaltam velozes, pequenas marcas e depois afundam, para que a melhor se possa perder, longe, ressaltada mais vezes, num préemio inconsequente, de perder, de esquecer, de cada pedra o perder de todas.


9 Analogias de tudo e de nada


7
Na fuga de um vazio estranho
que me sentia aleijado
por não ter a fé
que todos pareciam ter
eu corri, eu lutei, de olhos abertos
de olhos fechados
por uma crença que me fosse possível.

Meditei e apalpei o que sou,
o que somos
e o que senti de vida,
senti como verdade.

Acordei para uma fé que em todos pulsa
verdadeira  
embrulhada nas mentiras que a rodeiam
mas verdadeira
em todos os inícios, em todos os fins
mesmo quando parece um fardo
o filme que nos desenrola.

Remexo em tudo
tentando não entender nada
para que a busca seja sempre absoluta
em cada passo que se afirma
como primeiro dos que ainda faltam 
como ultimo dos já tropeçados
e que agora preenche o espaço de todos
no vazio todo
numa aprendizagem do infinito ignorante.

Nas vidas permitidas a verdade afirma-se
absoluta
e a vida também, nos prazos marcados
nos limites estreitos, que permitem o sonho
e o encerrar de todos.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

exemplos

Tenho um novelo na cabeça, repleto de pontas unidas, pego numa e logo noutra e todas vão dar ao mesmo sentido, de fim, por vias tão diferentes, quase sempre curtas e enrodilhadas, de serem linhas, sensações repetidas, quase ao infinito, de inícios, durantes e fins.
Ouço repetido, num compasso de crise, vontades de um regresso a 26 de Dezembro de 1867. Ordenar, disciplinar e dar exemplos, cortar pela raiz o mal, que a todos pertence, que é de todos, pelos cantos de todos, pelos cantos todos.
Regresso aos dezoito anos, ao juízo de valores, ao tentar sentir as pontas enrodilhadas pelos cantos escuros, pelas razões mais irracionais, que se erguem racionais, nos momentos sempre errados, de estarem sempre certos na estante cheia, de poeira, de livros e de mortos.
Matar o que está errado, nesta permanente imperfeição, neste enrodilhado de certezas como pó, neste aperfeiçoar de um erro sublime em cada vida que nasce. Nunca soube o que é fé, sempre me disseram para acreditar, abrir o coração ao raio, ao vento, ao trovão já eu o fiz e foi vida, só vida em todas as formas, desperdiçada sempre, que eu encontrei em todos os cantos, na rodilha do tempo sempre igual, enquanto parece diferente, o tudo e o nada, de pontas diferentes, desenroladas ao jeito de cada ponta que é sempre diferente.
Encontrei na net uma lista de mulheres alemãs executadas, uma lista curta, dos exemplos mais marcantes, negros de bruxas queimadas, negros do terror Nazi. Três nomes me ficaram guardados na cabeça, melodiosos, Irma Grese, Sophie Scholl e Maria Mandel. Conheço um dos nomes, com o irmão, desde os dezoito anos, na hora dos Napoleões e Romel, terem ganho os mortos todos, de cada  glorioso esvoaçar. Os outros dois são mais recentes, pontos mais negros do que o pano negro de servilismo e morte a que pertenceram.
Das três, duas foram despachadas com a mesma idade, uma foi heroína e das três há os nomes numa lista.
O poder da morte, nas mãos do que já nasce errado e depois fazem-se listas e todas se enchem de razão e todas são válidas para crentes e descrentes.
A fé não se explica, sente-se, balbucia razões tão fundas, novelos tão vastos, que as pontas partem enredadas, de fé, de cada um. Só acredito em vida, na vida de todos, mesmo quando tenho vontade, de ver mortos tantos canalhas, pessoas normais adulteradas, pelo tempo, pelas circunstâncias, ou por ínfimas diferenças, no faiscar das ideias, que raramente o são.
Hoje encontrei uma pessoa disposta a ser juiz, acusador e executor. Não me deu vontade de rir e não vale a pena demover ideias, como balões cheios, que ocupam o espaço todo, delas. Fui acusado de não gostar de touradas, um defeito enorme e foi assim que eu consegui rir, da cabeça cheia de novelos emaranhados, tolices e consciência de sentir a vida, como poesia e o perder de ambas, constante.
Jugoslavias e Somalias e o Mundo inteiro.
          
A chuva e a morte, não vale a pena pedi-las, podem tardar mas todos se molham e todos morrem.


18 Coerência

Pena de morte e os sinais de crise
nas cabeças
que a pedem mais,
como solução de quem e de ninguém.
As acções vivas valem pouco
quase nada
e a vida toda de valer tão pouco
é tudo, sempre tudo
no resumo de a perder.








quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pessoas normais

Olho e ouço, no rosto de pessoas normais, os sinais e as palavras de revolta, a impotência do que passa como inevitável.
Depois há soluções radicais, justiça que se atira ao vento, esperando que caia, só, o que é mau.
Matam-se os maus e disciplina mas o vento atinge todos e quando se abre um caminho é de todos, o caminho, que se abre e os normais não são linhas direitas de comportamento, oscilam como partes de um corpo vivo que estremece e oscila, no embalo de cada crise, no terem sido normais, todos os canalhas e todas as vitimas, sucedidas ou por suceder, nascidos e mortos.
Normal a justiça célere que executa e não permite recursos, normal os isaltinos que prescrevem, ou os papeis que se afundam como submarinos.
O melhor de uma ditadura, o melhor da Democracia, numa Utopia sem cepo nem machado.
Normais as purgas todas, soviéticas ou chinesas, alemãs ou americanas, as justiças todas como um enorme corpo, país a país, estado a estado, lei a lei, juiz a juiz e condenado a condenado de terem sido permitidos, no silêncio que consente.
Hans e Sophie Scholl, Stalin e Hitler e as correntes que arrastam infinitas e violentas, ou mansas e tão breves, o passar do tempo, o arrastar dos sedimentos, das cores das crises, desta maleita sem fim, de ser gota, num oceano, por diluir.
Encher de areia, frascos de segundos que se partem e todos são diferentes, areia grão a grão, escorrendo, uma a uma, diferente em cada montículo, que o tempo espalha, varrendo e arrastando entre vidros finos, no perdurar de qualidades e defeitos, longos, em cada frasco por partir, em cada pedaço igual por cair.
Holocausto, Holodomor erguem-se como picos à insanidade, de milhões de pessoas normais, ideologias e poder e muitos Breivyk obedientes.......

8 Precursos dos percursos

13
Um copo cheio de areia
é o que pareço ser
pesquisando o que sou
nos greirinhos finos
de um desgaste que não é meu.

Remexo procurando um padrão
nas cores e nas formas 
da areia fina
que a mais leve brisa me desarruma
arrumando de outra forma
as cores e as formas que sem pressa
num desgaste que nem é meu
vão desaparecendo nos cantos
e nos recantos
perdidos do sol
devagarinho

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Brahms

Ler e ouvir e net e interior, o que fica de um requiem, de o ter, todos os dias em casa.
Português e vivo, escolhas feitas de acasos que se acumulam, rasgam momentos de ouvir mortos, de ouvir vivos, rasgam acasos de o ter ainda vivo, junto à memória, dos acasos , das escolhas, que se juntam na hora de tomar decisões, que parecem inatas e nunca o são, ou serão sempre?
Ouço Brahms de parecer que respiro, esqueço e regresso aos mesmos trechos, de os respirar, esquecer e recordar, de os ouvir de novo, numa mistura de" Reed Anderson " de" Bach Strauss " e de tantos outros, escritos e ouvidos, nesta incoerência de querer a opinião de um Mundo, aos pedaços repartida e esquecida, para poder e ter opinião, vendo e ouvindo, no gozo dos sentidos, que partem como cordas esticadas na melodia dos silêncios.
A vibração do silêncio, o querer pensar vazios, de não pensar. Luzes ao fundo, descanso de momentos e sonhos que se fazem concretos, de não haver mãos que os agarrem. Giraud morreu em Março, só agora o soube, a beleza, o conteúdo, as aventuras que me permitiu viver, os sonhos, os mundos paralelos permanecem acessíveis à compreensão de cada um, ao acaso e aos momentos, de os ganhar sempre, preenchidos, de ser sempre de quem o vive, o tempo de o ter sempre infinito enquanto dura.


10 LUIS

2
Tenho um enorme buraco fundo
de ser,
ser,
ser e não saber
o que me bate fundo
no vazio de ser
o que acontece
o que permanece
o que me aguenta,
de me aguentar.

O tempo não parou
na hora de o ter feito
e agora me arrasta entre tudo e nada
sem jeito
e sem ele.