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domingo, 25 de julho de 2021

Caminhar no sonho de sonhar


Neste tapete desenrolado

sem pressa e sempre com tempo

depositam-se memorias perdidas como tempo ido

desenrolado

depositado

sem pressa mas luminoso nas cores da poeira iluminada

poente de tempo, nascente do momento

que se enrola indiferente, ao nascer e ao morrer

de cada momento enrolado


A nostalgia do presente

que se arrasta somente

a nostalgia do passado

que se sente

retardado


a filosofia de estar esfomeado

a filosofia de estar saciado

o orgasmo de estar vivo

de o ter

de o não ter

no frenesim dos segundos que passam

cavalgando sensações

nos momentos, nas emoções 


As Palavras já foram ditas

todas

escritas

as emoções já foram sentidas 

todas

contudo é sempre novo o tempo

que tudo desenrola

de novo


de palavras vazias se faz o sentir imenso

e da Poesia de nunca dizer nada,

se faz o encontro de dizer tudo

para quem a encontra

de nunca a procurar

no vazio imenso das Palavras que se enchem


brisa da filosofia, abandonada num veleiro que ninguém comanda

na deriva das variantes subjetivas, que navegam contudo

pela nostalgia de um mar fundo


do mesmo tema é feito o infinito, as variações que não findam

da mesma melodia se constroem os sons e os silêncios, que no infinito se gastam

enquanto o grande penedo se desgasta, numa areia fina de encher ampulhetas

para que de novo se partam e se façam novas no tempo

que teima a brancura, que o sentir teimoso lhe rouba

dando cor ao que não tem cor

roubando do que passa e não tem cor

a ilusão de um espelho sem luz, espelhando da luz a falta dela


acordar encerrado ao tempo e ao espaço

e ficar livre, noutro espaço, noutro tempo

encerrado noutro sonho


o infinito encerrado em cada segundo

de serem tantas e tantas, as sensações diferentes

em cada gota deste oceano de tempo

















segunda-feira, 5 de julho de 2021

Luís, menino de doze anos...

 Doze anos se completaram a três de Julho

doze círculos de Primaveras... Invernos

e entre tantos Estios e folhas caídas

entre promessas de mais um dia

de cada vez

se passaram doze anos.


Meu anjo desistente

que agora persiste vivo e dependente. 

Guardo nos braços que te abraçaram

a tua morte que parecia definitiva

depois, depois uma brisa suave te rejeitou

e te foi dando alento, etapa a etapa como frágil palha

que me permitia flutuar, a mim

agarrado a ti

meu anjo que agora voas deitado, dependente e nosso.


Tantos mortos e tantos nascidos

tantas cores quentes, tantas cores frias

tantos tormentos e alegrias percorreram este mundo

que inspira e expira convulsivo 


sentimentos


e tu quieto e tão importante para os que te amam

e se fazem de ti dependentes

do teu bem estar, do teu sossego

do teu ressuscitar dia a dia, em cada momento.


Doze anos.