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sábado, 26 de dezembro de 2015

Plante carnivore - Lucie ESCARGUEIL - Vos poèmes - Poésie française - Tous les poèmes - Tous les poètes

Plante carnivore - Lucie ESCARGUEIL - Vos poèmes - Poésie française - Tous les poèmes - Tous les poètes

Agora, agora é agora.

Agora que o Natal se esgueirou
repleto das boas intenções
que o fazem e dele sobram.
Quase todas sobraram
quase todas.

Agora que o ano novo nos vai consumir,
numa alegria que ao rosto se cola,
os restos do ano velho
enquanto mantenho
o sorriso dentro.

Agora que o Natal se guardou
entretenho os dedos da cabeça
desfolhando os presentes datados
entre o que havia
e o que agora tenho.

Agora no aguardar das folhas todas
de um caderno ainda húmido
das cores que se fizeram borrões
guardo a ideia de pinturas
como chagas.

Agora que uma nova adenda escorre
e antes que se una ao livro veloz
escolho e recolho linhas, de as querer ainda
um pouco   mais   no presente
ou eternas.

Agora que procuro neste bamboleio desfocado
o equilíbrio do que senti passar
faço o balanço e nele deito a poeira
das estrelas, nas letras azuis, desfeitas
na vida, bênção que fica.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Do Sonho.......

No Sonho uma voz doce
orienta o percurso, magia que me toca
suave brisa que me afaga
enquanto percorro veredas novas
de serem as mesmas
com outros olhos
com outro sentir
dos passos
as marcas
e o tempo, sempre o tempo

as sombras e a magia de ouvir a lua
e andar perdido em cada encontro
em cada momento curto
de os sentir como ecos saboreados

viajar quieto no desenrolar de imagens
no voar sonhos e ventura de  pensar
de construir novidades e partilhar

andando sempre, ouvi silêncio num crescendo
que começou maravilhoso, melodioso
ocupando o vácuo negro, como cadeiras
ordeiramente, sem pressa num leve tilintar
que acentuava o fundo silencioso

.....depois cresceu como berros de os sentir
sem os ouvir, desorientado, aturdido parei

o céu fechou-se, o horizonte encerrou
e no pequeno aposento eu era o centro
e dos cantos todos e do tecto e do chão
brotavam vozes e nenhuma era
do Sonho o inicio, algumas pareciam mas não eram

nenhuma era
e o silêncio fugiu no encontro das estrelas
enquanto as vozes se erguiam
falando para tudo, ou para nada
longamente e não dizendo nada
do que faltava, do que faltava
e no centro se aninhava
no sonho, no sonho, no sonho
que se recusava acabar






quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Somos riachos correndo

O peso das palavras
nunca é preciso
o comprimento das palavras
nunca é medido

ouço toneladas de asneiras
e calar não é silêncio
ouço palavras leves como espiritos
que me calam silenciosas

vejo quilómetros de tolices
permanentes...... nos olhos fechados
de sentir brisas como afagos
de palavras curtas e caídas

de as sentir enrolando
infinitos que me fogem
leveza que me repele

Que somos? Pequenos riachos
correndo pedras, correndo areia e terra
das cores todas, todas do sonho delas
de as pertencer, de as pintar
dissolver

correr a largura de um pé
que se alonga
que se une em pequenas poças
que depois transbordam
levando gotas de todos os lados

das nuvens brancas
que desabaram negras
dos rios grandes e dos pequenos
dos riachos, dos oceanos
memórias em cada gota
do que a pintou, do que pertenceu, do que foi
correndo cascatas ao sol, na verdura que permite
na verdade de correr o tempo quieto

no sol que ergue e depois baixa
no enterrar que se faz poços
as palavras como figuras ocas, dos tamanhos todos
das formas todas
se vão enchendo das cores de momentos corridos.

Palavras de as conhecer, desconhecendo sempre
nas cores novas, leves, no prolongar delas
arrastadas, como borrões nem sempre belos

o mundo todo, guardado nas palavras todas
e depois o embrulho do presente
na vastidão do vazio, do silêncio.............................










terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O escurecer prolongado

Caminhar no escuro longamente
o tempo longo de habituar

é curto, o tempo
e deixa de tropeçar
o tempo

a cabeça funciona no escuro
o escuro funciona melhor
na cabeça escura
nas sombras de uma luz
de outra banda

Será que as ideias precisam da luz
para terem corpo?
As palavras unem-se no fundo
muito escuro
azul escuro sem estrelas.
Unem-se como se fossem todas iguais
e não são?
A pincelada certa e uniforme
une os extremos

e o túnel prossegue
afastando ideias da luz de entrar
prossegue noites
de as querer quietas, caladas
vazias e silenciosas

como castigo de tanto querer
recebe pingos, que no chão ressaltam
de altas fissuras que queimam do caminho
o escuro, que deixa de ser
espaço a  espaço de cegueira
no passo que se retarda tropeçado

entrar e sair do sonho
com luz, sem luz, sem sonho
neste engasgar da sede, na água
que pára escura quieta
esquecida de cintilar
esquecida









'








domingo, 20 de dezembro de 2015

O ACUMULAR DO PRESENTE.

Um livro
nem muito grande
nem muito pequeno.
Um Presente do meio para o fim

talvez no fim
talvez não

avança lento, página a página
procurando na brancura de cada uma
o silêncio
em cada letra a sua cor
em cada palavra o resplendor
de haver lua e sol
e amor que vive
como raio de luz
trespassando distâncias
e regressando

em cada pausa o recordar
nas folhas ainda brancas
de momentos, os momentos
de os querer num espelho de sonho
de os ter
momento a momento
sonho a sonho
em cada pausa do Infinito
luminoso Presente
de fadas sons e ecos
espelhados.
.......................................

Afago do meu Luís, a cabeça na almofada
não me vê mas sentiu
e o tempo pára, no afagar das sobrancelhas
no sorriso quieto
nesta consciência mínima de estar lá
quieto e precioso

longas viagens faço, no silêncio
de estar
ao lado dele
miudezas de sentir, de as sentir todas
de as tentar todas

lentas regressam as palavras
faiscando cores, sabores e amores
dando som ao silêncio que ouvia
ao vazio que repousa

O eterno cansado de cada um

lentos regressam cores e sonhos
como gotas de uma sede guardada
e o Presente persiste em ser Presente
folha a folha, dentro e fora do sentir
escalpelo de amar e amar
miudeza a miudeza, tudo

nada se perde, tudo se encontra
neste olhar e conservar, pequenas fadas em cada letra
Hadas em cada palavra
o Infinito como Presente desfolhado
lento, seguindo marcações
como flores que nunca murcham
os silêncios de viver
........................................................................................




quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

11 PAPEL BRANCO



56
Repetem-se sucessivamente
os dias
e os sentimentos
dos dias
para que se usem as cores
todas
que nunca se esgotam.

Nesta lotaria da cor certa
do sentimento errado
em cada ajustar do momento
que nunca se repete
nunca acerta
e é sempre
o tentar sucessivo dos sentimentos
todos
que nunca acertam
nunca se completam
na nostalgia que se enrola
nas saudades
e se acaba na aprendizagem
de nunca saber
nada.

Aonde reside o limite do amor?
E do ódio?
Do choro e do riso, do que se aguenta
e do que também se aguenta?

O mistério do que é pequeno
e contudo move tudo
desloca-se na brancura de tudo ser sempre novo
mesmo quando se acaba
branco, branco
acabado.


domingo, 13 de dezembro de 2015

De 17 Tendências

11
Tudo é simples,
depois complica-se em cada sopro de vida,
em cada razão que ergue,
a razão que prevalece das razões todas,
como se um poço simples
de ter água no fundo,
se multiplicasse pelas sedes de tantos poços,
que não os havia,
mas agora há,
no tempo todo e no que não há.

Tudo é simples
e a razão e a verdade só complicam,
de um jogo,
a bola que nem sempre se defende,
da verdade que não é dela.

14 de Fevereiro,
dia dos namorados,
namoro a vida de ainda a ter,
na verdade de ter os meus e tudo é tão simples com eles,
que limpam constantes,
o vidro transparente e sem cor,
que eu sujo de cores e complicações.

Sentimentos que ultrapassam o que sou,
no riso de não ser,
o que sou deles e de tudo aos pedaços
que sujo e limpo de ser deles o funil que os sente
de os agarrar e a todos limpar e a todos sujar do que sou de pedaços,
deles e de todos,
aos pedaços,
no pedaço que sou,
de vida,
de vida e de morte.



sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Palavras, Palavras e de novo....

Tantas vezes
atordoado fiquei
e tantas vezes me calhou

olhar sem palavras

de as ter excessivas
e atropeladas pelos cantos
engasgadas pelos cantos
atordoadas pela beleza do entendido
expandidas pelo universo
de as ter como formigas pequenas
berrando silêncios de palavras por dizer.

Corri chuva e vento com Bernardo Soares
percorri estrelas com Campos
contei pedras e seres com Caeiro.

Silêncios repletos de palavras
caladas, entendidas como se existisse entendimento
sem elas
sentidas num respirar curto e ofegante
de um silêncio impossível
de haver sempre, ecos ressoando palavras
entre cada batida ofegada de um infinito
expandindo, expandindo palavras
como presentes eternos.

Tantas vezes as tentei
uma por uma

tentei de cada uma

o brilho, a luz, a cor
a igualdade que as permite diferentes
em cada conjunto de cores e silêncios
em cada conjunto que a luz esbate
que o sonho adormece pequeno silencioso
na luz que tomba dentro
pardacenta
bocejando cansaços pequenos.

Descer gotas ou subir gotas
neste erguer constante do Presente
que acumula areia deslizante
escorrendo tempo enxuto
de castelos desfazendo vento.

Desço gotas subo gotas
procurando ínfimos sorrisos
encontrando estrelas infinitas
no pequeno e no grande
que  não entendo
no grande e no pequeno
que por mim entendo.

Sento e aguardo...

domingo, 6 de dezembro de 2015

HOJE!

Hoje acordei no que tenho feito
de viver momento a momento
numa sucessão que pesa
longamente.

Estar calado para poder falar dentro
das pontes, travessias e silêncios.

Presentes que acumulo nesta vertigem
de um infinito que sobra
como vento que bloqueia brisas
como enxurradas que abafam gotas sentidas.

Passo a mão pelas sobrancelhas
do meu menino de estar lá, não sei aonde
e o sorriso que vejo, naquele esgar, é o que vejo
de o querer, sorriso de estar lá, sorrindo.

Hoje senti o cansaço de viver presentes
como folhas de um livro, que voam livres
soltando o que sinto, no vazio de terem voado livres
como se o peso, se fizesse meu, preso.

Palavras de um sonho de guardar calado
soam como ecos, do silêncio, de estar dentro    dele
do sino quieto, fervendo sons do infinito
que estouram, no eco de estar, dentro quieto.

Hoje tenho cores de hoje na luz de hoje.




















As nuvens dos castelos
ao vento desfeitos
de serem nuvens e só nuvens
de certeza

ainda assim

persistem no sonho
de o querer, com cores
todas e longas nuvens coloridas
silenciosas e com fadas
presentes
e sem fim.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

PESSOA de MUITOS feito, em Palavras se desfez, na alma de quem o lê se refaz eterno.


No meu primeiro livro de 1986 e publicado em 2013, 
há como sempre haverá em tudo que escrevo, textos sobre, 
à volta de, em redor de Pessoa. 


JORGE BRAGA
Nasci a 29 de Setembro de 1958
Aos dezasseis anos sonhei que
poderia escrever bem. Rasguei o
que ia fazendo até 1986. São desse
ano os primeiros textos deste livro.

Foi assim que me apresentei e no dia de 
hoje os partilho, quase infantis na distância, 
estes dois textos com " Álvaro de Campos"
na cabeça.



9
Um pouco desse calor de consciente vivo
desse sol que me treme
e eu sentia mais o que já sinto
seria mais consciente do que vivo
nesta inconsciência que me vive.

Sou pedaços que uma mão acaso
de muitos tentou fazer um.

Em mim não há estrada
e Sintra é uma pena que sinto e não tenho
em mim há vida e há restos que faltam.

Sem Chevrolet passeio emprestado
ao que me rodeia por estradas de ninguém
passar é ser sonho que pisa chão
procura que do encontro foge
sonho sem sonho que se sonhe.

Umas vezes mole e outras duro
na mesma me desgasto no que não é meu.

Passa tempo nevoeiro
com marcos que confundem
viagens que não faço a vazios que desconheço.

Passa o que passa e eu passo
nem comboio nem ponte
ilusão passageira.





11
De ti fiz um monolítico monumento
a uma divindade que não foste
a uma divindade que desconheço.

És profeta de verdades que não alcanço
és questão de respostas que o infinito me perde.

A teu lado serei sempre fraco mas aguento
a tua mensagem não me encontra
porque perdido a procuro.
Em teu redor ando em teu redor vivo
nada me impedes, nada me roubas, nada me dás
e tudo me vais dando, impedindo e roubando
em pequenas escuridões que se fazem luz e logo se apagam
em momentos que nunca serão meus e logo acabam.

Em teu redor ando e nada pára à nossa volta
num tempo que só teu é me perco
enquanto passa o tempo de ser eu.

Vivo e canso-me e cansado vivo descansado
sem pressa te olho sem pressa me olho
nos segredos que em ti cavo um pouco me decifro, um pouco
sempre um pouco, sempre um pouco me decifro e me perco.

Em teu redor ando e o mundo nos rodeia
e há universo e há infinito
e há deus que não creio e fé que me foge
há céu azul e longos cantos de alegre tristeza
castelos virgens que o sonho não sonha
há pedaços que tudo fazem e eu no meio
perdido ou desencontrado, procurando ou vivendo.

De ti não quero respostas
a questões que são só minhas e desconheço.
De ti a diferença me basta a igualdade me inibe
tiveste caminhos mas são teus
não dás boleias, nem a ti me desejo agarrar.

O que tenho não tem o que tiveste
e a tua luta de espelhos vazios foi só tua
em ti se partiram e os cacos são só teus
só tu os sentias só tu os vivias
o meu fervor por ti é falso
o que sinto é através de mim que o sinto
é falso mas é único, és único.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Luz espelho da imagem.

Vi ontem uma bela imagem
repleta de cor que os meus olhos espelharam
repleta de infinito, no que cresce, no que diminui
no que vi e os meus sentidos espalharam.

Revivi a pequena lata de fermento
e a noção de infinito, na imagem que diminuía, diminuía
dentro da cabeça que entendia vagamente
a imagem pintada na lata de metal
que fazia crescer os bolos, fofos gulosos.

Da expansão infinita ainda me falta a luz
de a poder sentir, nas cores de um silêncio eterno.
Faço parte de uma corrente desmesurável
no espaço e no tempo, compartimento de vivos
e de mortos, mensurável no espaço ou no tempo?
como folhas acumuladas, como volumes amontoados?

Pedras que o tempo desfaz, formas que no tempo se criam
os dias são feitos de cores sempre novas
e as palavras renovam-se, multiplicam-se na magia do silêncio

único companheiro do infinito, silêncio da corrente que desenrola

limite das cores e das palavras, dos sons de ainda, não terem eco

de serem de um caminho, a promessa sempre à frente
de quem caminha esgotando sentidos, em cada palavra nova
em cada cor, em cada silêncio redescoberto
na paisagem de todos os dias haver um Presente
uma linha do Horizonte e um Prosseguir
que se une ao Infinito, desconhecido caminhante
de andar sempre Atrás e à Frente.

Palavras maravilhosas, esgotadas de sonhos sem elas
pequenas fadas que abrem janelas, descerram cortinas
e riem da luz que as faz invisíveis, unindo-as às palavras e às cores
no silêncio das asas silenciosas.







sábado, 21 de novembro de 2015

Fadas em cada flor----Duendes em cada pedra tropeçada...

Fadas duendes
escondidos na terra
irrompem
como flores do ouro de Outonos
folhados,caidos

expirar, inspirar e olhar e ver cores
ou flores ou fadas...flores
que nada pedem.

Existem fadas como flores ou flores como fadas
surgindo do silêncio da terra
às cores
dispersas,
escondidas ou descobertas
em cada olhar de um sonho
sem nome, sem fim, acordado

de acordo, sonhado, dormido.

No silêncio de pensar, procuro no sentido do Infinito
a palavra paz
que encaixe perfeita
nas caixas de "ideias" que abundam
nesta poeira do Universo....

Seixos que no riacho correm transparentes
no arredondar das formas
erodidas e as cores...
e os sonhos que não flutuam
nem voam
ou voam ...na transparência azulada
que espelha por vezes .....
Imagens, imagens ou sonhos que nelas se transportam,
e nelas se espalham
breves de simples e belos,
longos de aprendidos e fortalecidos.

....e não encontro, nem respeito nem vontades
nem amor como luz dos recantos todos.
Amarelos, vermelhos de vida, verde e azul
de o abraçar,
partilhando silêncios de haver respostas
para tantas perguntas escusadas
no coração guardadas.






terça-feira, 17 de novembro de 2015

AZUL.

Palavras novas
ou silêncios novos
cores novas ou luz que as muda
correndo-as lentas
no escuro que as muda.

Azul frio, azul gelo
escorrendo sons do céu
no silêncio azul de o sentir pleno
dentro, azul, dentro
do sonho que o faz pleno
e não acaba
nunca
azul
pleno.

sábado, 14 de novembro de 2015

Le Silence.

Silêncio pode ser uma forma de horror
como são o negro e o branco
no aglutinar das cores
no negar delas.
Silêncio como espaço entre
e entre
escolhas, cores e pensar
lentamente
no apagar branco, no acender negro
lento, extremo............
Charlie e o repensar das ideias
neste haver de deuses
de idiotas e vida
que o sonho nega
que a realidade aninha.
Charlie e no canto de um Mundo que sangrou liberdades
morreram Homens livres
descendentes directos
de milhões de lutas que nenhum deus
pode eliminar.
Bataclan hoje e Paris de novo
horror, estupor
vontade, vontade,,,,, de não ser igual
de olhar de ver de aceitar de querer até
sem pontos sem virgulas que não somos iguais

somos

até demais
Les mots d'amour sans couleur!
as palavras parecem pensar os silêncios
entre batidas do coração
entre este Presente de hoje
e o Presente eterno de amanhã.................................

O Silêncio pode ser uma forma de amor
no respeito pelas vidas todas
todas....




quinta-feira, 12 de novembro de 2015

De 14 DEPENDÊNCIAS.

8
Hoje senti de novo
a beleza das contradições
o valor de não estar certo
o incompleto que em tudo reside
de não haver mão que agarre
nem cabeça que abrace
o completo que em tudo reside.

Hoje parei em cada pássaro
o voo que tardava
e depois voaram
de um canto para outro
redondos e silenciosos
de os ouvir
como quem ouve silêncio
e dele retira
os sons todos
e os silêncios todos
e nada mais importa.

Hoje senti que finjo a vida que tenho
e de tanto a fingir me agarro com mais força
ao que traz, ao que traz e eu agarro
arrastado por uma corrente
que desagua em cada esquina
de ainda não ser a minha
e é tão fresca
esta água que me enche
em cada instante
de não o sentir
para só a sentir
a ela
fresca e eterna
em cada momento.




sexta-feira, 6 de novembro de 2015

de 10 LUÍS por engano coloquei 6 na mensagem anterior

30
O espaço não conta
e o tempo de o ter ainda menos.
Tudo parece ter sido
o sorteio de um degrau partido
a queda inevitável
num jogo giro, escondido.

Vai-se sujando a parada vasta
que a todos calha.
Há quem limpe
e há quem não o faça
nunca.

Uns limpam varrendo
e juntando pequenos montes
que depois apanham
um por um
enquanto outros arrastam
e só apanham
quando a vassoura que os varre
se verga ao peso do recordado
para que assim
se ajunte dos cantos
um pedaço dos cantos todos.

As cores assim unidas
de arrastadas
dos momentos se fazem
coloridos momentos
como riso de crianças,
como ventre de esperanças e desejo
como satisfações simples
que a cabeça nem guarda
de serem dela o lubrificante
que só falta quando emperra
na falta dele.

Arrastar as cores todas
de um arco-íris desencontrado
do branco
que se busca,
como busca de um grall palpitante
de cada um
e de ninguém
tanto é de todos
que tudo o abraça e nada lhe deixa.

Branco que se divide,
na brancura de tudo ser branco
branco que se perde ofuscante
de permanecer ainda mais branco.

Branco que houve, ou não houve
varrido ou desmanchado
no escalpelar de sensações
dos momentos que se fazem curtos
de se fazerem sempre brancos
sempre.

Ficam sempre brancas
as paradas todas
curtas ou longas, grandes ou pequenas
todas se agigantam iguais
e do que arrastou ao que nem varreu
se faz a brancura toda
da igualdade
do fim.

Um suspiro longo
e a brancura toda
depois.







de 6 LUÍS de 2010


21
Na descoberta do que parece importante
há patamares que sobem
mesmo quando descem
e encontros escusados
que depois permanecem
no acaso que os fez importantes
para quem os sentiu
no gozo dos instantes
no ocaso de cada um,
de cada instante.

Patamares que descem
na nossa subida
noções que se perdem
de estar lá
e noções que se perdem
de não estar lá.
Abrangentes se tentam as visões
na fuga desta perspectiva
que a todas engarrafa.
Afunilam-se estreitos os pensamentos
todos
os que nunca houve
sempre em primeiro
os recusados
a seguir
e depois os que flutuam,
incapazes de afundar
no peso que não conseguiram
incapazes de voar
na leveza que não atingiram.

Perde-se em cada patamar
a sujidade que é minha
na sujidade que não é minha
em cada noção que se apalpa
de não ser nossa
para que o seja,
pouco depois, ao ser sentida
revestindo a couraça de ser
numa outra camada
de nunca ser a ultima.

No sorriso do conformismo
cansado mas não desistente
ganha-se
a noção do infinito
que se apalpa vazio nas mãos
de estar sempre
para que ninguém o agarre
vazio de estar

sempre

no vazio das mãos vazias.








domingo, 1 de novembro de 2015

!0 LUÍS 2010 do meu filho ainda vivo, ainda.....

6
Remexo constante
o bom e o mau
que permitem o razoável
ondulante.

Não há linhas nem marcas
que me façam parar
ou entender
do que está feito
a solução
de não haver solução.

Fico sem ela
assim
e numa massa
que se vai fazendo
vida
no tempero que calha
e nem sempre agrada
se vive.



sábado, 31 de outubro de 2015

Faltam.

A palavra é bela
se atrás dela se produzir um pensamento belo.

Alinhadas na cabeça que as perde
de tantos meandros, tantos lagos, de afundar sonhos.

Alinhadas na paisagem que as esconde
tão visíveis que parecem mentira
tão nítidas que cegam a lógica
e derrubam o real na linha do horizonte
longe, longe no sonho que se abriga
nas mãos escorridas.

Nem o papel, nem este ecran
são silenciosos,
apetece rasgar esta brancura que berra
escrever silêncios melodiosos
de os ter a todos
de já os ter tido
de agora serem presentes descobertos
na poeira que se ergue
com esta brisa constante.

Noções de vazio neste encher
de nunca o conseguir
de cada passo
sentir a falta do seguinte
de cada ponte um novo pensamento
para os que faltam
ainda
melodiosos, silenciosos
amorosos
vivos.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Palavras repletas de cor de...

Dissecar palavras, falando
escrevendo, procurando
no subir, no descer
no passo que se alonga
e logo encurta
neste olhar das passadas, o terem ido.

Marcas dissecadas antes
e depois
no escorrer de sentidos
e razões
no subir e descer momentos
ESTE
OVO
de instantes que se fecham
no quebrar de cada um.

Ovo de permanecer inteiro
no quebrar de cada instante.

As omeletes de hoje. Sabem a ontem
são de hoje com o tempero de ontem.
O saco de guardar palavras
é uma rede de as deixar cair
a brisa que nele entra
o balanço, das passadas, constante
solta sem pressa, momentos que nunca são certos
mas depois acertam
no voo de cada um
curtos ou longos sucedem-se
do saco que se esvazia de estar sempre cheio.

Dissecar as palavras secas
de tombadas?
As que voam longamente?
As que voam para sempre?
Olho no espelho, o saco velho
de as guardar mal, de as guardar bem
de as querer para sempre, nas que fogem
nas que guardo doces, de nunca o serem
suficientes....

Palavras, palavras no fechar da cor
nos olhos fechados
no dissecar da cor que rompe
a noite das palavras, do amadurecer
das cores que irrompem.
.......................................













































































'



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poesía imaginacionista - Blog Literario: [CÁNDIDA REVELACIÓN]

Poesía imaginacionista - Blog Literario: [CÁNDIDA REVELACIÓN]: Yo esperaba un colectivo – solitario en su parada por la mañana temprano y ahí estando así de repente me di en cuenta ¡cuántas cara...

PONTE-Ponte-ponte

Conhecer pessoas como pontes
de as erguer
de as tentar conhecer
de as deixar ir
no seu tempo
no valer a pena que se gasta
no desfazer
de não ter feito
pontes.

Erguer Pontes de as querer
presentes, vivas de as ver
de as sentir crescer
e com elas criar antes
no agora de haver ainda
no agora de o querer sempre.

Pontes de as querer como caminhos
de regressarem todas
ao mesmo centro, ao mesmo ser
ao mesmo ter
ao mesmo olhar, de querer certo
o de hoje, o de ontem
incerto

Sonhar PONTES de as querer livres
sem grilhetas
num arco de chuvasol
permanente
de guardar nada sempre
além do presente.

No arrefecer das brisas quentes
no aquecer das brisas frias
que o tempo
no espaço acariciado
envia de cabeça em cabeça.

Unir linhas de pensar
fazendo feixes de diferenças
pontes de pensar silêncios
palavras de as calar
preciosas.



segunda-feira, 26 de outubro de 2015


O Amor às Palavras...........



Juntei palavras como areia
como pedaços de papel
ainda sem cor.

Com a ponta dos dedos separei
uma por uma
de as sentir a todas
diferentes
de as sentir a todas
semelhantes
de as juntar de novo.

Aguardei brisas da cabeça
esvoaçar de asas
silêncios de pensar
vazios a transpor.

Da luz se fez a luz
de a ter
de a não ver
e linhas de cores que o sonho recusa
uniram, cruzaram palavras
fizeram linhas de cores
que o sonho não consegue.

Ouvi trinados sem pássaros
musica sem som.
Soprei e das palavras presentes
do negro ao mais profundo branco
senti os presentes todos, nenhum faltava
ao presente que sou.

Utopia de amor sem palavras
palavras sem amor que tombam
enquanto o mesmo Sol que as seca
canta nas flores que desabrocha
nos zumbidos que nem são vistos
em cada passada, como ponte, como palavra.

Erguer palavras como arcos perfeitos
e o silêncio por baixo
o eco das palavras todas
de as não dizer
de as guardar como voos  de mocho
silêncios entre, apetecidos, quebrados
no erguer de um arco de palavras ternas
cristal das pontes eternas.















quarta-feira, 29 de julho de 2015

jorge manuel braga

No inicio deste blog coloquei um texto" Poesia como acto necessário" .
Depois a RTP transmitiu o" 30 minutos jardineiro poeta"
Depois foi publicado pela Chiado o" ACTOS NECESSÁRIOS"
Depois foi publicado pela Edita-me o" NEGRO LUMINOSO"
Depois para poder haver um antes,
muitos,
muitos e sucessivos momentos,
de aprender no erro
e no certo e seguir,
por escadas que só descem subir,
ter pedras vivas e pedras mortas
e sorrir,
o ainda estar,
a vida e o fim de cada instante
de sentir.
Depois no erguer de vontades
repetir o esquecido
reler o nunca lido, de os tempos serem sempre outros
e as palavras novidades de um jogo
empatado o tempo todo de o vencer.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Sa. Cl. Si.

Somos como somos, passos, enganos, momentos, travessias, insónias de pensar, arcas de um Verão constante, arcas de um Inverno permanente.

Somos Como Somos, impossíveis de agora, de sempre ou de nunca. Resquícios temporários nos inertes tocados, nos vivos sentidos, no saber vazio de haver sempre estrelas, longe e mais longe e ainda mais longe, vazio no embotar das sensações, no digerir das emoções, longe tão longe do que passa dentro, do que passa fora.

Atravessar tempo como degraus saltados, como subir de Escher o descer, o sentir das águas passadas, o mover dos moinhos presentes. Mortos moinhos de moerem ainda, o tempo de agora, descendo da subida, o que sobem da descida.

Travessas de sentir tempo, servido em colares de rezas monótonas, deslizantes, dedo a dedo, conta a conta. Infinito de contas como areias infinitas, de tantas praias incompletas.

As variações de cada pequenina formiga, pelo formigueiro todo, pelos formigueiros todos, não se repetem, variam numa cor que parece uma e nunca o é, neste jeitinho brincalhão de aprender o que nunca se repete, de cada segundo, uma formiga, por cada segundo, a vastidão de um oceano de miudezas.

Metáforas à vida, nas suas variações, entendimento e noções, como caminhos feitos, em velocidades diferentes, por mares e ares, por terra e a pé, no ver as janelas de olhar, no passo que a todos foge veloz.






Entre cortados só para não serem inteiros
os soluços de estar vivo
o riso
soluções de tempos perdidos
como mortos de os ter acumulados
vivos
no que penso, no que sinto, no que sou.



sexta-feira, 5 de junho de 2015

A razão de a ter para que se perca

A razão de a ter, de a perder constante, em cada esgar de pensamento retido, em cada sonho que não permita o de todos.
As ideias boas de nunca as ter, as ideias boas de poder viver sem elas.
A razão dos extremos que se afastam de tanto se unirem, a razão do amor que se enrola no ódio, extremos que se unem como farinha do mesmo saco, do mesmo pão, da mesma vertigem, da mesma razão, de nunca haver, de nunca a ver, de ter e de não ter, de ser a razão e morrer.
Um funil estreito espreme razões e certezas, visões, incertezas e todas passam iguais, pássaros que tombam, pássaros que se erguem, sonhos de acordar, cegueira de ver.
Hoje tudo parece certo, caminho incerto espremendo ainda a pausa de ontem, na de hoje, como se houvesse uma daquelas bolas que pincham e não param, a ressaltar constante no vazio da cabeça que a prende, dando ideias como saltos, pensamentos como ressaltos, de um vazio sonoro, pausado.
A razão de a ter para que se perca.



A razão de ter para, para andar e perder.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

7 Elementos do espírito.

5
Tudo é possível do melhor
para o pior.

Do mais pequeno ao maior.

Tudo se situa no seu ponto
o de milhões de escolhas iguais
que nunca o são,
mas passam a ser
no amontoado cinzento
que torna tudo igual
e nos permite existir
e ter vida
alheados do que somos.

Joguetes somos
e nos deixamos ser
dos elementos pequeninos
que nunca equilibram
mas adormecem
o sentir que neles se banha
e não se afoga
de tanto deles beber
não sabendo que o faz.

Maravilhosa possibilidade de sermos
sem o sabermos.












quarta-feira, 27 de maio de 2015

Estante & Pessoas: Dopy gato lindo.

Estante & Pessoas: Dopy gato lindo.: Na Escola" Abel Salazar" falei de poesia, de entendimento, de visões sempre diferentes em cada olhar de dentro, em cada poema, de ...

domingo, 17 de maio de 2015

6 Momentos.


6
Sem agitar, com muito cuidado
se retira a rolha de um grande vinho
e depois na magia dos copos
dele se retira o aroma e o sabor
que na boca persiste
oxigenado, redondo e aveludado.

Bons momentos que se acabam breves
mais a companhia e a troca de ideias
quase sempre sem elas.

Sem cuidado e num copo qualquer
de uma fraca bebida se retira
o sabor do convívio
e sem as procurar, surgem ideias
de não serem impostas
de não serem procuradas
e permanecem, desnecessárias
como tudo e a vida, que se esbanja
como um castigo de que ninguém escapa.


terça-feira, 5 de maio de 2015

Hoje prolongadamente.

Uma nova noite de insónia
entre o não dormir e o acordar de ser dia

milhões de linhas como pensamentos
embarcaram viagens
pelos mares todos com os ventos todos

na roupa que se veste, no andar que se leva
como linhas de milhões
de pensamentos
embarcados viajantes
que os mares levam e os ventos rodopiam

no que levam, no que valem de nada, de tudo
no acordar, no dormir ainda

no ser, no estar quieto de entender nada
como se fosse tudo

em cada sopro em cada batida do que importa
do que é.

Sossego de haver flores
de vez em quando, dividindo espaços, criando momentos de os perder dentro.

Paralelas de poder passar
de poder olhar
o que nunca se toca
o que é mais belo de nascer no recanto fora
e permanecer no canto dentro
como reflexo de pensar
negro
nas luzes que o encontram

sossego de haver sossego como flores de olhar e acabar
este intervalo do que é belo
das cores todas como foguetes de flores
estourados nos motivos de nenhuma.


Sorriso que nasce neste somar de anos.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Precursos dos Percursos.



32
O sentido da vida é viver
no que vem e no que vai
enquanto dura o tempo de a ter.

no fim das dores amortecidas
findas
as dividas amortizadas
acabadas
tudo se contorna
e tudo se esquece
no tempo que nos esquece
e nada deixa da centelha que por instantes…

e já se apagou.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

More HansSophie.


Convicções de matar por elas
convicções de morrer por elas

aonde começa, aonde acaba o direito
o haver e o deixar de haver
razão
ou razão de haver sempre
faltas como fome.

Necessidades como fastio.

Humanidade como um grande bolo
feito de migalhas minúsculas
e todas são extremos esfarelados
e todas são ninharias que o tempo leva
nem sempre depressa, mas leva sempre.

Impor opiniões, tentar no engano de valer a pena
enganar o que vale e o que não vale
o insulto da diferença, da indiferença
o assumir das igualdades, nas desigualdades que separam.

Parar na oração de estar vivo, somar valores que o tempo sangrou
e fazer contas de respirar e orar
de valer a pena como areia fina, escorrendo das mãos abertas
para que tão pouco fique
do que parecia valer tudo.

Liberdade de nascer para poder morrer
fraternidade de Caim e Abel e o infinito de variações
igualdade da multidão que se move como rio
violento por vezes

esmagado pelas margens que esmaga
e logo contido pela barragem
pelo tempo
como mar que afoga indiferente.

Em Portugal tenho a liberdade que a lei me permite
a liberdade de ter opinião e de a guardar
e as palavras engasgadas de as ter todas
como nenhuma.

Contradições conflitos malditos
maldições de as rezar como ateu que tem vida
e só sente o cerco que lhe fazem

à vida

nos cantos, nos deuses inventados
na vida, essência divina, infinitamente perdida
nas vidas sem palavras uma a uma perdidas
uma por uma divinas
e perdidas.

Utopia de ser entendido
no abrigo de uma folha branca

infinitos se fazem os brancos de não se entenderem
de não serem brancos, brancos ou brancos
de não serem .

Liberdade de expressar o ridículo da vida
ou de estar vivo
e por isso morrer.
More e HansSophie
e Charlie
e tantos infinitos divinos com eles
crentes e descrentes, amantes da vida
que por amor perderam cedo.





Estou a ler de Martin Gilbert,"A Segunda Guerra Mundial" de 1989 , que por intermédio do "Expresso" me chegou às mãos. Tem uma forma diferente de repetir tragédias, fala em dezenas, centenas e milhares. Nomeia pessoas de um lado e do outro, dá nomes à morte, não se limita aos montões de milhões, sempre anónimos, sempre estatísticos. De cada gloria se fazem os passos do horror, de cada vitória se enterram vencidos e vencedores, derrotados todos.


sábado, 28 de março de 2015

Em nome da vida.

Criminosos que se dizem Islâmicos e matam em nome de um Deus que é só deles
eu vivo em nome da vida, do que dá, do que retira
dispersei a fé no perder constante
que cria vazios que se preenchem constantes

de
e
de

que se querem perfeitos
e nunca o são definitivamente.

As palavras ganham enredos, que as entalam todas, nas frinchas todas
de as querer todas na cabeça que a todas perde
dentro e fora da razão.

Copos de encher e de vazar
vazam de um lado e enchem do outro.

Areia que enche grossa e depois se faz fina no preencher de vazios como espaços
que eram, que se fazem, que são diferentes
das miudezas, as certezas, a morte e a...

certeza de um arrumar certo
sempre diferente.

Sempre certo e acabado.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O Amanhecer da Noite que cai.




Aprendizagem de acumular noções sem proveito
de adormecer os sonhos dos dias
e as noites de amanhecer
e as palavras bonitas de as ter
bonitas guardadas
ou encerradas

A nostalgia de reler um livro e recordar dele as ocasiões de já o ter feito
o ter feito
esquecendo, quase esquecendo dele o que releio
contrafeito ao tempo e ao passar dele enquanto leio
tempo de milímetros e lombada coçada
por significados acumulados.

Os inícios repetem-se sempre diferentes
em cada leitura de cada fim que continua.

Milímetros desfolhados de um tempo encerrado
que não parece
nas cores de ter antes e depois
vivos e mortos e continuar
esta corrente de ser parte
de um jogo vazio, de palavras e sensações vazias, maravilhoso.

Do sonho eterno ao que passa marcante
e finito
do perfeito sonhado ao sentir constante
imperfeito
do infinito de sonhos ao frémito de estar vivo
paginas que passam no desfolhar certo
de aprender sempre a lição de ainda estar.

Balcões que o tempo marca de esperas
riscos finos que adensam significados sempre ocultos.

O repouso de sentir o desfolhar do tempo
o acabar dele em cada inicio.

Esquinas que ainda se rodeiam
de haver outras
ainda.

Cores de entrar nelas
por caminhos que se desviam e acertam sempre
no branco das cores todas
no verde que se rebola nas variantes
dos anos que passam
desabrocham
e
amocham.

Aprendizagem que encerra o proveito
noções que falham sempre
de serem sempre.....
areia moída de a pensar.






segunda-feira, 16 de março de 2015

7 ELEMENTOS DO ESPÍRITO.


5
Tudo é possível do melhor
para o pior.

Do mais pequeno ao maior.

Tudo se situa no seu ponto
o de milhões de escolhas iguais
que nunca o são,
mas passam a ser
no amontoado cinzento
que torna tudo igual
e nos permite existir
e ter vida
alheados do que somos.

Joguetes somos
e nos deixamos ser
dos elementos pequeninos
que nunca equilibram
mas adormecem
o sentir que neles se banha
e não se afoga
de tanto deles beber
não sabendo que o faz.

Maravilhosa possibilidade de sermos
sem o sabermos.


segunda-feira, 2 de março de 2015

8 PRECURSOS DOS PERCURSOS:


46
Dizer que a verdade não existe
é reduzir tudo a nada
é negar o que há
de verdade em todos os cantos
pequenos e insignificantes
mas verdadeiros
na dimensão que podem.

A verdade é um percurso
que todos podem
na dimensão que podem.

Somos tão distintos, nos jeitos,
nas cores e feitios
que nada poderá ser de todos
igual para todos
além de uma verdade vasta
que todos agarram
no que podem, no que conseguem
e acabam quando se acabam.

Esmago os seres todos
todos
e com eles os anseios, o riso e o choro
o pequeno e o grande, o perdido e o achado
e de todos obtenho a mesma luz

Verdade
como se fosse a luz branca
que de tantas cores é formada
Vida. 



8 PRECURSOS DOS PERCURSOS.


51
Pouco se capta
quase nada se apanha
pouco
muito pouco se agarra
do que surge
para que possa ficar sempre
a sensação
do que não foi pensado
do que não ocorreu
e agora berra mudo
os berros vivos que não deu.

Hiatos de sentimentos
metas que sobram de nunca serem transpostas
buracos que ficam no que parecia resguardado.

Nada se guarda do que passa
tudo é válido porque tudo acaba
e o caminho é caminhar
enquanto dura o caminho.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

TER E SENTIR SOMENTE.


Poeta é o que tem fé
mesmo que seja diferente
de a não ter
de a ter mais forte
de a ter somente.

Poeta é de causas
e sem causas o efeito
de cada brisa de cada humor
o sentir diferente
a dor que fica igual
de a sentir em tudo
o que é de todos e de nada
o sentir somente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Continua.


CONTINUA

Intervalo de conciliar as diferenças
o ser e o não ser,
o que vale e o que não vale,
neste tempo de marcações continuas,
descontos e prolongamentos do

e do,
esse mesmo,

sempre diferente no jogo de ser igual,
de ser sempre diferente,
emparelhado,
assemelhado.

Mata-se numa escala de ser,
mais ou menos extremista,
mata-se na recusa de dar,
de permitir vida.

Mata-se por matar
a razão e a falta dela.

Simples, simples e tão simples este relacionamento de acasos,
estas linhas de nascer e morrer,
este compartimento de ter existido,
vazio e de novo vazio,
de ter sido tudo
vazio e diferente sempre.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

AS DIFERENÇAS QUE FAZEM MUNDOS.

Anos que passam de avanços e retrocessos,
caminho tropeçado pelo interesse,
pelo poder vão que acaba sempre,
breve mas tão longo no presente de cada vitima.

Li o comentário de Gustavo Santos e não o comento, ouvi a tirada humorística do Bruno Nogueira e gostei do incisivo acento na liberdade de expressão, gostei da metáfora da mini saia e avancei para muitos, que ouvi, que li, pensando sempre nesta abençoada democracia, nesta utopia de liberdade, fraternidade e igualdade, que permite comentar, sentir, que permite pensar de tantas formas, de tantas cores, o mesmo vermelho sangue derramado.

Quantos passos neste caminho de tentar e falhar e de novo tentar. Tanta religião tentada, tanta filosofia pensada neste caminho torto, dos direitos, dos deveres, das igualdades, das diferenças, da vida e da morte.

Pela liberdade de expressão, pela fé de a ter e de não a ter, quantos foram decapitados, enforcados, guilhotinados, queimados, fuzilados, garrotados, quantos acabados?

A herança deste Ocidente, funde-se no ocaso de milhões, no acaso de tentar, tentar sempre os passos novos, os pensamentos novos de o serem sempre, no avançar, no retroceder, no viver e morrer nesta
ilusão, de ser livre e valer a pena.
Dos comentários que ouvi, dos que li, todos sem excepção, eram blasfémias para o lado que não as tolera, alguns asneiravam para os dois lados. Vida que se acolhe nos recantos, cantos de haver motivos, cantos de haver sons, que se cortam sem motivo.

Moderados e obedientes, a regras escritas e ouvidas desde sempre, leis que misturam o sagrado e o profano e descriminam e são parciais e são justiça de poucos e de Alá, para os muitos que nele acreditam,
para os que acreditam noutros,
para os que simplesmente não acreditam.
Viver e aceitar as diferenças que se fazem mundos, é atravessar valas e aceitar da travessia, os dois lados, imperfeitos sempre. Não é a encher valas, de cadáveres sempre culpados de terem vivido, que se ganham razões, perdidas em cada violência, em cada discriminação, em cada morte de qualquer lado.
A Utopica Democracia lima arestas nas arestas que logo voltam, tenta o melhor e falha
e de novo o tenta e de novo falha
mas tenta o sonho impossível das igualdades.................................................................

CONTINUA

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Je suis Charlie.


Nefasta e maldita
mas
extremamente simples
a visão monocular
a consciência egocêntrica
destas esponjas vazias
que o acaso apanha e depois enche
com o que calha
do que calha
de vazio que enche.

As palavras parecem faltar na hora de as querer todas, as mais simples, as mais livres.                                            

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

8 PRECURSOS DOS PERCURSOS.

45
Dos impossíveis se vão fazendo
os possíveis.
Do intolerável se vai tolerando
o que acontece
para que o sossego de poder morrer
também permita viver
para que os anseios de hoje
e as estrelas que acabam longe
se possam no vazio,
buraco negro que tudo engole,
reverter no avesso das sensações
que se sentem hoje.

Para que amanhã nada se sinta
tenho de amanhã
o buraco negro de hoje.