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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

O proveito sem proveito

Obras que só lidas
são as mais faladas
e as menos lidas
recomendadas
marcadas
vividas

dias
lidos
tentados











Tento das coisas
não
o que me poderão dar
mas
o que delas consigo colher
de luz
vagueando no escuro
de ser

o proveito do excesso
é sentir o excesso
sem proveito........

O peso de Auschwitz

Auschwitz
é um pesadelo negro
de o viver dentro

como referencia
de um extremo quase infinito

de não o ter vivido
neste permanente sentir
tantos
auschwitz pequenos
proliferando em cada cabeça
finita, pequena e mesquinha

Palavras como lençóis de cobrirem tudo
deixando o vazio dentro
Palavras como céu azul de cobrir tudo
deste nada esquecido  indiferente
Palavras que afogam o mar profundo
neste navegar à superfície

de quantos mortos se fazem as vitorias
nesta derrota permanente do ser Humano

Palavras de as ter dentro
pedras que navegam correntes
soltas
livres
de navegarem sempre nos mesmos ismos

fascismo  comunismo  racismo  islamismo
extremismo.................................................
formas de acreditar na mentira
mentiras que se fazem a verdade de matar
como quem come e bebe e mata

a vida é um acto de fé de morrer por ela

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Luís-Vincent-Schumacher

Sinto a Poesia como vida
sinto a vida como única certeza
nesta incerteza de estar vivo

o meu filho Luís   morreu a 3 de Julho de 2009
renasceu no mesmo dia
diferente
e de que maneira

é um sobrevivente em consciência mínima
mas está vivo
e é nosso
da mãe que o cuidou para que ele não morresse no Hospital
ou numa Unidade de cuidar indiferente e alheia

está vivo
quieto e dependente
mas vivo, respirando e digerindo a comida que pela sonda lhe entra no estômago
vivo
em cada afago que lhe faço
em cada sentir que não está sozinho
em cada faísca pequena na cabeça
que lhe permite a grandeza de estar vivo

Não há vidas iguais
nesta Poesia que se multiplica diferente em cada uma

Luís-Vincent-Schumacher

sábado, 6 de julho de 2019

Poema de Patricia Sabag. Titulado Café

Poetisa

O circulo de cada instante
o erguer e o cair de cada um
o renascer de cada pedacinho
em cada cor
em cada frémito
de sentir da corrente
a união que se desliga
a cor que se esvai
na que fica  na que une
de cada instante
o circulo que se retoma
colorido
de uma cor que escorre
silenciosa
em cada sonho acordado
de serem esses
os mais belos
sonhos
acordados na lua
navegando oceanos
em cada rede repleta de sonhos
palavras
agarradas como sonhos
infinitos de diferentes
e tão iguais de vivos
sentir grão a grão
cada gota
de cada sensação
escorrendo
ou acumulando
areia
solta
deslizando
enchendo abraços de tempo
venturas em cada reflexo
do espelho fundo de sentir
levemente
os cantos e os recantos de estar vivo
neste labirinto de existir
consciente
em cada gota de infinito
corrente

sexta-feira, 3 de maio de 2019

. .

Escrever ou criar
na lentidão de pensar sem pressa
e rasgar ou esmagar
o que passa devagar
sem pressa
paisagem de alhear
de sentir e olhar
a pressa de cada instante
devagar
nesta escrita de momentos
encontrados
de perdidos

domingo, 10 de fevereiro de 2019

15 MEDIDAS



Há momentos de ter as cores todas
e há momentos que parecem mais longos
de não as ter
ou não estar nelas
com elas
mas arrastando sempre

delas

a lembrança
que permite a lógica e a razão
de ainda permanecer
de estar
sujeito aos caprichos
de ser
das cores o jogo cinzento
que escurece mas nunca fica negro
na descarga que ainda vem
sempre
antes de o ser
antes do ficar irremediável.







Sentir o vazio da massa que se calca
de não a ter calcado
parecendo vagos os momentos
nos momentos vagos
esquecidos de calcar
vagueando presos
aos desvios todos
do pensamento
às encruzilhadas, desvios e becos
escolhidos e percorridos sem pressa
no gozo de haver momentos
alheados da pressa
e do calcar
por momentos.








Antecipo os momentos
que depois acontecem
descarrilados de um guião fraco.

Antes, durante e depois
fica repleta de emendas a brancura de cada instante
e não há segundo que se repita
nem lição que ensine a viver.

Tudo parece
que acontece
num tabuleiro de xadrez
que afinal não há.

As peças de cada cabeça
que afinal há
em cada uma

mais o tabuleiro de as conter nas estrelas
e no chão

nas jogadas antecipadas
que depois acontecem

descarriladas
das peças de cada cabeça
que por instantes, repletos de emendas
parecem permitir uma aragem de infinito
num sopro de eternidade
curto
descarrilado.







JULHO
Já nem me sinto culpado
sinto a culpa toda
a culpa de uma condenação
que dei em vez de receber.

Os passos todos que foram dados
e tantos tiveram a preocupação
de mo anunciar
ficaram gravados no meu sempre
ao lado, em redor
por dentro e por fora de tudo.

Nestes dois anos uma vida mais longa
do que a minha
anseia embebedar os instantes todos
e nem isso pode.

Parecem vómitos que me sufocam
constantes de os saber meus
para sempre
de os guardar nesta bebedeira
de não a ter em cada instante
nos passos todos
que foram dados
e no meu sempre
para sempre colados.






sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

14 DEPENDÊNCIAS








4
O respirar suave de estar vivo
o ritmo dele que parece ser o nosso
em cada movimento, em cada afago
em cada caricia lenta que lhe faço
de agora lhas fazer como se nunca
as tivesse feito. 




5
Acumular as pequenas
e as grandes coisas
as importâncias
e a falta delas
e sentir o depender que se acumula
algumas vezes
como poeira dourada
outras como pó
simplesmente
que também cobre, também pinta
no que assenta de tempo que passou
sentido
ou por sentir
nas dependências que se unem
e vão roubando o espaço
do que as une
sentindo ou não sentindo
mas unindo.

Prender o que se aprende
acumular e ficar dependente
de um sorriso que não volta mais.




6
A cada porta que parece abrir

uma nova dependência
como um vicio novo
colado à pele dos pensamentos todos
como se ainda fizesse falta
mais um
para prender de uma forma que se repete
mas é nova
nos anseios velhos
o tempo todo
o tempo que se prende em cada frincha
de vida
e de morte
que só fecha para quem morre.

A cada porta que se abre.

Em cada porta um novo abismo
de escadas que sobem descendo sempre
no patamar de um tempo
dependente
patamar a patamar
como se a soma deles
libertasse deles
a prisão das escadas
que sobem sempre descendo
sempre

ou talvez se mantenham quietas

e só eu me mova no sentido de as perder
descendo delas em cada instante
a dependência que nas sensações
se enrola
como um vicio que dura
o tempo de estar vivo.

A cada porta que se abre
uma linha nova assinala novamente
o novo antes
e o novo depois
para que de uma linha se faça o que sai
e o que entra
e o que não regressa.




7
De cada miudeza esmiuçar
o que a fez
o que dela se uniu
transpondo tempo e vontades
dando-lhe a grandeza
de permanecer.

De cada dedo sentir a mão toda
de cada olhar as visões guardadas
para que as trevas se possam romper
na altura certa das certezas pequeninas
que juntas permitem o respirar
de valer a pena. 



8
Hoje senti de novo
a beleza das contradições
o valor de não estar certo
o incompleto que em tudo reside
de não haver mão que agarre
nem cabeça que abrace
o completo que em tudo reside.

Hoje parei em cada pássaro
o voo que tardava
e depois voaram
de um canto para outro
redondos e silenciosos
de os ouvir
como quem ouve silêncio
e dele retira
os sons todos
e os silêncios todos
e nada mais importa.

Hoje senti que finjo a vida que tenho
e de tanto a fingir me agarro com mais força
ao que traz, ao que traz e eu agarro
arrastado por uma corrente
que desagua em cada esquina
de ainda não ser a minha
e é tão fresca
esta água que me enche
em cada instante
de não o sentir
para só a sentir
a ela
fresca e eterna
em cada momento.















sábado, 12 de janeiro de 2019

Cuidar e manter vivo

O meu Luís
faz hoje 32 anos
ainda ontem nasceu
e eu continha o mundo
nos braços que o erguiam

não falta muito
para que faça 10 anos
de o ter tido perdido nos braços
de o ter agora neste jeito diferente
de ainda ser o meu menino mais velho

o tempo é feito
de momentos que se pintam
momento a momento na cor de cada um
numa corrente que se alonga entre dois pontos
mergulhando neste oceano de sentir o agridoce da vida

de que areia miúda se faz este moer do tempo
este silêncio de acumular sons brancos
nesta consciência mínima  viva
maravilhosa de ainda estar
vivo