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sábado, 30 de janeiro de 2016

O alongar do que é curto.

Curto sentir que se alonga vivo
longo  longo  longo  que se encurta
e nunca se completa.

As diferenças de serem necessárias
as diferenças de serem essenciais
o pagar delas constante
permanente
de ontem.

Calote eterno do que é diferente
do que fica, do que muda e depois fica
diferente de ser diferente.

cores diluídas como aguarelas das cores possíveis
escorrem segundos, pintados longos
escorridos curtos.
O sonho das cores impossíveis
guardado no lado certo
da cabeça que os fecha.

Porto guardado
garrafas com duzentos anos
encerraram essências que o tempo rodopiou
fechando imagens na poeira

como espelho

caída lenta e baça

garrafas perdidas no tempo
de as beber encerradas
sem viagens sem mensagens
fechadas no resguardar
no envelhecer dentro
duzentos anos
encerradas

e as estórias giraram perdidas e logo reencontradas
nas de todos os dias.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Palavras que escapam

Como se produz o silêncio
calando ou deixando correr

sons mudos

quietos silêncios
escapando-se
vivos, interrogativos, linhas
que se enredam como teias
de captar miudezas, belezas que o tempo enreda
pequenas coisas, como pequenos amores
de os sentir a todos
como grandes coisas, como grandes amores.

Silêncio
olho o meu filho, sereno e quieto
e sem que eu o queira
olho o revirar cego dos olhos belos
o tombar da cabeça para o meu lado.
Quebro o silêncio no som de estarmos vivos
em cada afago que me afago
de lhe pertencer.

O vazio das palavras, estrelas que ocorrem
vazio de existir
que enche silencioso
em cada palavra que marca
cada estrela
luzindo
e o vazio depois, sem palavras, repleto contudo
de ser caminho de estrelas, vazio de estar lá
repleto como caminho e haver estrelas.

De estar lá, de sentir, de estar...

Olho os meus
no silêncio de os sentir
sem palavras.
Infinito de pequenas coisas, que se fazem tudo
no despertar de olhar, olhar de novo
e sentir a grandeza de cada coisa pequena
guardada e polida como tesouro
de o sentir com spleen, sem spleen
somente com vida.

Teimo repetir o que nunca se repete
tento sentir o que nunca sinto
e aprendo a ser o que sou
no que não sou
em cada erro que se repete
e nem o sinto repetido.

Momentos de lhes sentir o peso
e a morte de cada um.
Momentos de os sentir voar
vivos um por um.

Sentir dos dias que nascem
as noites que começam
a luz que percorre os sonhos
dando cor
ao escuro
de sentir o tempo.

Voando nas nuvens que escapam
sempre
sonhando nas estrelas que brilham
sempre





domingo, 24 de janeiro de 2016

Procuro desencontro que encontra

Procuro
e perco
recuperando e de novo perdendo

confusas imperceptíveis

imagens rodando
soando lentas
no silêncio que corre
passando apeadeiros
carreiros de sons perdidos
parecidos, confundidos

Procuro sentar o silêncio
            a meu lado
mas sobra sempre espaço
entre o meu e o silêncio
meu
duvido que seja meu
este silêncio      este ruído
que desliga o ruído dentro

Botão que aperta ou desaperta
a roupa dentro a roupa fora
a nudez de sentir dentro
a nudez de sentir fora

Procuro sons fortes
de os ter a todos dentro
sons que engulam dentro
o fora de contexto o sem texto
das palavras desarrumadas
como bichinhos barulhentos
impossíveis de calar

Procuro
sons que engulam o dentro
e me ponham fora
da corda que puxa o sino

fora do sino
que me envolve ressoante
desfasado do ouvir

perdido nas nuvens que colo às estrelas
enquanto o sonho mas põe nas mãos
e acordo preto no branco
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--
-

em degraus diferentes
o que vai dentro o que vai fora

Floresta de gente
e o ruído constante
o ser sempre diferente
este ruído permanente









segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Exaustão sensação.

Sensações.

As coisas, les choses, las cosas.

De que tamanho feitio e cor
se fazem os interesses, os temperos de estar vivo?

O amor é um sentimento que leva ou traz?
E os outros, os sentimentos que movem o mundo
espectros vastos que correm lonjuras
de um extremo a outro, mudando cores
e humores, sentir da cabeça aos pés
o dia que nasce, a noite recomeçada
como pausa diferente, como silêncio crescente
de haver tempo, tempo de haver
respostas já dadas, perguntas já feitas
neste tempo manso sem espelho
neste fundo afundar de tudo
neste rien de nada, nadando ou afundando?

Demoli os moinhos, o rocinante morreu de os sonhar
e as manchas cobrem brancuras virtuais
vitrais de cores manchadas
cores desmanchadas
no chumbo
derretidas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Expansão.
O dia todo a roçar mato
erva, silvas, cortaderias
pedras e detritos que me tocam
e o roncar ruidoso da maquina
no meu silêncio dentro
profundo ou neutro
neste sentir um hiato
entre o ruído fora e o silêncio dentro

Expansão.

tinha nas mãos uma maquina igual
quando o vi ao longe e não entendi
o disparate que ele tinha feito

a culpa não é ter ou não ter
é sentir
Hoje faz vinte e nove anos
fui nomeado tutor de um bebé grande
num pesadelo que mantemos vivo
no sonho lindo de o ter ainda

Expansão.

os anos passam e as ideias mudam
torcendo ali, acolá e ali de novo
olhando miudezas e dando-lhes a cor
de serem infinitas

de serem o universo ao milímetro
nas contas que se refazem
feitas, refeitas e de novo desfeitas
como vazios plenos de sabor
como noções repletas de non sense
viajando noites e dias de folia
perdida

Expansão.

aprender, apreender ou, ou reter
as tempestades de ser        pouco
pouco mas ser delas o ponto
de ver silêncio, de ouvir cores de sentir nadas
conservando como precioso, o juízo
de não o ter nunca e assim o ter sempre
de olhos fechados o ser de não ser
o sentir de não sentir

Expansão.

de ter aprendido cores
que aprendo ainda
sublimações de sentir, repetindo
retardando sensações que parecem matar

sentidas de um fôlego

saboreadas lentas como partilhas sentidas
fugas de um real de linhas direitas
como se o sonho de viver
não curvasse mais

Arcos cores e dissabores presentes
sentimentos de eterno
expandindo











segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Expanção Exaustão

Compressão.
Recolher na cabeça
as estrelas e o céu
comprimir noite e dia
os sonhos e a vida
que se soltam lentos
aos pedaços

Compressão

Nada parece inteiro
pensar pedras e areia
que recusam o espelhar da água
e no fundo ficam
quietas, pensadas, passadas

Compressão

As nuvens são vapor
que ninguém agarra
as palavras alinham-se
e fazem sentidos sem fadas
repletas de pontos finais
pesadas e sem asas

Compressão

Fechar os olhos e ainda ter
o azul das cores e luz
cintilar de caminhos e partilhas
não dormir os sonhos
são todos a preto e branco
e neles o silêncio foge

Compressão

Da imagem retirar os ângulos todos
uma só feita de milhões
de serem todos, a imagem e parte
da imagem num espelho
numa poça de água   invertida
sentida







domingo, 10 de janeiro de 2016

Expansão Compressão Exaustão

Depressão.
Li a trégua de Benedetti
adorei a forma simples de apresentar
morte e vida, decorrer do tempo
linear, cinzento mas faiscante
entendidos e desentendidos e o tempo passa
conforme os que passam.

Depressão.

Depois tudo se expandiu
num sonho de sentimentos
cor excessiva num intervalo curto
de um filme longo, branco e negro.

Depressão.

O conforme regressou, retornou
como se fosse natural

não é

estar vivo, sentir vida e regressar
ao estar sentado e o céu azul parece transportado
nas nuvens que o movem
no sol que a tudo dá cor e caminho.

Depressão.

As noites soltam palavras
fadas dos sonhos
dos encantos de ver, ou não ver
estrelas de haver sempre
até nos olhos fechados
de as querer.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Encontro



Procuro sons leves
quase inaudiveis
sensibilidades puras
estremecidas
como palpitar
como brisas caricias

Procuro no silêncio
que rompem
mansamente
cortinas que abrem
caminhos que roçam
sentidos que se movem
sempre certos

Procuro

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Válvula de exaustão

Águas calmas na cabeça
demasiado calmas dentro

agito como pedras ressaltando
as turvas águas calmas

todas se afundam fundas
de não as ver( mais) guardadas

durmo ecos agitados lentos
guardados e perdidos  lá  fundos

universo como linhas finas
que enrolo lentas e corto sem cor

infinito que desamarro passo
a passo de cada momento sem ele

entro no escuro de o querer mais escuro
sem cores para escolher  imagens para ver

fogachos ainda vivos teimam surgir
cintilantes como estrelas que não são

no escuro se oprime a luz de a cegar
nas visões dentro  novas  descansadas

no escuro se faz o silêncio de entender tudo
na ausência de tudo  tudo entende-se bem

no escuro de sentir dos passos as marcas
que não ficam nas palavras nas imagens

no escuro caminhar desligando mecanismos
de pensar, de sonhar, de ver e vivendo

no escuro que não dura nada se aguarda
tudo e tudo regressa do cansaço opressivo

no findar de mais um circulo  mais  um
dos muitos que rodam(na feira) do Circulo

depressão a depressão e o regresso
às cores desbotadas pelo tempo que passa

passatempo de olhar dos pés a cabeça
amarrada a eles de pertencer a eles

momentos de as saber lá  não as sentir  não as querer