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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Ainda

no tempo que passa

se fazem as marcas

de um antes

de um depois

constantes

morte e vida como luz e como sombra dos dias

marcam fronteiras no tempo

dividem momentos que se prolongam longos

neste curto suspiro de sonhar o infinito

no patamar de estar vivo

ainda

sábado, 26 de setembro de 2020

?Tempo ou momento

Argila por moldar
folha branca por rascunhar
traços de passos que se alongam
e ficam sempre por apanhar

as estórias contam-se no tempo
como pinceladas moldadas, num passeio branco
pintado em cada passo
em cada nó que o tempo prende
e também corta

cores diluídas no tempo transparente

miudezas tombando como folhas de um outono constante
escrevendo tempo nas folhas que se acumulam
brancas de se desfazerem como segundos

tempo como areia no sapato
que irrita mas não se tira
e de tanto andar com ela
de tanto se irritar
com ela
nunca se tira
para sempre com ela
sempre
até ser parte dela

ou do sapato gasto de andar
no tempo, ao tempo e com tempo
nas passadas de quem as fez
pintadas por momentos.

domingo, 9 de agosto de 2020

...faltam sempre...

Preciso da porta fechada
para poder abrir a porta

preciso da porta aberta
para poder fechar a porta

o interior feio da beleza
a beleza do exterior feio

preciso da luz para poder sentir a escuridão

e as palavras fazem-se imensas
para sentir as que faltam sempre

só acompanhado de multidões
repetindo gestos que nunca se repetem

professando a religião de estar vivo
de ser mais um
que aprende
no altar da morte a volúpia de estar vivo

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Vivo e transparente

A três de Julho de 2009 perdi o meu Luís
irrequieto......maravilhoso
na mesma data ganhei o meu Luís
quieto...dependente...maravilhoso

e ainda o tenho

de tantas cores se faz o meu gosto de estar vivo
e de muitas mais o meu desgosto de estar

noite e dia e o castigo de pensar
à luz de cada momento e no escuro de cada um

instantes...Kilometros de passos somados e perdidos
na transparência do tempo que tudo engole
indiferente à diferença que nos move

tempo transparente desmedido e sem marcas
rocha que nos desgasta nesta cor de o sentir passar
como gotas que sonham oceanos e na praia evaporam

Tenho agora um neto
e o meu universo cresceu e nas estrelas há o recreio do infinito
o
olhar e sentir as vibrações do tempo sem cor e sem forma
moldando arco-íris das formas e das cores todas

embaciam as janelas nesta viagem que nos permite sentir tudo
em cada pequeno nada da paisagem
de a sentir dentro
toda

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Migalhas que são pão

Acumular conhecimento sem ordem
nem fundamento
acumular segundos variados
de os sentir lentos ou intensos
esquecendo sempre de cada sensação
o índice e a pagina de a ter tido

sentir ou pensar na erva verde
que não pensa e não sente....
entender o céu azul e o sol de os sentir
ou de neles pensar 
neste vazio
incerto
e aos pedacinhos como palavras
que se fazem Poesia
como quem respira
e ninguém sabe
mas aprecia e sente

de quantas palavras se faz a vontade
de não dizer nada
e sentir tudo

de quanta Poesia
nasce
a Poesia
do silêncio pleno
do vazio repleto



sábado, 11 de abril de 2020

Passear o tempo

O dia todo eu passo
passeando pensamentos e ideias
que a nada levam
mas me levam
de certeza em certeza
que logo deixo vazias
todas
de as sentir em cada segundo
todas
de as ganhar e logo as perder
todas

tempo longo de o sentir ganho
em cada partícula perdida
neste encher de um copo
que vaza constante
neste passear o tempo sem trela

sexta-feira, 10 de abril de 2020

O..O ponto de vista

O ponto de vista de estar dentro
ou de estar fora
de pertencer ou não pertencer

pequeno ou grande
elevado ou baixo
tudo e nada se ganha
e logo se perde

o crescer do tempo
o alongar do espaço
neste sonho de passear o real
entre os dedos quietos

e olhar

olhar as dúvidas de sempre
ao lado das certezas de nunca

passear pela catedral da vida
erguendo a vista às ogivas erguidas
erguendo sol e a sombra
de passear nelas, embaixo delas
do sol e da sombra, das ogivas erguidas
como linhas de olhar tudo... no espaço que se perde da vista

de a tapar
olhando os dedos
ponteiros
e miras
um
a
um
da perspectiva de ser longamente a pressa de olhar sem pressa
a pergunta horizonte
da resposta que nele se perde

ser de pertencer
ou
pertencer de ser
este tempo que por mim pensa e sente

tempo diferente
de guardar anseios e reter vontades
e de passar lasso e alheio
como se os laços se desfizessem
em cada sensação perdida

cansa esta quietude obrigatória
que tanto desarruma a cabeça de a tentar arrumar













terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Passos

Acordar no tempo que passou
e sentir o peso de cada data
em cada ano, em cada passada
em cada passo de passar
e nem sempre a passear
neste passeio de pedras soltas
de areia que se solta
dos passos que passam
e não param
soltos
passos

NUM LIVRO ANTIGO

Encontrei nele
uma dedicatória como tempo quieto
momentos encontrados
numa caligrafia esmaecida
" O dia 24 de Junho de 1848 Eterna recordação".
O que é eterno?
Tudo é eterno no oceano do tempo
cada gota que se ergue e logo tomba
cada gota que voa, retardando um pouco
o regresso.

De momentos ternos, da ternura do tempo
de sentir o arco íris de cada gota
se fazem os afagos da eternidade.

Esqueci o livro
era uma caixa que guardara vida
que me tinha encontrado
e me fazia agora pensar
nos meus momentos de eternidade.

Visões como ideias, sensações de infinito
e acima de tudo
o ter tido o meu filho Luís
terno
nos braços
eterno
para sempre..........................................




Ao Dº Luís Neiva Santos