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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Neutro e sem pressa.

Os momentos passam mansos
numa ressaca boa
que não é deles
numa ressaca má
que não é deles.

Transportam virtudes e defeitos
nas ondas que rebolam expectativas
arremessadas ou afundadas
no tempo imparcial
no tempo de lavar alegrias e mágoas.

Neutro e tão sem cor
para que as cores todas
o possam mentir
o possam pintar
da ressaca da vida.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Amanhã.

Estar.

Neste blog divirto-me
com pedras e areia
miudezas que atiro num buraco negro.

Aguardo ecos de quem sinta
ou de quem não sinta
como se fosse possível
não sentir
estando vivo.

Estar.

Por vezes instalo-me no buraco negro
na medida dos limites
que não preciso de entender.
Amontoados simples
de estarem
de serem.

Sentir basta no acumular de poeira
no passar de panos, no passar migalhas e tempo

de estar

entretido, entendendo pouco do que cai
do que se ergue
de flores e encantos.

Estando.

Entender é como arrazar tudo
de nunca o entender.

Cheiros ou perfumes que o tempo fede
as medidas do que é belo
enchem-me a cabeça
e escorrem das mãos
que não seguram o tempo.

Os infinitos desfolhados
os universos esbarrados
nas paredes dentro
dementes
descrentes
dentro.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Injeção letal.



Acordo na verdade de a ter ainda
de a conter
de a poder sentir no que me rodeia.

Crentes todos somos
e todos diferentes
reflexos de negar, reflexos de aceitar
faces de um espelho que não para de girar
dando sim e dando não
e não parando de dar mundos em cada reflexo
em cada medida sim, medida não.

Acredito num deus, um só
que existe
chamado Vida e respeito por ela.
Acredito que se mata em nome do que não existe
como acredito no universo em cada cabeça que se corta
que se fecha.
Acredito nas boas intenções mas não há inferno que as receba
em cada vida ceifada.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Entre o entretanto.



Sento-me no chão
de um elevador encravado
não sobe porque nada desce
não desce porque nada sobe.

Quieto neste estremecer de estar quieto
de nem assim estar quieto
porque estremece quieto.

Sinto-me num chão
que ondula o presente quieto
que se perde em cada estremecer quieto
em cada olhar de espelho
de ver tudo inteiro
fundo e perdido
mas inteiro.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"Negro Luminoso"

No dia 21 de Janeiro
Terça-feira
pelas
21.30h
na
Escola Secundária João Gonçalves Zarco
 
Matosinhos
 
 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Do 13 para o 14.



Ouço repetidamente musica
de pessoas mortas
leio repetidamente livros
de gente morta
escrevo e penso
por mortos
que parecem prolongar
o que foram
na vida
de eu a manter
ainda.

Afunilam as noções do que é belo
e do que é feio
do que dispensa etiquetas
e se perde livre.

Ensinado a não saber nada
por cada um
e por todos.
Um de cada vez
criando espaço e formas
que os vazios preenchem
de cores
e formatos novos
em cada escorregar de sensação
em cada vazio de o ser
por parecer sempre
um ladrar de não haver cão.

Parecem afunilar os momentos
todos
acabados em cada bocado
que se perde no vazio de acabar
no recomeço de um novo dia tardio
em cada morto
de o ser nos que ficam
afunilados
presos ao que fica
deles
ao morto, que nem o sabe
nem se importa
mais.

Ano de mortos
ano de vivos.
Ano somente de ser tempo
que se enrola e se faz diferente
pelos que nele se enrolam.

Afunilam os sentimentos todos
os baratos e os que custam
os de nem falar de andarem sempre
comigo
como carimbos que pesam
as recordações todas
e o que não volta
enrolado noutra volta.











domingo, 5 de janeiro de 2014

Viva Eusebio.

Referências de uma vida, linhas que se acabam num silêncio que não apetece, tão melodiosos foram os sons, que não voltam.
Recordo como meus, para sempre, os três desconsolados e baixos lamentos do meu pai, recordo o crescendo vibrante que depois ouvi, a magia golo a golo num jogo de futebol.
Em 68 o meu pai morreu e do muito que dele recordo, este bocado é dos melhores, guardado e revisitado nestes anos todos, que agora se despedem da magia de um Homem simples, da magia que o fez grande e disponível e o desgastou e morreu.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A Igualdade da Diferença.

As gotas são todas iguais
para que nenhuma o seja.

O tempo, os modos, o escorrer
é tudo tão igual
para poder
ser
sempre diferente.

Espelhos de novidades
permanentes
reflexos sempre diferentes
no escorrer do tempo
no modo de ser
no gotejar de cada instante
como gotas sempre diferentes
em cada bocado... de gente.

Somos todos tão iguais
que as diferenças ressaltam
como fossas ou cumes de convivência
como gotas que se juntam
e depois separam
sempre iguais, sempre diferentes.