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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ACTOS NECESSÁRIOS 23 de Março

Vai ser nessa data o lançamento de um livro composto de textos  de 86 a 96. Dividido em três partes" Actos necessários, O encontro das diferenças e Sem pausas nem arrependimentos" são antigos e são os primeiros que conservei, falo deles no inicio deste blog, Novembro de 2011, numa altura bem baixa de aguardar o programa da RTP que agora pode ser visto clicando " 30 minutos jardineiro poeta".
Tantos antes e depois, dias e n o i t e s, pressãode e razão e a falta dela e este cansaço de mais uma etapa datada.
Na Biblioteca Municipal de Matosinhos " Florbela Espanca" pelas 16 e 30 no dia 23 de Março de 2013.
Velhos amigos meus vão procurar quem os sinta, desfolhados ou ignorados, são das coisas mais fúteis e necessárias, afirmações do eu, poesias, corridas de água limpida de matar a sede a quem pode.




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Desvios certos.


De quantos desvios
                                são feitos os caminhos certos?
As linhas direitas que se encurvam na linha do horizonte
são direitas em cada cabeça que as enrola
direitas.
Patamar de cansaço em cada degrau descanso
em cada união de pedaços
em cada copo vazio
cheio
desvios, liquidos, areias estendidas grão a grão
e todas são certas como caminhos certos
de serem de tudo ou de todos
grão a grão
diferentes.

Sentir para entender
entender para sentir
o vazio que se enche
e não se entende
mas sente-se
grão a grão no que enche
e depois vaza
grão a grão.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

ACTOS NECESSÁRIOS-Jorge Braga-CHIADO


Aguardo datas, está tudo pronto desde 1996, três pequenos livros de  nenhuma pressa, recreio de tempos idos, de antes.
Aguardo datas, está tudo pronto....
Traços longos e traços curtos sinalizam tempo como caminho, saltos de pedra em pedra procurando a firmeza de um tempo que foge e o parar e os passos curtos de andar às voltas no sonho de estar vivo e no peso de estar, somando alongados traços curtos, passos curtos, traços.
Está tudo pronto, aguardo datas. A CHIADO aprontou um livro bonito, roupa que já não me serve e contudo gosto de olhar sem rasgões e bem passada, preservando as tolices de ontem nas de hoje.
Antes durante e depois, somar traços, sentir e aguardar.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

11 PAPEL BRANCO







6
Viajo nas cores de não as haver
e visito lugares
que até o sonho esqueceu
no stress de preencher os vazios
que por mim berram mudos
de nada, mesmo nada
mudar
nesta eternidade
terna em cada acabar
neste perfeito
caido em pedaços em todos os cantos
deste universo que engulo
vazio, vazio, vazio e branco
na cor das possibilidades todas
na cor das cores todas.
























11 PAPEL BRANCO


3
O bolor do tempo
passa pelas casas
pelas gentes
e de um inicio esquecido
sobejam sempre as marcas
dedadas
de crianças e não só
que as camadas, camadas de tinta
nunca tapam, de estarem lá
na recusa
no aceitar
na firmeza que enfraquece
na grandeza que de tão pouco cresce
e uma nova camada de novo tapa
mas só cobre
não tapa
e cedo se cobre de novo
de borrões preciosos
de terem tido
a vida que os fêz.

As paredes desfazem-se
nas vidas que nelas se consomem
e há dias de tudo ter a importancia
de ser importante
e há outros
que nada parece importar
como tijolos colocados
para que outros neles assentem
dividindo a importancia da parede
pelas unidades cada vez menores
que a fazem
e nada valem fora dela
e tão pouco
parecem valer nela.

Será que são negros os pesadelos
ou esta brancura tão intensa
e vazia de a preencher
com a vontade
que nela se esvazia
não será somente
a brancura luminosa
que nos faz as sombras
e os pesadelos
de sermos
nela marcados e acabados
como sombras da brancura viva
que por instantes fomos
permitidos.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tempo manso de espera


As palavras não são água,
o tempo é que as leva flutuantes,
afundadas,
esvoaçantes quando o peso as ergue
incapazes do afundar no tempo de serem.

Nada dizem, nada são além de palavras,
camiões de conotações,
pedregulhos afundados,
desviando correntes, unindo correntes
e correndo na areia que desagregam
e rebola para o leito de uma poça
que enche e depois vaza
na mansidão do tempo
sempre manso
na distância certa de o sentir manso.






domingo, 10 de fevereiro de 2013

10 LUIS.




26
Remexo preguiçosamente
os abanões que a vida traz
e dos que ainda não entendi
se fazem
os que nunca entenderei
e prosseguem numa linha direita
de só eu ondular
nesta bebedeira de estar vivo
e constantemente esquecer
que ainda estou
para poder recordar
que ainda estou.


10 LUIS.




11
Nunca estou sozinho
comigo anda sempre

a minha cabeça
que geralmente funciona bem
bem melhor
quando estou sozinho
mesmo sozinho
na companhia dela.

Concentro multidões
que nem sempre quero
na cabeça
que nem sempre sinto minha.

Arredondo e mastigo
noções perdidas
nas reencontradas
em cada instante.

De todas se vai fazendo o bolo
que me vai comendo
no fastio de uma fome
que permite sentir arrastado
o que realmente dói.

Ser
ser arrasado
no que para sempre
foi afastado
e poder ficar perdido
no aguardar da chuva
que a todos encontra.




sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

9 ANALOGIAS DE TUDO E DE NADA.




6
Enches-me a cabeça
e a hora
de me recordar de ti
é segundos lentos e constantes
permanentes
de sentir com força o que perdi
nas recordações que se fazem todas
boas
na cabeça que te afaga constante
nas mãos que te afagam constantes
a cabeça.

Dia do pai 2010-03-19

9 ANALOGIAS DE TUDO E DE NADA.



4
Os crentes que não cumprem
a fé que dizem ter
não servem de exemplo
não pertencem
ao que dizem pertencer.

Pouco ou muito
negam o que dizem ser
e se não conseguem colocar as palas
de um caminho que afinal não seguem
não são e nunca serão
o que dizem ser.

Enganados
ou enganando
assumem verdades que não são mentiras
ou mentiras que não são verdades.

Ou isso         
e também
aquilo.

No direito do avesso
ou no avesso do direito.

Resumindo tudo
é tudo
e nada não é tudo
é nada.








quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PRECURSOS DOS PERCURSOS



38
Tento o equilíbrio de andar
sempre desequilibrado.

O que vejo e o que entendo
são do que quero
as parcelas que posso.

O prato da vida nunca esgota
as sensações
e as gotas que no copo ficam
eram as melhores e sobraram.

Marcantes se querem os momentos
que marcam o tempo sempre igual
para que não pareça que o é.

De negro e branco se revestem os encontros
de dor e prazer, de riso e de choro.

De abraços se fazem os passos
e os tropeções, de uma pressa inexistente,
resumem tudo
ao tempo que passa indiferente
arrumando imparcial
os que sentem e os que pensam sentir
no paraíso das sensações perdidas.


PRECURSOS DOS PERCURSOS




4
Comi lá duas vezes
serviam mal e cobravam caro
depois fechou.
Comi lá muitas vezes
serviam bem e cobravam pouco
depois fechou.

Foi assim que.

Assim eu aceitei a multa de ter cão
no receio da multa
por não ter cão.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.




16
Terra fértil e negra
que eu remexo
misturo e desfaço
na procura do que a compõe
e a faz tão negra e tão fértil.
Não procuro os cristais
que já perdeu
mas da areia fina
e dos restos vegetais
eu sujo as mãos
limpando o espírito
de o ocupar de terra negra e fértil
que remexo
bloqueando azias
que a nada levam
e na terra se perdem todas.

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.




6
São tão pequenos,
frágeis e emaranhados
os pedaços pequenos,
os frágeis elementos
que juntos e sem que me aperceba
propiciam a disposição do momento
inconsciente.

O bom ou mau espírito
que oscila no ritmo
das vagas como brisas,
trituradoras do tempo
inconsciente.

Do sorriso que faltou,
ou até aconteceu
da pedra solta tropeçada,
dos segundos escassos de atraso
do levantar ao deitar
e o antes e o depois.
São milhões de pequenas parcelas,
condições
que fazem o arranjo desta melodia
em que eu sou de certeza
a parte mais pequena
mas também a mais importante
perdido nos sons
que gostaria de identificar
um por um,
de serem meus
consciente.



domingo, 3 de fevereiro de 2013

6 MOMENTOS




22
Embebedo-me com as palavras
nunca as consigo encher
nunca as consigo vazar.
Aguardam pelas cores do dia e da noite
pelo aroma
do riso e do choro aguardam
como copos que toco, que esvazio
na cor dos momentos
para que se façam sagrados
ou profanos
na cor dos momentos que passam.

Há dias de elefantes cor-de-rosa
e há outros de religioso silêncio
enquanto as palavras brotam sem cessar
como se fosse delas o sentir
que eu retardado esqueci,
no que finjo de palavras
que por mim passam de momentos sentidos
e por mim sentem.


6 MOMENTOS





10
Vagas num ritmo que não me pertence
envolvem o que penso
ou o que sinto de o pensar
ou o que penso de o sentir
envolvem o que sinto.

De um oceano de vagas ondulantes
que devolvem alterosas ou suavemente
os idos barcos perdidos aos pedaços
frios de momentos estilhaçados
se fazem de outrora os momentos de agora.

Perdidos e reencontrados nas vagarosas vagas
os tormentos divagam
e devagar os momentos se preenchem
de espaços de sonho e de pesadelo
que ainda assim sobram
do que fica vago
e nem as vagas que se enrolam devagar
ocupam o espaço que se mantém vago.

Vagas enroladas no ritmo delas
dividem sensações, permitem pensamentos
enrolam os momentos divididos
para que com dor tudo se una de novo
na separação que nunca houve
na dor que também morre
e tudo é sempre tão simples que dói de o ser.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mãe.

A pensar na morte da bezerra, acodem-me os santos e demónios das palavras todas, o vazio de cada uma, o vazio do tempo que as enche vazias sempre. O cachimbo de Magritte, o grito de Munch, a orelha cortada de Van Gogh são palavras de terem as cores de milhões e vazias ainda assim, penduradas no tempo, de as ter ou de ter tido, de as ser ou de ter sido, as cores os momentos e as palavras, seres mutantes como malas vazias que se enchem na viagem,  transbordantes  do vazio que não se encontra, do pleno que não se abraça.
Parecem copos vazios quando nascem, depois enchem de líquidos e de sólidos, prenhes de sentidos e noções.
Mãe palavra que se reproduz em cada filho. Hoje estive com ela e por momentos, no curto espaço da minha vida, percorri as perdas e os reencontros dela na mãe dos meus filhos, na mãe da mãe dos meus filhos, na mãe da minha mãe e olhei o Mundo como um ventre repleto de vida e amor e cio e tudo, saciado ou por saciar, tudo como balões que a vida enche e a morte leva, vazios de serem tudo.