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domingo, 16 de dezembro de 2018

...gostava...gostava...


Gostava..........
deste percurso
sentir a força de cada elo
desta corrente que não sei se enrola
ou só desenrola
o atrito das  sensações
o desgaste das  emoções
em cada travar de areia fina


gostava de escrever
como quem marca segundos
no automatismo de um coração
feito caneta
escorrendo tinta
na brancura de um papel desenrolado e sempre branco
do que ainda não passou
nas marcas das cores todas do que já foi
de caminho palpitante
nos segundos todos

caminham as linhas
pelo comboio que enferruja
no apeadeiro
do sossego
dos destinos
todos

Paisagem
como janela
de olhar e sentir dela
o passar como conta
de somar sempre

gotas
 que se fazem o universo
de as sentir a todas

negro de o sentir todo
em tudo
branco de o sentir em tudo
como silêncio dos sons todos
colorindo a  Paisagem
sem janela
que desfila nas linhas
de as ter dentro
desta ferrugem de pensar
e sentir
deste navegar sem fim
os pedaços todos
quietos

2 O encontro das diferenças


5
No sonho sou sempre criança
e há doces
e o armário é alto
e eles estão lá
e eu não lhes chego.  





6
As musas já findaram
o que fizeram já não fazem
em doentias palavras de fastios individuais enforcadas
em estrume de tantas mortes inúteis sufocadas
acabaram.

Delas resta no espírito de quem não as tem
a morta recordação
que sem desejo de as ter as deseja      
enquanto visões impossíveis cegam              
quem as persegue e nada consegue. 




7
Sinto sem sobressaltos o que sinto.

Dolentes me sossegam sensações     
que me embalam como se fossem minhas       
e me aceitam.

Sinto sem sobressaltos o que sinto
fugindo dos cumes que não me erguem
ou das fossas que não me enterram.

Sinto sem sobressaltos o que sinto
enquanto metamorfoses que nunca sonhei
me fazem igual a tudo mais igual que tudo.

Sinto sem sobressaltos o que sinto.




8
Afogo-me em falhanços 
que cioso resguardo 
e sereno me mantenho                                                     enquanto procuro água 
no deserto em que vivo 
e sem que me afogue sobrevivo 
sem sede 
ao morto que arrasto comigo.



















domingo, 9 de dezembro de 2018

Para P. Sabag

Pensar é colorir
dar cor aos momentos
atravessar cada gota
como cada segundo que passa

daltonismo de todos
neste espelho dos reflexos vertiginosos
nesta realidade que se reproduz
infinita

pensar é um silêncio
que percorre vazios preenchidos
paisagens quietas
de as pensar  movendo-se

ecos de os sentir a todos
ressoando sons adormecidos
de os ter quietos e reais
eternos

pensar é ocupar
o vazio silencioso do tempo
com este frenesim de viver
cada grão fino  que se vai

praia e oceano das cores todas
molhadas e secas e sempre incertas
neste vento  tempo  que as faz certas
perfeitas