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terça-feira, 26 de abril de 2016

Imperfeição que gira

O vazio é um encher de noções cansadas
de as ter nascido sem as sentir entranhadas
o vazio é o encher dos momentos
livres de estarem presos ao nascer na corrente
das palavras, das sensações, dos instintos
dos sem nome, nomeados vazios de os haver enormes
gritando nomes, barbaridades piramidais
de as haver antes, do nascer ou do sentir
do ser e do ser sempre pedaço rebolado.

Sonho o vazio das sensações antes
das palavras que nomeiam o encher de cada grão de areia fina
sonho o sonho do universo antes
o vazio de um vazio antes
um nada antes
da noção de tudo
de a sentir
vazia.

Tripas que se enchem do que nem se comeu
sensações que se preenchem do que nem se sentiu.
O todo é um nada que se enche como balão
e logo se vaza e logo se enche vazando
do lado de sentir o que logo se vaza sentido.

Caminhos feitos no pisar do que é belo
e parar e questionar e nunca aprender

saber o que é
saber o que não é

aprender nunca
do caminho o pisar leve
constante de o persistir
caminho
de ir de voltar de seguir
de regressar
caminho que tudo leva
a nenhum lado
de aprender nunca
de que lado fica.











domingo, 17 de abril de 2016

Círculos imperfeitos

Metamorfose de um tempo
larva
espaçado como ritmo vivo
transforma
luz que na sombra se alonga
longa
borboleta inicio de ser fim
cadeia
desta melodia dos instantes
desenrolada
sempre nova renovada
cansada
em cada mosca rã mariposa
sonho
que pousa nos instantes todos
presente
que o tempo engole e devolve
igual
de ser sempre de quem sente
diferente
a volta que anda sem dono
espaço
de pertencer luz de ser para ser
sombra

as palavras rebolam pedras
leves
nos ribeiros de as soltar
lago
de as acolher frescas e novas
recolher
nunca esgotando delas
jamais
os sabores todos as cores todas
luz















domingo, 10 de abril de 2016

palavras Palavras palavras

Saio da caverna de Platão
e a luz é tão intensa, que a cabeça baixa
enquanto a sombra se alonga
e há esquerda e há direita
no equilíbrio de uma linha estreita.

Espelhos quietos, espelhos luz e cor
de onde vem a cor, a luz?
Espelhos luz e cor, que fogem
de quem fogem? Espelhos emprestados
à luz de todos, que ninguém agarra.

Linhas como seda fina ganham cor
como poesia de a sentir noite e dia
unindo espaços, unindo sensações
quebrando lentas, este mar de areias
finas e guardadas, eternas orações.

Palavras leves arredondam o silêncio
crescem como linhas entre margens
erguem arcos de pensar e meditar
depois repousam, depois regressam
sempre leves no arquear da poesia.

Pequenas palavras, que crescem sentidas
unem vazios, espaços como ecos
de nem eles se repetirem,nesta mudança
em que tudo permanece igual
de nunca o ser, de ser sempre, diferente.