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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O riso de estar vivo

Rir como viver, variando as risadas e os sons que se prolongam de haver ecos como risadas prolongadas.
Respirar como viver
ar quente
ar frio e o condensar das ideias
prolongadas
todas.
Correr ou levantar, cair ou erguer, o comprimento dos saltos já nem deixa marcas, na que o vento varre, na que o mar lambe, num riso seco e logo molhado de areias.
Prolongadas sensações, apagadas e retomadas num quadro sempre negro, que as risca e as apaga, na esponja sempre húmida do que nela se apaga.
Rir sério, dentro, rir do ser e do querer com seriedade, rir do riso que imita o choro, rir do choro que imita o riso, rir inícios e os fins e os meios, os caminhos e as vontades, rir o tempo que tarda e o que se retarda, rir como respirar ou respirar para poder rir
o choro de cada segundo
e o riso de cada um
e o silêncio dentro
do riso.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poesia

O pior é rir do que não pode ser ido e foi, rido, perdido no novelo das pontas e das penas dos que ficam, um pouco mais neste riso de permanecer, um pouco mais neste peso de recordar.
O que está limpo alguém o limpou, o que não está o fogo do tempo devora rindo e o gelo conserva os titanics todos, fora do seu tempo, acabando todos, numa conserva fora do tempo, de tudo e de todos.
Brotam da terra as palavras vazias de serem de todos, o encher de cada uma, brotam como gotas e rios que correm, de nunca serem iguais, as gotas e os rios que correm sem descanso para o mar, amor de nascer e correr.
Não compreendo o que vejo, o que leio, sinto, só sinto, entender seria ser o que não sou.
Pina foi mas Pina ficou e o silêncio e o vazio, por palavras, para sempre ficou preenchido.












sábado, 20 de outubro de 2012

19 de Outubro

Três anos de ter o Luís em casa, sobrevivente, connosco. Assinei o meu primeiro contrato de edição. A Chiado Editora vai publicar os meus primeiros livros, três num só. A crise de valores, lá fora, quase a esqueci, os meus valores em crise, cá dentro, quase os esqueci e depois o Pina morreu e tudo vai continuar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Avarias vazias

Sentir sem pressa o vagar de momentos, sem pressa alongar deles, páginas e paginas de não entender.
O sentir dos momentos, o passar deles, o sentir dos sentimentos e o passar deles de não entender, sem pressa
.
Variam os dias e as noites parecem encerrar estrelas, que algumas vezes soltam, permitindo lonjuras que a cabeça parte, avarias que percorrem o mundo e os mundos.
O infinito circunscrito
a um espaço tão restrito, encerrado nas mãos, apoiado nelas, vazio de sentir cheio,
cheio de sentir o vazio,
o que rompe irrompe sem aviso.

As palavras esticam vontades e passam, elas e as vontades, numa peneira de estar vivo e passar tudo.
Parecem encravar, algumas vezes, de um aperto que engrossa o tempo e nele se retém, pasmam mas passam.

Dizer com as palavras de hoje, o que senti Ontem, ontem mas nunca amanhã.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

BRANCO

Respostas como patamares de perguntas, de degraus, de ainda subir, degrau a degrau, patamar a patamar, no infinito que me contém, no eterno de ser meu enquanto dura, neste gaguejar das palavras, perdidas sempre, na aventura de tentar explicar  esta ventura de olhar zangado, ou bem disposto o mesmo Sol que nem sempre aquece os dias, ou arrefece as noites,
o tempo,
as presenças,
os segundos que voam e as diferenças que se quedam lentas.

O blog tem cor
em excesso
para este branco de hoje

o branco surge adentro e afora da cabeça que vaza sargaços enredados
o branco de estar em branco
o branco vazio de caber tudo
o branco silêncio que encerra
o branco em cada patamar
o branco em cada pausa esquecida
o branco das cores todas
todas
e da luz.

A cabeça sempre verde
das sementes que não semeei
rumina securas que secam
de verdade ou de mentira cada gota de vida.

Um colar de pedras brancas
reboladas pelos dedos
ganham as cores da ilusão
dos momentos
vagabundos sossegos
enredados, rebolados
semeados.