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sábado, 26 de dezembro de 2015

Plante carnivore - Lucie ESCARGUEIL - Vos poèmes - Poésie française - Tous les poèmes - Tous les poètes

Plante carnivore - Lucie ESCARGUEIL - Vos poèmes - Poésie française - Tous les poèmes - Tous les poètes

Agora, agora é agora.

Agora que o Natal se esgueirou
repleto das boas intenções
que o fazem e dele sobram.
Quase todas sobraram
quase todas.

Agora que o ano novo nos vai consumir,
numa alegria que ao rosto se cola,
os restos do ano velho
enquanto mantenho
o sorriso dentro.

Agora que o Natal se guardou
entretenho os dedos da cabeça
desfolhando os presentes datados
entre o que havia
e o que agora tenho.

Agora no aguardar das folhas todas
de um caderno ainda húmido
das cores que se fizeram borrões
guardo a ideia de pinturas
como chagas.

Agora que uma nova adenda escorre
e antes que se una ao livro veloz
escolho e recolho linhas, de as querer ainda
um pouco   mais   no presente
ou eternas.

Agora que procuro neste bamboleio desfocado
o equilíbrio do que senti passar
faço o balanço e nele deito a poeira
das estrelas, nas letras azuis, desfeitas
na vida, bênção que fica.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Do Sonho.......

No Sonho uma voz doce
orienta o percurso, magia que me toca
suave brisa que me afaga
enquanto percorro veredas novas
de serem as mesmas
com outros olhos
com outro sentir
dos passos
as marcas
e o tempo, sempre o tempo

as sombras e a magia de ouvir a lua
e andar perdido em cada encontro
em cada momento curto
de os sentir como ecos saboreados

viajar quieto no desenrolar de imagens
no voar sonhos e ventura de  pensar
de construir novidades e partilhar

andando sempre, ouvi silêncio num crescendo
que começou maravilhoso, melodioso
ocupando o vácuo negro, como cadeiras
ordeiramente, sem pressa num leve tilintar
que acentuava o fundo silencioso

.....depois cresceu como berros de os sentir
sem os ouvir, desorientado, aturdido parei

o céu fechou-se, o horizonte encerrou
e no pequeno aposento eu era o centro
e dos cantos todos e do tecto e do chão
brotavam vozes e nenhuma era
do Sonho o inicio, algumas pareciam mas não eram

nenhuma era
e o silêncio fugiu no encontro das estrelas
enquanto as vozes se erguiam
falando para tudo, ou para nada
longamente e não dizendo nada
do que faltava, do que faltava
e no centro se aninhava
no sonho, no sonho, no sonho
que se recusava acabar






quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Somos riachos correndo

O peso das palavras
nunca é preciso
o comprimento das palavras
nunca é medido

ouço toneladas de asneiras
e calar não é silêncio
ouço palavras leves como espiritos
que me calam silenciosas

vejo quilómetros de tolices
permanentes...... nos olhos fechados
de sentir brisas como afagos
de palavras curtas e caídas

de as sentir enrolando
infinitos que me fogem
leveza que me repele

Que somos? Pequenos riachos
correndo pedras, correndo areia e terra
das cores todas, todas do sonho delas
de as pertencer, de as pintar
dissolver

correr a largura de um pé
que se alonga
que se une em pequenas poças
que depois transbordam
levando gotas de todos os lados

das nuvens brancas
que desabaram negras
dos rios grandes e dos pequenos
dos riachos, dos oceanos
memórias em cada gota
do que a pintou, do que pertenceu, do que foi
correndo cascatas ao sol, na verdura que permite
na verdade de correr o tempo quieto

no sol que ergue e depois baixa
no enterrar que se faz poços
as palavras como figuras ocas, dos tamanhos todos
das formas todas
se vão enchendo das cores de momentos corridos.

Palavras de as conhecer, desconhecendo sempre
nas cores novas, leves, no prolongar delas
arrastadas, como borrões nem sempre belos

o mundo todo, guardado nas palavras todas
e depois o embrulho do presente
na vastidão do vazio, do silêncio.............................










terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O escurecer prolongado

Caminhar no escuro longamente
o tempo longo de habituar

é curto, o tempo
e deixa de tropeçar
o tempo

a cabeça funciona no escuro
o escuro funciona melhor
na cabeça escura
nas sombras de uma luz
de outra banda

Será que as ideias precisam da luz
para terem corpo?
As palavras unem-se no fundo
muito escuro
azul escuro sem estrelas.
Unem-se como se fossem todas iguais
e não são?
A pincelada certa e uniforme
une os extremos

e o túnel prossegue
afastando ideias da luz de entrar
prossegue noites
de as querer quietas, caladas
vazias e silenciosas

como castigo de tanto querer
recebe pingos, que no chão ressaltam
de altas fissuras que queimam do caminho
o escuro, que deixa de ser
espaço a  espaço de cegueira
no passo que se retarda tropeçado

entrar e sair do sonho
com luz, sem luz, sem sonho
neste engasgar da sede, na água
que pára escura quieta
esquecida de cintilar
esquecida









'








domingo, 20 de dezembro de 2015

O ACUMULAR DO PRESENTE.

Um livro
nem muito grande
nem muito pequeno.
Um Presente do meio para o fim

talvez no fim
talvez não

avança lento, página a página
procurando na brancura de cada uma
o silêncio
em cada letra a sua cor
em cada palavra o resplendor
de haver lua e sol
e amor que vive
como raio de luz
trespassando distâncias
e regressando

em cada pausa o recordar
nas folhas ainda brancas
de momentos, os momentos
de os querer num espelho de sonho
de os ter
momento a momento
sonho a sonho
em cada pausa do Infinito
luminoso Presente
de fadas sons e ecos
espelhados.
.......................................

Afago do meu Luís, a cabeça na almofada
não me vê mas sentiu
e o tempo pára, no afagar das sobrancelhas
no sorriso quieto
nesta consciência mínima de estar lá
quieto e precioso

longas viagens faço, no silêncio
de estar
ao lado dele
miudezas de sentir, de as sentir todas
de as tentar todas

lentas regressam as palavras
faiscando cores, sabores e amores
dando som ao silêncio que ouvia
ao vazio que repousa

O eterno cansado de cada um

lentos regressam cores e sonhos
como gotas de uma sede guardada
e o Presente persiste em ser Presente
folha a folha, dentro e fora do sentir
escalpelo de amar e amar
miudeza a miudeza, tudo

nada se perde, tudo se encontra
neste olhar e conservar, pequenas fadas em cada letra
Hadas em cada palavra
o Infinito como Presente desfolhado
lento, seguindo marcações
como flores que nunca murcham
os silêncios de viver
........................................................................................




quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

11 PAPEL BRANCO



56
Repetem-se sucessivamente
os dias
e os sentimentos
dos dias
para que se usem as cores
todas
que nunca se esgotam.

Nesta lotaria da cor certa
do sentimento errado
em cada ajustar do momento
que nunca se repete
nunca acerta
e é sempre
o tentar sucessivo dos sentimentos
todos
que nunca acertam
nunca se completam
na nostalgia que se enrola
nas saudades
e se acaba na aprendizagem
de nunca saber
nada.

Aonde reside o limite do amor?
E do ódio?
Do choro e do riso, do que se aguenta
e do que também se aguenta?

O mistério do que é pequeno
e contudo move tudo
desloca-se na brancura de tudo ser sempre novo
mesmo quando se acaba
branco, branco
acabado.


domingo, 13 de dezembro de 2015

De 17 Tendências

11
Tudo é simples,
depois complica-se em cada sopro de vida,
em cada razão que ergue,
a razão que prevalece das razões todas,
como se um poço simples
de ter água no fundo,
se multiplicasse pelas sedes de tantos poços,
que não os havia,
mas agora há,
no tempo todo e no que não há.

Tudo é simples
e a razão e a verdade só complicam,
de um jogo,
a bola que nem sempre se defende,
da verdade que não é dela.

14 de Fevereiro,
dia dos namorados,
namoro a vida de ainda a ter,
na verdade de ter os meus e tudo é tão simples com eles,
que limpam constantes,
o vidro transparente e sem cor,
que eu sujo de cores e complicações.

Sentimentos que ultrapassam o que sou,
no riso de não ser,
o que sou deles e de tudo aos pedaços
que sujo e limpo de ser deles o funil que os sente
de os agarrar e a todos limpar e a todos sujar do que sou de pedaços,
deles e de todos,
aos pedaços,
no pedaço que sou,
de vida,
de vida e de morte.



sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Palavras, Palavras e de novo....

Tantas vezes
atordoado fiquei
e tantas vezes me calhou

olhar sem palavras

de as ter excessivas
e atropeladas pelos cantos
engasgadas pelos cantos
atordoadas pela beleza do entendido
expandidas pelo universo
de as ter como formigas pequenas
berrando silêncios de palavras por dizer.

Corri chuva e vento com Bernardo Soares
percorri estrelas com Campos
contei pedras e seres com Caeiro.

Silêncios repletos de palavras
caladas, entendidas como se existisse entendimento
sem elas
sentidas num respirar curto e ofegante
de um silêncio impossível
de haver sempre, ecos ressoando palavras
entre cada batida ofegada de um infinito
expandindo, expandindo palavras
como presentes eternos.

Tantas vezes as tentei
uma por uma

tentei de cada uma

o brilho, a luz, a cor
a igualdade que as permite diferentes
em cada conjunto de cores e silêncios
em cada conjunto que a luz esbate
que o sonho adormece pequeno silencioso
na luz que tomba dentro
pardacenta
bocejando cansaços pequenos.

Descer gotas ou subir gotas
neste erguer constante do Presente
que acumula areia deslizante
escorrendo tempo enxuto
de castelos desfazendo vento.

Desço gotas subo gotas
procurando ínfimos sorrisos
encontrando estrelas infinitas
no pequeno e no grande
que  não entendo
no grande e no pequeno
que por mim entendo.

Sento e aguardo...

domingo, 6 de dezembro de 2015

HOJE!

Hoje acordei no que tenho feito
de viver momento a momento
numa sucessão que pesa
longamente.

Estar calado para poder falar dentro
das pontes, travessias e silêncios.

Presentes que acumulo nesta vertigem
de um infinito que sobra
como vento que bloqueia brisas
como enxurradas que abafam gotas sentidas.

Passo a mão pelas sobrancelhas
do meu menino de estar lá, não sei aonde
e o sorriso que vejo, naquele esgar, é o que vejo
de o querer, sorriso de estar lá, sorrindo.

Hoje senti o cansaço de viver presentes
como folhas de um livro, que voam livres
soltando o que sinto, no vazio de terem voado livres
como se o peso, se fizesse meu, preso.

Palavras de um sonho de guardar calado
soam como ecos, do silêncio, de estar dentro    dele
do sino quieto, fervendo sons do infinito
que estouram, no eco de estar, dentro quieto.

Hoje tenho cores de hoje na luz de hoje.




















As nuvens dos castelos
ao vento desfeitos
de serem nuvens e só nuvens
de certeza

ainda assim

persistem no sonho
de o querer, com cores
todas e longas nuvens coloridas
silenciosas e com fadas
presentes
e sem fim.