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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O pé direito sonha ser esquerdo.

Releio momentos, palavras que os despertam, buzinas de um trafico quieto, quieto de ser curto, no espaço longo, de uma cabeça, de encerrar tudo como nada.
Buzinas como ecos dentro, de acordar, acordar vontades, perder ou adormecer momentos, que retornam diferentes, nas palavras iguais, que o tempo mudou, nas noções que mudam, desenroladas segundo a segundo.
Começar sempre com o pé direito, deitar fora o esquerdo, ou os passos perdidos pelo meio.
As palavras envelhecem nas sensações sempre novas, nas palavras sempre diferentes, consoantes do momento, melodias que soam bem e nada dizem.
Os encontros fazem-se desencontros e os desencontros encontram-se. Realidades perdidas em cada cabeça, sonhos e visões que se amontoam num jogo de perder sempre, para poder ser e perder sempre.

"Não há qualquer razão para que uma história seja como uma casa, com uma porta para entrar, janelas para ver a paisagem e uma chaminé para o fumo. Pode muito bem imaginar-se uma história com a forma de um elefante, de um campo de trigo, ou de uma chama soprada de um fósforo."

Moebius que morreu quando Giraud se foi, palavras de imagens como ecos de imagens com palavras, sonhos reais na forma que lhes foi dada, permanecem sonhos ou são reais no permanecerem?
O código de ser manda desaprender sempre, encher a garrafa de a ter vazia sempre e ter a forma dos espelhos todos, no partir de todos em cada momento.









domingo, 28 de dezembro de 2014

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.

36
A poeira do caminho
vai-se acumulando
camada por camada
dando peso ao caminho.

Poeiras diferentes
que se acumulam
como postais,
marcos de trajectos
que a vontade repete de os recordar
nas cores
de sentimentos desbotados
que parecem as mais vivas
de serem sempre do que já não há
a recordação que mais perdura.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A Verdade culpada.

Extremistas ou não extremistas, Humanos e.... Humanos aos milhares de milhões, repletos de razão em cada um, repletos de razões no pertencerem, no serem espaço, espaços e vazios de encher, de pertencer ao que calha e ao que vem.

Vem o Natal e o ano inteiro de boas intenções, nele se perde, nele se prende, amarrado às crenças e à descrença, às verdades pequenas. à Verdade de estar vivo.

Aceito a fé de cada um, de quem pode, de cada crente que se une a um deus e dele faz a sua imagem, amarrando linhas, arrumando sentidos.
Aceito o que para mim rejeito.
Do Universo que se expande, tento resguardar este recanto de vida e de morte.
Do Infinito, sou gota, de um oceano que cresce, sem fim.
Espelhos de não ver, as diferenças, que nos fazem iguais.
Os deuses crescem humanizados, por quem os sente na cabeça, ou no coração dos instintos, criticar ou apontar, a um ou a outro, defeitos de concepção é andar às voltas, de criadores a criados.
Tudo passa pelo universo entre as orelhas e para fora brota ou escorre como infernos, como paraísos, de quem os tem, na cabeça encerrados.

Milhões de anos luz, um tempo que só aqui se conta, como se não valesse nada, tão finito é, neste constante vindimar de vidas, nestes buracos negros por cada uma, em cada cabeça de viver ainda.

Em nome de... por vontade de...e o sangue corre louvando...lavando o poder que também corre, o dinheiro em nome de...o entender que se perde em cada degolado, crucificado, apedrejado, em cada criança culpada de estar viva.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PRECURSOS DOS PERCURSOS.




8
O pote
tantas vezes foi à fonte
que um dia aprendeu
e com jeito se partiu
derramando num jorro
as maleitas todas
as queixas todas
e secando mais rápido
do que a vassoura que o arrumou
sem préstimo
para o canto dos cacos idos.








sábado, 13 de dezembro de 2014

8 PRECURSOS DOS PERCURSOS.




46
Dizer que a verdade não existe
é reduzir tudo a nada
é negar o que há
de verdade em todos os cantos
pequenos e insignificantes
mas verdadeiros
na dimensão que podem.

A verdade é um percurso
que todos podem
na dimensão que podem.

Somos tão distintos, nos jeitos,
nas cores e feitios
que nada poderá ser de todos
igual para todos
além de uma verdade vasta
que todos agarram
no que podem, no que conseguem
e acabam quando se acabam.

Esmago os seres todos
todos
e com eles os anseios, o riso e o choro
o pequeno e o grande, o perdido e o achado
e de todos obtenho a mesma luz

Verdade
como se fosse a luz branca
que de tantas cores é formada
Vida. 


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

7 ELEMENTOS DO ESPIRITO.



20
Chocalham as peças do dominó
espalham-se cartas sem sorte
e dos muitos que escapam
se escapam os muitos
que não escapam.

No rodopio do silêncio
em cada lugar que fica vago
e logo fica ocupado
se faz o crescente e a cruz dos que ficam
e dos que se vão
com ou sem religião
vão
no tempo sempre certo
da nota correcta
da sinfonia sempre certa
da vida que só houve
para quem viveu.









terça-feira, 9 de dezembro de 2014

7 Elementos do espírito.





13
Tolices e asneiras
que se adaptam
que se acumulam
como mobília num espírito
que a quer dispensar
e por isso as permite
na ignorância que as assimila
e com elas fica,
coladas.

O que parece igual aguenta-se
mas depois já não se aguenta
no esgotar da paciência
no acumular que não se vê
e só no fim se sente.

Ver o crescer do cabelo ou das unhas
como vejo do sol quieto a subida
ou da noite a escuridão inundada.
Ver o que se acumula e tanto nos muda
como vejo da vaga enrolada
a areia arrastada
num prolongado
a.a…a.a..a…a.a
de admiração escusada.






domingo, 7 de dezembro de 2014

POESIA.

Poesia.
A explicação das contradições todas, todas como nenhuma e nenhuma como todas.
Poesia.
Explicar das pedras reboladas a pedra que foi, neste rebolar de pedras quietas, que o tempo move quieto.
Poesia.
Vazio de encher vazios e o que passa deixa sempre saudades, de haver sempre, por passar
afagos, canais carpicos de sentir os dedos unidos ao cérebro, ao mal e ao bem como volutas que a brisa une e logo desfaz.
Poesia.
Dos.
Dedos unidos às caricias e à violência, que chispam razões de tudo e nada demente, em cada curva, em cada mente, em cada verdade de as deixar cair nas mãos violentas ou carinhosas.

Ontem fiz jejum, enquanto aguardava, o corte sensível da mão direita, a verdade da fome foi contornada, segundo a segundo, noutras verdades constantes, no surgirem, no caírem, no serem sempre diferentes,as fomes e as noções, de as brincar, de as sentir tempo a tempo, corte a corte, no fazer, no desfazer, no refazer.
A Poesia de avançar um pé e depois o outro, no recuo de prosseguir, o sentir o simples que escorre, de cada momento, na simplicidade que se complica em cada batida, partida, perdida de cada instante.

O visor que eu tentava decifrar dava  linhas, números, tensão, ritmos e pulsações  e eu deitado, sentindo anestesiado, o remexer na mão direita, a conversa que eu não via e assim perdia, abandonando a mão, aos cortes, ao saber que eu sentia, não sentindo quase nada.
Poesia de ter sem saber, de sentir sem entender. o resumo que transforma tudo em numerus. abertus todus à puesia de ter vida como intervalo de nada.