Ao longo do dia
ao longo dos dias
se fazem os mais belos textos
a poesia mais conseguida
que desbobina imagens
que se perdem constantes
no espaço estreito
de encerrar universos
estreitos como oceanos
que um funil engole lento
num jorro longo de esquecimento.
Estreitos escorrem finos
e a quase todos se perde
a direcção, o sentido, a noção
neste lodo de pensar
nada molhando ou quase nada
juntando gotas como descobertas
ganhando as cores do momento
poças de pensar, devagar
enrolando dias, poesias
caixas vazias de encher luz
derramar cores, azul profundo
nas velas brancas de encher vento
e andar sempre, curto a curto instante
de poder ainda, andar lado a lado
Caminhos, atalhos de alongar os dias
dormir a insónia de viver
marcando estrelas, no brilho e na cor
de as pertencer