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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Lentos

Palavras desenroladas
deslizam sensíveis aos que ouvem

encontros de luz
raios de silêncio desmedido
entre palavras lentas

assombradas enoveladas

insensíveis aos que dizem
como tempo que as marcou
dos que nelas se marcam

carris de um só caminho
que guardam infinitos de viagens
linhas desenroladas que, o horizonte une
arcos de palavras
que respiram momentos, lentos

palavras
conotadas ao que vivem
com palavras, das palavras
como ribeiros que passam sedes
como colheitas que renovam fomes

palavras
poesia de engolir fastios
de olhar tudo na dimensão de nada

palavras
sempre as mesmas
de nunca se repetirem
como traduções do mesmo ser
cruzando-se no infinito dos seres todos

palavras
na imagem que se revela
lenta
no claro escuro de aguardar manhãs
de sol e cor
no quente escuro dos olhos fechados
dos sentidos dormentes
despertando lentos