Palavras desenroladas
deslizam sensíveis aos que ouvem
encontros de luz
raios de silêncio desmedido
entre palavras lentas
assombradas enoveladas
insensíveis aos que dizem
como tempo que as marcou
dos que nelas se marcam
carris de um só caminho
que guardam infinitos de viagens
linhas desenroladas que, o horizonte une
arcos de palavras
que respiram momentos, lentos
palavras
conotadas ao que vivem
com palavras, das palavras
como ribeiros que passam sedes
como colheitas que renovam fomes
palavras
poesia de engolir fastios
de olhar tudo na dimensão de nada
palavras
sempre as mesmas
de nunca se repetirem
como traduções do mesmo ser
cruzando-se no infinito dos seres todos
palavras
na imagem que se revela
lenta
no claro escuro de aguardar manhãs
de sol e cor
no quente escuro dos olhos fechados
dos sentidos dormentes
despertando lentos