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segunda-feira, 20 de abril de 2015

More HansSophie.


Convicções de matar por elas
convicções de morrer por elas

aonde começa, aonde acaba o direito
o haver e o deixar de haver
razão
ou razão de haver sempre
faltas como fome.

Necessidades como fastio.

Humanidade como um grande bolo
feito de migalhas minúsculas
e todas são extremos esfarelados
e todas são ninharias que o tempo leva
nem sempre depressa, mas leva sempre.

Impor opiniões, tentar no engano de valer a pena
enganar o que vale e o que não vale
o insulto da diferença, da indiferença
o assumir das igualdades, nas desigualdades que separam.

Parar na oração de estar vivo, somar valores que o tempo sangrou
e fazer contas de respirar e orar
de valer a pena como areia fina, escorrendo das mãos abertas
para que tão pouco fique
do que parecia valer tudo.

Liberdade de nascer para poder morrer
fraternidade de Caim e Abel e o infinito de variações
igualdade da multidão que se move como rio
violento por vezes

esmagado pelas margens que esmaga
e logo contido pela barragem
pelo tempo
como mar que afoga indiferente.

Em Portugal tenho a liberdade que a lei me permite
a liberdade de ter opinião e de a guardar
e as palavras engasgadas de as ter todas
como nenhuma.

Contradições conflitos malditos
maldições de as rezar como ateu que tem vida
e só sente o cerco que lhe fazem

à vida

nos cantos, nos deuses inventados
na vida, essência divina, infinitamente perdida
nas vidas sem palavras uma a uma perdidas
uma por uma divinas
e perdidas.

Utopia de ser entendido
no abrigo de uma folha branca

infinitos se fazem os brancos de não se entenderem
de não serem brancos, brancos ou brancos
de não serem .

Liberdade de expressar o ridículo da vida
ou de estar vivo
e por isso morrer.
More e HansSophie
e Charlie
e tantos infinitos divinos com eles
crentes e descrentes, amantes da vida
que por amor perderam cedo.





Estou a ler de Martin Gilbert,"A Segunda Guerra Mundial" de 1989 , que por intermédio do "Expresso" me chegou às mãos. Tem uma forma diferente de repetir tragédias, fala em dezenas, centenas e milhares. Nomeia pessoas de um lado e do outro, dá nomes à morte, não se limita aos montões de milhões, sempre anónimos, sempre estatísticos. De cada gloria se fazem os passos do horror, de cada vitória se enterram vencidos e vencedores, derrotados todos.