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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

FELIZ NATAL

 Mais um Natal

mais um nó nesta corda

que nos prende

aos nossos.


Vai ser o terceiro Natal do meu terrorista

quinze quilos de beleza e encanto

trinta meses de nos amarrar sorridente

ao castigo maravilhoso de o amar.


Vai ser o primeiro Natal sem o Luís

desde mil novecentos e oitenta e sete

dele guardo os momentos todos, de não haver mais

do meu neto guardo os momentos todos, de querer muitos mais.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O dia todo, todos os dias

 Mais um ano que passou


voando ou


pintando os segundos, na cor de cada um,

na tela branca e neutra que acolhe indiferente

o tempo de cada um, os momentos diferentes

perdidos

indiferentes.


O gosto e o desgosto, alegria e tristeza, morte e vida.


O meu Luís morreu e eu desconheço a cor da morte

não consigo pintar de negro, as recordações que ainda vivem,

nem de roxo, tantas são as cores do amor, da união que fortalece na tristeza,

nos que ficam, nos que permanecem...


Das recordações que ficam, guardadas, preciosas

fica sempre o sabor das que não houve, amargas, perdidas.


O tempo é um silêncio que o coração arranha

batendo descontrolado

é uma tela branca que se deixa pintar, sempre branca

para quem a pinta.


Sons encerrados que ao tempo, ou no tempo se soltam

Bach dos momentos todos, Brahms de os sentir a todos, Beethoven das sensações todas

dando infinito aos segundos, eternidade ao efémero e noções perdidas em cada encontro.


Encontros como viagens de ir, de acabar

fitas desenroladas com a cor de cada encontro, arco-íris de estar vivo

de unir arcos, arco a arco nesta ponte de estar vivo.


A melodia do meu filho acabou, não há partituras que a devolvam

há este continuar no que fica, no que se ganha permanecendo

e assim ganhei

uma filha como um sonho, um neto que ilumina os momentos

com a presença palradora, alegre ou birrento, mas sempre lindo.


O jogo continua enquanto os jogadores mudam, um a um

no jogo de cada um

das pontes que acabam se fazem as que continuam

neste jogo de ler o mesmo texto, o dia todo, todos os dias

............................................................................................



segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Viver e sentir..........................................

 Repetem-se as ideias

neste arrastar do tempo, que as permite sentir

neste viver para poder morrer

repetindo as cores de cada momento

no quadro sempre diferente de ter vivido.


Linhas finas unem-se à minha fina linha

engrossando o meu tempo e amarrando o meu ser

nenhuma se quebra, nenhuma se perde

enquanto dura o tempo de as conservar minhas

de as guardar minhas.


De quantas pessoas se faz a pessoa que eu sou?

Entrelaçado entre vivos e mortos, a todos eu sinto vivos

no que deram e no que me dão, sempre vivos, coloridos em cada momento. 

Para sempre tenho dois filhos, guardados e preciosos

e se um se fez saudades, o outro me ampara todos os dias.


Com o irmão vivo me trouxe uma filha maravilhosa

com o irmão vivo me deram um neto, que ainda o sentiu e conheceu

e depois suavemente, sem pressa nos deixou...

Permanecer é colecionar segundos, equilibrar da balança os pratos e aguentar...

Dos abraços, do amor dos que ficam se fazem as saudades, o amor dos que se vão.


Perdido para neles me encontrar, perdido para os sentir e encontrar

unindo a dor de todos, numa só, uma só que todos sentiam e atenuavam.

Minha filha linda, meu filho e meu neto, mães e avó do meu Luís

a linha fina que eu guardo, às vossas se une, numa corda grossa

que me mantém e no amor que por vós tenho me guardo.



















'

domingo, 24 de julho de 2022

Ao meu lado

Há 35 anos e alguns meses fiquei rico

repleto de amor e entrega ao meu querido Luís.

A doença boa, maravilhosa de o ter a meu lado

é agora esta dor de o ter ao meu lado

perdido

para sempre...meu, ao meu lado

neste ler e reler os momentos todos

de os querer sentir a todos de novo

e pensar e sentir, viver nesta obrigação de continuar

com ele a meu lado

o tempo todo de sentir, de viver, de pensar

o tempo todo de o sentir presente a meu lado.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O Adeus que permanece vivo.

 Quieto e dependente

e ensinando todos os dias

em cada afago que lhe fazia

o amor em cada sorriso.


Senti o filho prodigo quando regressou

para morrer, mas foi ficando

sentir não é entender, perdido e encontrado

vivido dia a dia, todos os dias.


Treze anos de o querer bem

de agradecer cada dia que connosco passou

de ver o mundo passando ao lado

do sonho que connosco permanecia.


Despediu-se, sereno, exausto e sempre nosso

o sentir recordado do antes, dos vinte e dois anos maravilhosos

uniram-se à bênção, destes treze anos lindo e dependente

para sentir um só Luís de trinta e cinco anos.


Hoje andei quilómetros com ele ao meu lado

encerrei-o no coração e adoro andar com ele

e não sei se é só dor, ou alegria também

este andar de não o prender, mas sentir-me preso a ele.





segunda-feira, 11 de julho de 2022

A praia em cada grão de areia, o oceano..............................................

 Treze anos de vitorias

contando os dias todos, o infinito de cada um

e

temendo sempre a inevitável derrota 

mantendo sempre a cor, o som e o sabor de cada momento

mantendo vivo o que agora parece perdido

encontrando em cada sensação, o silêncio de as ter tido

e

com elas poder viver

para sempre nossas, no infinito de cada dia.

domingo, 10 de julho de 2022

As cores e o silêncio de recordar.

 A vida é um livro que não se pode reler

um copo que esvazia, depressa ou lentamente

que começa sempre cheio e acaba vazio.

Compartimentar tudo numa colecção de momentos

acumular datas como portas fechadas

tentar a ordem que viver desarruma, dando cor aos segundos todos

mais o som e o silêncio do som, dos ganhos e das perdas.


Depois há sempre um antes que se preserva, que se recorda

um sonho que não regressa mas que se guarda precioso.

sábado, 9 de julho de 2022

O Luís morreu

 Ontem no aturdimento

do inevitável

tudo se fez transparente

tudo se uniu num desgosto enorme

o meu Luís antes, tinha vinte e dois anos

o meu Luís depois, fez treze anos a três de Julho

ontem e agora que o perdi

é só o meu filho de trinta e cinco anos

que eu perdi

num desgosto enorme

de para sempre ser meu