Argila por moldar
folha branca por rascunhar
traços de passos que se alongam
e ficam sempre por apanhar
as estórias contam-se no tempo
como pinceladas moldadas, num passeio branco
pintado em cada passo
em cada nó que o tempo prende
e também corta
cores diluídas no tempo transparente
miudezas tombando como folhas de um outono constante
escrevendo tempo nas folhas que se acumulam
brancas de se desfazerem como segundos
tempo como areia no sapato
que irrita mas não se tira
e de tanto andar com ela
de tanto se irritar
com ela
nunca se tira
para sempre com ela
sempre
até ser parte dela
ou do sapato gasto de andar
no tempo, ao tempo e com tempo
nas passadas de quem as fez
pintadas por momentos.