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domingo, 30 de março de 2014

Negro Luminoso

No Domingo 23 foi colocado à venda na FNAC do Marshoping este meu livro que a EDITA-ME publicou.
Neste blog aparecem muitos dos textos nele contidos em 4" Circulos que se estreitam, Vastidão que se encerra" ou no que dá o titulo ao livro 5" Negro Luminoso".
A primeira mensagem neste blog explica um pouco das motivações, que me giram e me enrolam.
Um pequeno filme produzido pela RTP, pode ser visto em "30 minutos jardineiro poeta"
Boa leitura.

Todos iguais.

A verdade de hoje é a mentira de amanhã.

Nada se consegue isento
tudo se resume a um apanhado de tendências
neste agarrar de miudezas
de não haver uma que seja igual
no escorrer, no sentir rios sentidos
escorrendo diferentes em cada gota.

A mentira de hoje é a verdade de amanhã.

Todos diferentes de serem somente iguais
de maneira diferente
neste amontoar que forma mundos
de gente.

Entro no Metro em hora de ponta
inundo os olhos de gente sem forma.
Depois 
ressaltam
em cada olhar
e ganham forma, picos e tiques
e cor
no rolar do tempo, sincopado
barulhento.

Verdadeiro
o tempo ou as páginas de mentiras acumuladas
verdades folha a folha
nos que sentem
nos que mentem
a verdade do tempo
o tempo como verdade.

Hoje, pequenas miserias, pescam vazios
ontem, pequenas miserias, encheram vazios.
Longe e alheado tudo parece igual
perto e atento tudo parece diferente.

Quem escolhe as distâncias
as linhas de ser verdade, de ser mentira?
o esbater do concreto em cada vida.

De quantas mentiras se faz uma verdade
de quantas verdades se consegue a mentira no fim.





quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia do Pai.

Trabalhei o dia todo
com o mais novo
e agora afago o mais velho
que chora uma dor
que os afagos acalmam.
Morreu, sobreviveu e agora vive
ao jeito dele, dependente
e eu sou o pai
de o ter todos os dias
como presente.

terça-feira, 18 de março de 2014

O tempo voa.

O tempo voa
e as asas que parece ter
desfazem-se sem ser.

O tempo voa
nasce em cada estrela
e permanece na morte de cada uma.

O tempo voa
neste levantar ainda
neste morrer entardecido.

O tempo voa
nas asas que o soltam
nas que o levam sempre novo.

O tempo voa
no Inverno que se fez tão longo
no Sol que agora o esquece.

O tempo voa
nesta Primavera que ainda não veio
neste crescer que recomeça.

O tempo voa
em cada flor linda que o tempo corta
em cada visão plena que o tempo apaga.

O tempo voa
e do mau que acontece
se faz o aguentar e o bom que sucede.

O tempo voa
em cada aceitar, em cada afago lento
de permanecer ainda.


segunda-feira, 10 de março de 2014

Quedas de dias.



Dias de deixar quedas
pedras
e ouvir logo o som cavo
das quedas
batidas em baixo
logo
pouco depois
ou muito depois
embatidas quedas
pedras.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Passeio



Arrastar os momentos
na rede de os viver
e reter o possivel de cada degrau
marcado na subida
escorregado na descida.

Pouco, sempre pouco, é o que fica de cada passo
já esquecido
perdido no ganho de o ter tido.

Desistir de sentir
é o nunca
deste passeio de pedras soltas

do estreitar, do alargar
dos passos, do caminho
das quedas recreadas
das venturas em cada passo
se faz constante um caminho de visões
constantes
recriadas neste espaço de ser
nos limites estreitos de os ter.




domingo, 2 de março de 2014

Pesadelos que se repetem.

Russia e Ucrania
terras de morte e destruição
terras de viver e construir
terras de repetir ciclicamente
o erro e a dor
odor de morte
Holodomor.

Pesadelos que se repetem
para que ninguém os esqueça
firmes, lineares e mortais
aparecem e permanecem
o tempo deles
os stalin e os putin
e tantos outros
no mundo deles pequeno e ávido.

Fogueira aqui, fogueira ali
se vai queimando o Mundo de todos
tirano aqui, tirano ali
se vai morrendo, se vai vivendo no Mundo
de todos.