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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Passosdados

Agora que o Fado se vende bem e não é só Amalia, lá por fora ouve-se, cá dentro sente-se excessivo, neste vergar de costas, nestes factos consumados, todos os dias, de os querer limpos e não poder, tanta é a porcaria que se faz em nome de um Povo.
Ouço a mesma canção em tantas versões e todas parecem bonitas, todas parecem verdadeiras mas todas são canções, ilusões de cair e de novo erguer, para de novo poder cair.
A vida é tão curta quando é tentada direita e de cada queda se sente o esplendor, dela, da queda e da vida, no frémito de um erguer ainda.
O bem de todos , bem distribuído, é só, o de alguns.
Passos que são dados, remendos de um passado tão recente, consciente no esbanjar, consciente no agora aguentar. O discurso TSU é uma canção de ouvir e cair, Portas a bater e de novo erguer, ao som de uma nova canção, previsão e queda.
De que raça serão estes animais politicos, estes e os outros, passados e presentes e descartados de culpa sempre.
No fim é sempre a mesma lengalenga, quem parte e reparte e não escolhe para si a melhor parte ou é burro ou não tem arte.



Socrates governava, asneirava e como hoje não havia consenso, o bem comum de uma justiça sem varas e sem tino, o desgoverno da madrinha e do padrinho.


12 Aparências, banais, coincidências

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No Japão em turnos de cinquenta
Homens entregam as suas vidas a uma luta
para o bem de todos
que nunca será o deles
tão certa é a morte que os aguarda
e contudo aceitam na coragem de a conhecerem.

Aqui, por orgulho, não se cede uma virgula
ao que não cede uma letra ou um numero
porque o bem comum é só
o de alguns compadrios e favores por pagar
e desde os saudosistas de Estaline
que sonham com a democracia da Coreia do Norte
aos que defendem as ditaduras do Mundo Islâmico
um lago sem fundo de intenções afogadas
boas e más se afundam na vergonha
de não haver mais vergonha.

Unir esforços e a eles entregar o valor
dos valores todos, o sacrifício do que mais importa
numa dádiva sem retorno.

Unir os conflitos e arredar os interesses particulares
esquecer as devoções pelo ocidente, pelo oriente
e congregar esforços no que somos
pelo que somos
num sacrifício de todos, pelo bem de todos.

O remédio é só um mas todos retardam dos dedos
a garganta e a solução inevitável
de quem gastou e agora tem que pagar
de quem comeu e agora tem que vomitar
inevitavelmente.

Não entendo esta falta de entendimento
esta recusa de um consenso
quando há vidas que se entregam
e aqui
tudo parece ser um jogo de interesses
de dinheiro e prestigio
enquanto se berra
um patriotismo
pelo qual
nada
se quer sacrificar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

coisas mortas, ainda vivas

Recolher impressões de coisas mortas e das vivas e do que passa e do que acontece e sentir repleto de vazio, este encher de respirar. Olhar sabendo único, sempre, maleita a maleita, este discurso maravilhoso e vazio de conteúdo, este vazio vivamente vazio, como se a vida, toda, fosse um repleto discurso, de dizer tudo não dizendo nada, de ser tudo não sendo nada.
Supremo rebuscar de noções, sempre certas entre o inspirar e o expirar, entre o fingir permanente, de um viver curto e esta ilusão dos momentos, longos e curtos, de haver uma escala, uma régua graduada dos instantes, todos, na cabeça que os conta sempre certos, de o serem,
de não serem nunca, na cabeça que está sempre certa,
de nunca o ser nunca, nem estar no degrau que sobe certo,
de ser o mesmo que desce certo.
De coisas vivas, de coisas mortas se faz ainda, o que me faz, coisas eternas, de um prolongamento, de as fazer ainda, eternas.
O que une a nudez de sentir?
Traçam os cabos que se remendam e de novo são traçados, riscos longos, quebrados e remendados na brancura de estar tudo, de ser tudo sempre, sempre na brancura das possibilidades todas, vivas e mortas num resumo curto que se multiplica infinito.
Rotundas de sensações, de andar nelas, enroladas no mesmo passo, de sair ou continuar.
Crise.
A Itália dos governos derrubados, do Berlusconi marado, encontrou Mario Monti e nós?
Sebastião morto, impérios que nunca houve, neste viver um dia de cada vez, deixando âncoras marcas, fios que quebram e retomam, o dia da noite, o recordar momentos riscados no vazio branco, de os ter tido e assim os tentar de novo.
Círculos e crise...............


15 Medidas

5
Moody’s
e o Mundo roda ou rola
ao sabor do que flutua
e se afunda enrolado
na maré do que apetece
e por muitas vezes que falhe
acerta sempre na ruína de muitos
e no lucro de alguns
sempre numa base de números
vivos ou mortos
tudo é uma questão de números.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Miudezas

Tenho a cabeça cheia das coisas mais simples, das insignificâncias, das necessidades como camadas, que se acumulam, pintadas de folhas e valores, quentes de respirar ainda, num equilíbrio, de um balanço constante, de estar vivo, como nadar até cansar, como viver até morrer.
Saudar a vida, estilhaçando copos, de costas voltadas, sem zanga, em cada estilhaçar imperfeito, de brilhos idos, que se acumulam, brilhos desunidos de serem de um caminho, as marcas e o caminho.
Miudezas como sorrisos e a falta deles, no silêncio, dos sons prolongados, só na cabeça.
Variações e fuga, das palavras e do som de cada letra, desmanchar como gado, o peso de cada palavra, de cada som. Absorver da praia inteira, o som, de cada grão, de areia.
Repetir, repetir a miudeza de cada som que pertence, abstrair sentidos e noções, de cada peso, de cada som que se repete e se faz leve, perdido das conotações que por ele, nele, se afundam entranhadas no tempo, ou com tempo obsessivo.
Pedaços desmanchados que não voltam a ser o todo e pesam só, tudo, miudeza a miudeza. Sons como badalos de um fim de tarde ou de fim tarde.
Tirar de cada palavra o peso que acumulou, poeiras e besteiras e tempo e gente, que acontece, que desaparece.
Pensamentos como luzes que se apagam, de se terem acendido, nos motivos todos, apagados.

Ahmadinejad e o HOLOCAUSTO que não houve, as barbies proibidas e o peso das lapides, lapidadas, executadas na leveza de haver nuvens roubadas, no Pais dos sonhos todos, dos contos ditados e ditadores.
Aqui a crise, permite esquecer a Síria e os eleitos, democraticamente, roubaram ou desviaram, arranjaram ou desmancharam, com a sabedoria de haver sempre, por pagar, uma conta de muitas contas, que irão ser pagas, por quem não comeu, nem cheirou.

O peso das palavras.


14 Dependências




7
De cada miudeza esmiuçar
o que a fez
o que dela se uniu
transpondo tempo e vontades
dando-lhe a grandeza
de permanecer.

De cada dedo sentir a mão toda
de cada olhar as visões guardadas
para que as trevas se possam romper
na altura certa das certezas pequeninas
que juntas permitem o respirar
de valer a pena.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Renovar

Pensamentos redondos de um tempo que já não lhes pertence, quebram e desgastam arestas. 
Dos fragmentos dispersos se fazem novos, que crescem, enrolados na água, dispersos ao vento, que os desgasta, arredondando novos pensamentos velhos, praias de areia nova, grutas de vazio escorrido, círculos quebrados e retomados, normais no antes, no depois, normais na distância que esbate as diferenças mais salientes, durante.
O que diz isto e a seguir aquilo, de sentido, de noções, que valham a noção simples de estar vivo? Aonde começam e acabam as sensações, as mais simples, de respirar, de digerir, de ter um coração que bate engolindo tudo?
O que digo, o que penso e o que faço afogam-se num só segundo, de o sentir, vivo.
Visitei a minha mãe e olhei dela, o que sou, o que somos, de momentos fechados, nesta teimosia de continuar. Persiste na religião, na salvação que por ela aguarda e se eu fosse uma folha quadriculada, o fundo seria o esbatido de uma cor, só dela, misturando e desaparecendo em cada cor que lhe sucedeu, encerrada, ou espalhada nas quadrículas, de presenças, de ausências, de permanentes, de agora, momentos encerrados que se renovam, acabando.
Duas senhoras a visitaram e eu corri como água, que correndo se limpa, da ferrugem dos canos, do estagnar das pausas de" um café", do pensar como  sensação de estar vivo, na insónia e ao longo do dia, no perfeito e infinito, imperfeito e finito.
De quantas fés se faz a minha? Quantos textos lavrei, perfeitos, de os ter destruido, quantas conversas de nunca terem fim se fizeram bases e tijolos, deste edificio, inacabado?
As certezas todas derretem ao Sol. As verdades todas, o tempo as come. A fé de vida, de estar, é um passeio curto, único, passageiro.
De 1997 a minha noção de verdade.


3 Sem pausas nem arrependimentos.

                                    10
Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei.

Não há montanhas que me ergam
ao nível do infinito
ao nível do universo
não há porto do qual eu possa olhar
o que só pressinto e apalpo.

Engano-me
porque de tudo só vejo pedaços esparsos
nos pedacinhos de tudo que em todos vivem
do corpo que em tudo existe só vejo a ilusão
dos pedaços desligados e sem forma
um a um enfaixados na verdade de todos
na mentira de todos condensados
e sempre vivos na verdade de tudo.

Não existe mentira na verdade deste sonho
tudo existe e se faz verdade na mentira toda
que em tudo existe e se faz a verdade toda.

Não tenho do Graal a busca que não posso
não tenho de Deus a verdade que não posso
mas sinto que em mim bate o que não consigo
que em mim existe a verdade que não posso
enquanto aguardo a escada que não existe
e a porta está fechada e nem a chuva me molha
no degrau que eu posso e a nada me leva.

Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei

Tenho das ideias a certeza de serem nada
sem os idiotas que as façam funcionar.
tenho do que penso o tempo que me acompanha
e é quando penso que o sinto mais meu.
ideias são o que não falta ao vento
arrastadas no tempo que as leva
de resto me amanho no que vivo e não sinto meu
e quando penso me iludo
me arrasto e me desgasto e nem penso.

Vejo a verdade como sinto da América
o Atlântico que nunca atravessei