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domingo, 29 de junho de 2014

Diferenças pequenas.

Pequenas diferenças
dividem cabeças
cortam espaços
permitem momentos e são as gotas
que transbordam
que encheram os sentidos e depois
deslizam suaves como tempo
sem ponteiros mas sempre certo
em cada montículo de sobras
que nunca sobram.




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Brisa que empurra.

Brisa que empurra para os cantos
o desgaste, o atrito de um tempo emprestado

areia fina como juros preciosos
prende lixo e papeis que se fazem iguais
em cada sorriso congelado, em cada olhar perdido
em cada real de ter sido.

Brisa que empurra e logo larga
nos cantos tantos de cada olhar perdido
o que varre, o que empurra, o que logo larga.

Paradas de as varrer e nunca param

nos cantos se acumula o que se desfaz
de areias, de momentos que não ficaram quietos
e nos cantos se guardam de um tempo manso
que tudo desfaz sem pressa
mas certo
como marretadas prolongadas num eco
que o vento do tempo pelos cantos recolhe.

Brisa que empurra para os cantos
dentro.

domingo, 1 de junho de 2014

"Negro Luminoso"

Apresentado quatro vezes e de cada uma ficou a sensação, de um novo livro, com a mesma capa o mesmo conteúdo, mas diferente nos rostos que se repetiram, nos que surgiram e deram brilho ao que já não é meu. O entender que se reproduz, como ondas suaves, sensações que se afogam, sensações que se erguem ao encontro de um entendimento, de unir pontos como pontes, reflexos de sentir e pensar, de ver dentro, o que se vislumbra fora e se encaixa dentro.
Perguntas ao silêncio, respostas quietas, de haver sempre vida, que por elas pergunta e logo por elas responde, gaguejando sensação por sensação, o tremer de sentir, o espasmo de viver...

Linhas

Linhas longas
prolongadas no feitio que as desfaz,
longas de serem sempre tão curtas,
no fim de cada uma.

Linhas paralelas
que deixam de o ser,
prolongadas no cair mal,
no assentar bem.

Feitio que se multiplica
em cada linha de rasgar papel
de deslizar suave e fino
e logo grosso e pesado
num suor de linhas pensadas
longas e enroladas
curtas enrodilhadas.

Espaço e linhas que se unem confusas
de serem tão iguais
para que nenhuma o seja.