Neste tapete desenrolado
sem pressa e sempre com tempo
depositam-se memorias perdidas como tempo ido
desenrolado
depositado
sem pressa mas luminoso nas cores da poeira iluminada
poente de tempo, nascente do momento
que se enrola indiferente, ao nascer e ao morrer
de cada momento enrolado
A nostalgia do presente
que se arrasta somente
a nostalgia do passado
que se sente
retardado
a filosofia de estar esfomeado
a filosofia de estar saciado
o orgasmo de estar vivo
de o ter
de o não ter
no frenesim dos segundos que passam
cavalgando sensações
nos momentos, nas emoções
As Palavras já foram ditas
todas
escritas
as emoções já foram sentidas
todas
contudo é sempre novo o tempo
que tudo desenrola
de novo
de palavras vazias se faz o sentir imenso
e da Poesia de nunca dizer nada,
se faz o encontro de dizer tudo
para quem a encontra
de nunca a procurar
no vazio imenso das Palavras que se enchem
brisa da filosofia, abandonada num veleiro que ninguém comanda
na deriva das variantes subjetivas, que navegam contudo
pela nostalgia de um mar fundo
do mesmo tema é feito o infinito, as variações que não findam
da mesma melodia se constroem os sons e os silêncios, que no infinito se gastam
enquanto o grande penedo se desgasta, numa areia fina de encher ampulhetas
para que de novo se partam e se façam novas no tempo
que teima a brancura, que o sentir teimoso lhe rouba
dando cor ao que não tem cor
roubando do que passa e não tem cor
a ilusão de um espelho sem luz, espelhando da luz a falta dela
acordar encerrado ao tempo e ao espaço
e ficar livre, noutro espaço, noutro tempo
encerrado noutro sonho
o infinito encerrado em cada segundo
de serem tantas e tantas, as sensações diferentes
em cada gota deste oceano de tempo
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